Campeões com o jovem Juca
Depois de três anos sem ganhar nada, a Direcção de Gaudêncio Costa implementou uma nova política no Futebol leonino, que passava essencialmente emagrecimento de um plantel considerado muito caro para os resultados obtidos.
Assim a equipa perdeu dois dos seus melhores jogadores, o peruano Juan Seminário que foi para Espanha e o brasileiro Fernando que seguiu para Itália, isto para além da dispensa dos brasileiros Aníbal, Faustino Pinto e Vadinho.
Foram prometidos reforços ao treinador Otto Glória que chegou mesmo a ir ao Brasil para escolher jogadores, mas no fim só conseguiu trazer Pacotti, depois de se ter falado em nomes como Azumir, Alencar e Amarildo, entre outros.
Para a baliza foi assegurado o regresso de Carlos Gomes mas o polémico guarda redes chegou com peso a mais e voltou a envolver-se em problemas disciplinares, pelo que acabou por ser suspenso, à semelhança do que aconteceu com Carlos Valente, que tal como Pérides tinha regressado da Covilhã, depois de um ano de empréstimo.
Perante tantas incertezas a época começou com uma digressão mal sucedida a Itália, mas seguiram-se as vitórias sobre o Benfica na Taça Angola e na Taça de Honra, uma competição de âmbito regional que a AFL estava a tentar relançar, depois de nos anos 50 esta prova ter deixado de se realizar.
Em virtude da vitória do Benfica na Taça do Campeões Europeus da época de 1960/61, Portugal teve direito a dois representantes na edição seguinte da prova, e assim o Sporting participou pela terceira vez nesta competição, voltando a calhar-lhe em sorte o Partizan de Belgrado, repetindo-se o desfecho de 1955, resultante de um empate em Lisboa e de uma derrota, agora por 2-0, na Jugoslávia.
Seguiu-se um empate em casa com o Lusitano de Évora na 1ª jornada do campeonato. Otto Glória que já tinha afirmado que sem ovos não se faziam omeletas, demitiu-se insatisfeito com algumas criticas publicadas no Jornal do Sporting, pelo que Juca foi promovido à condição de treinador principal em vésperas da sempre complicada deslocação às Antas, onde o Sporting ganhou por 2-0 ao FC Porto, o que reforçou a confiança da Direcção no seu jovem treinador.
Nas duas temporadas anteriores Juca tinha sido o treinador adjunto ao mesmo tempo que comandava os Juniores, pelo que conhecia como ninguém o quadro de jogadores do Sporting e, assim optou por construir imediatamente um onze base onde nunca mexeu muito.
Carvalho assumiu definitivamente a titularidade da baliza leonina. A defesa manteve-se, enquanto no meio campo Pérides rendeu David Júlio que se tinha lesionado gravemente no final da época anterior. O maior problema estava no ataque que tinha perdido vários jogadores importantes sem que tivessem chegado reforços à altura. Assim o treinador leonino começou por apostar numa linha da frente constituída por Figueiredo, Pacotti, Diego Arizaga, Géo e João Morais, mas como o primeiro não se adaptou à posição de extremo, Juca devolveu a titularidade a Hugo e voltou a colocar Figueiredo no centro do ataque em detrimento do brasileiro Pacotti, que apesar de alguns golos marcados nunca convenceu.
Os resultados foram imediatos, com a equipa a assumir o comando do campeonato desde muito cedo, com base num grupo coeso e muito unido, que soube aproveitar o facto do Benfica estar completamente empenhado na sua campanha europeia, enquanto Bela Guttmam afirmava não ter rabo para se sentar em duas cadeiras.
Assim o Campeonato foi discutido taco a taco com o FC Porto de Orth que viria a falecer durante a época. O Sporting chegou a ter 4 pontos de vantagem, mas no início da 2ª volta perdeu em Alvalade com o seu rival e as duas equipas ficaram separadas apenas por 1 ponto. Na 21ª jornada o FC Porto empatou na Luz, mas o Sporting perdeu em Matosinhos. Duas semanas depois os portistas empataram novamente em Lisboa, desta vez no Restelo, mas os Leões voltaram a não aproveitar escorregando em Olhão, pelo que as duas equipas chegaram empatadas à última jornada, onde o Sporting recebia o Benfica que tinha acabado de se tornar bi-Campeão Europeu.
A vitória dos Leões por 3-1, somada à derrota do Porto em Guimarães, deu ao Sporting o seu 11º Campeonato Nacional desde que em 1938/39 tinha sido adoptado o novo formato, com Juca aos 33 anos a provar que afinal sempre haviam ovos em Alvalade, tornando-se no mais jovem treinador de sempre a sagrar-se Campeão Nacional.
Na Taça de Portugal o Sporting já tinha eliminado o Cova da Piedade e o Oriental, quando poucos dias depois da conquista do Campeonato, se desenvencilhou do Lusitano de Évora, ganhando por 3-0 o jogo de desempate dos oitavos de final, atingindo assim os quartos de final, onde mais uma vez houve necessidade de um terceiro jogo, que se disputou no Restelo, terminando com a vitória do Belenenses, por 2-1, que assim inviabilizava a desejada "dobradinha".
Nesta competição houve tempo para lançar alguns jovens, entre os quais Pedro Gomes que viria a fazer uma longa carreira ao serviço do Clube.
Apesar do plantel ter sofrido um significativo emagrecimento, as Reservas ganharam o Campeonato Regional pela quarta vez consecutiva.
Nesta época a Selecção Nacional disputou dois jogos referentes ao apuramento para o Campeonato do Mundo de 1962 e três particulares. Hilário e Lúcio fizeram 4 jogos, Mário Lino e Fernando Mendes 3 e Pérides 2, enquanto António Morato somou a sua única internacionalização frente ao Luxemburgo.
To-mane 17h01min de 24 de Agosto de 2008 (UTC)
Figuras
Secção de Futebol
Plantel
- Legenda
- Competição: CN=Campeonato Nacional, TP=Taça de Portugal, TH=Taça de Honra, TCE=Taça dos Campeões Europeus
Jogos
Campeonato Nacional
(*) Jogo interrompido devido ao mau tempo. O jogo da 11º jornada aconteceu inicialmente a 24/12/1961, mas foi repetido.
Classificação
Class.
|
Clube
|
Jogos
|
Vitórias
|
Empates
|
Derrotas
|
Golos
|
Pontos
|
1º |
SPORTING |
26 |
19 |
5 |
2 |
66 - 17 |
43
|
2º |
FC Porto |
26 |
18 |
5 |
3 |
57 - 16 |
41
|
3º |
SL Benfica |
26 |
14 |
8 |
4 |
69 - 38 |
36
|
4º |
CUF |
26 |
14 |
5 |
7 |
44 - 34 |
33
|
5º |
Belenenses |
26 |
12 |
7 |
7 |
51 - 35 |
31
|
6º |
Atlético CP |
26 |
11 |
4 |
11 |
41 - 42 |
26
|
7º |
Leixões |
26 |
10 |
3 |
13 |
47 - 55 |
23
|
8º |
Olhanense |
26 |
8 |
6 |
12 |
33 - 41 |
22
|
9º |
V. Guimarães |
26 |
9 |
4 |
13 |
44 - 47 |
22
|
10º |
Académica |
26 |
9 |
4 |
13 |
44 - 54 |
22
|
11º |
Beira-Mar |
26 |
8 |
5 |
13 |
43 - 61 |
21
|
12º |
Lusitano de Évora |
26 |
9 |
2 |
15 |
31 - 42 |
20
|
13º |
SC Covilhã |
26 |
6 |
5 |
15 |
30 - 48 |
17
|
14º |
Salgueiros |
26 |
2 |
3 |
21 |
17 - 87 |
7
|
Pontuação: 2 pontos por vitória, 1 por empate, 0 por derrota
Taça de Portugal
Taça dos Campeões Europeus
Data
|
Jornada
|
Jogo
|
Resultado
|
Ficha de jogo
|
13-09-1961 |
1ª Eliminatória |
SPORTING – Partizan Belgrado (Jugoslávia) |
1 – 1 |
Ficha
|
20-09-1961 |
1ª Eliminatória |
Partizan Belgrado (Jugoslávia) – SPORTING |
2 – 0 |
Ficha
|
Taça de Honra
Data
|
Jornada
|
Jogo
|
Resultado
|
Ficha de jogo
|
31-08-1961 |
1/2 Final |
Belenenses – SPORTING |
0 – 1 |
Ficha
|
10-09-1961 |
Final |
SPORTING – Benfica |
3 – 0 |
Ficha
|
Outros Jogos
Ver também
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