Skip to main content
Gerência anterior:
A Comissão de Gestão 1979/80
Gerência seguinte:
A Gerência 1982-1984

Depois de um longo impasse, João Rocha resolveu finalmente recandidatar-se à Presidência do Sporting Clube de Portugal, e no 31 de Julho de 1980 foi eleita uma nova a Direcção, que tomou posse em 11 de Agosto, com a seguinte constituição:

Cargo Nome Observações
Presidente João António dos Anjos Rocha
Vice Presidente para as Relações Externas António Ahrns Esteves
Vice Presidente para as Actividades Administrativas Mário José da Silva Garcia
Vice Presidente para Gestão Financeira Artur de Sousa Marques
Vice Presidente para as Relações com Associados e Expansão Sportinguista José Herculano Rovisco Dias
Vice Presidente para as Relações com Entidades Desportivas João António da Luz Robin Borges
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais José Maria Martins Canhoto
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras Fiel de Oliveira Farinha
Vice Presidente para o Jornal João José Pinho Xara Brasil
Vice Presidente para Secretariado Geral José Eugénio Dias Ferreira
Vice Presidente para Expansão Propaganda e Relações Públicas José Rovisco Dias
Director das Instalações Desportivas e Sociais Carlos Franco Ribeiro
Director adjunto para as Instalações Desportivas e Sociais José dos Santos
Director do Departamento de Relações Públicas Daniel Madeira de Castro
Director de Publicidade José António Fidalgo
Director de Expansão e Propaganda Carlos Esteves da Fonseca
Director adjunto para Vice Presidente para Secretariado Geral Vítor da Cruz Resende
Director adjunto para o Futebol Profissional Fernando Delgado
Director adjunto para o Futebol Juvenil Manuel da Luz Aranha
Director adjunto para o Futebol Juvenil Manuel Duarte Petronilho
Director adjunto para o Futebol Juvenil Vítor Oliveira Lourenço
Director Tesoureiro José Carlos Estorninho
Director Contabilista Eugénio Silva Ribeiro
Director de Actividades Amadoras Amílcar Cantarinha
Director de Actividades Amadoras Rui Gonçalo Taborda Pignatelli
Director de Actividades Amadoras Vítor Salgado
Director de Actividades Amadoras José Garcia Alvarez
Director de Actividades Amadoras Manuel Luís Correia Gonzaga da Silva
Director de Actividades Amadoras Pedro Santos
Director de Actividades Amadoras Nuno Moniz Pereira
Director de Actividades Amadoras Pedro Dias Moura
A tomada de posse de João Rocha
O arranque das obras
A primeira Loja Verde
O ministro Ferreira de Amaral visita o Sporting
As comemorações das Bodas de Diamante
António Oliveira assina pelo Sporting
Fernando Mamede a caminho do Recorde da Europa
O III Congresso
O Dia do Estádio
A assinatura da empreitada do fecho do estádio
O arranque da demolição do peão
Ramalho Eanes condecora o Sporting

O programa delineado por João Rocha para esta Gerência era muito ambicioso e pressupunha que as entidades oficiais honrassem alguns compromissos assumidos, no sentido da viabilização da Sociedade de Construções e Planeamento e da Cidade Desportiva do Sporting, que visava dar sustentabilidade a um projeto desportivo, que embora assentando numa equipa de futebol forte, não esquecia as modalidades de alta competição cada vez mais profissionalizadas.

Para além disso propunha-se uma revisão dos Estatutos que previa uma nova estrutura e funções para o Conselho Leonino, a reorganização administrativa do Clube com a profissionalização dos responsáveis por alguns departamentos, o aperfeiçoamento do gabinete jurídico, o estudo de métodos mais eficazes na cobrança das quotas que deveriam ser atualizadas, uma campanha de angariação de 3000 novos sócios e a criação da categoria sócio-empresa, com vista à venda de 2000 lugares de bancada central por 10 contos/ano. Estava também previsto o arranque de algumas das obras projetadas no âmbito da Sociedade de Construções e Planeamento e do fecho do estádio, a construção de dois campos de treino relvados e de um pavilhão polivalente para as modalidades amadoras.

Em Agosto de 1980 arrancaram as obras de terraplanagem nos terrenos do Sporting onde se planeava construir o novo pavilhão e as piscinas.

Em Novembro de 1980 tomaram posse os órgãos sociais da Sociedade de Construções e Planeamento, presididos por Adelino Palma Carlos, João Rocha e António Maria Godinho.

No dia 29 de Novembro de 1980, foi inaugurada a primeira Loja Verde no Estádio José Alvalade.

No dia 9 de Janeiro de 1981 realizou-se uma Assembleia Geral com o objetivo de esclarecer os associados sobre a construção da Cidade Desportiva e deliberar em relação ao aumento de quotas. Nessa altura, em que a época do Futebol já estava perdida, João Rocha afirmou que os sócios teriam de decidir se preferiam um Sporting que investisse na criação de estruturas que garantissem a sustentação da sua atividade desportiva, ou abdicar do seu património apostando de forma cega na lotaria dos campeonatos, sem a garantia de os poder ganhar.

O Presidente do Sporting continuava a acenar com a construção de uma obra grandiosa que envolvia dois pavilhões gimnodesportivos, um pavilhão polivalente, dois campos relvados, uma piscina e o fecho das bancadas, em cujos baixios se projetava o nascimento de 6 pavilhões, 20 ginásios e 24 salas de squach, que constituiriam a Cidade Desportiva do Clube ao redor da qual a Sociedade de Construções e Planeamento iria construir apartamentos, escritórios, e as estações rodoviária e de metropolitano.

No entanto o mau momento que a equipa de futebol atravessava nessa época, obrigou João Rocha a antecipar alguns investimentos nesse sector fundamental para a vida do Clube. Na altura falou-se na vinda de José Maria Pedroto para o Sporting e na contratação de jogadores de grande qualidade como António Oliveira, Fernando Gomes e até o internacional argentino Osvaldo Ardiles, mas apenas o primeiro chegou a Alvalade no início da temporada seguinte, juntamente com o guarda redes húngaro Ferenc Meszaros. Para o lugar de treinador a escolha recaiu no inglês Malcolm Allison, uma aposta bem sucedida, pois quando esta Gerência terminou em 26 de Fevereiro de 1982, o Sporting já liderava um Campeonato que viria a ganhar.

Em Março de 1981 o ministro Ferreira de Amaral visitou as instalações do Sporting onde João Rocha lhe explicou o projeto imobiliário do Clube, numa altura em que o Presidente leonino se orgulhava da obra realizada nos 8 anos do seu mandato, que significara uma importante valorização do património do Clube, que ele avaliava em cerca de 200 mil contos resultantes dos investimentos feitos no Pavilhão de Alvalade e nos dois pavilhões de apoio, no ginásio de 3000m2, nas torres elétricas do Estádio, na pista de tartan, na drenagem e irrigação do relvado, na construção de mais 5000 lugares sentados nas bancadas do Estádio, na sala de aquecimento para o futebol, na compra de 12000m2 de terrenos para construção, no desaterro de 20000m2 de terra, na maior sala de ténis de mesa do País, no bastu, entre outros melhoramentos na secretaria e na eletrificação e canalizações das instalações do Clube .

Neste período o Sporting Clube de Portugal comemorou as suas Bodas de Diamante, sendo que para tal foi emitido um medalhão comemorativo e foi criada uma comissão centralizadora formada por António Sobral Júnior, Abílio Serra Martins, Pedro Fragoso Matos, Mário da Cunha Rosa, Amílcar Sérgio Peres, Alberto Henriques Lourenço, Francisco Lencastre Freitas e António Franco Vinha, que ficou responsável pelos festejos que se prolongaram durante todo o ano de 1981, arrancando com a tradicional festa do "reveillon" que se realizou no Pavilhão de Alvalade, mas que teve um extenso e rico programa que incluiu a romagem à sepultura de Francisco Stromp, vários saraus de Ginástica, com destaque para a "Sportinguíada" que contou com mais de mil ginastas em representação de 41 centros gímnicos, uma sessão cinematográfica com a reposição do popular filme "O Leão da Estrela", que esgotou o cinema Monumental, a Jornada de Leiria que esteve na origem da "Noite Verde da Batalha" um convívio leonino organizado por Bernardes Dinis, que reuniu no centro do País cerca de 600 Sportinguistas, o "Dia do Emigrante", uma homenagem aos emigrantes sportinguistas, a I Corrida de Toiros do Sporting, um Rally, vários espetáculos desportivos promovidos pelas diversas secções do Clube, diversas homenagens, com destaque para a dedicada a José Alvalade, o lançamento do livro "Jorge Vieira e o futebol do seu tempo", o Circuito dos Alpes, cruzeiros, concursos e passatempos.

O ponto alto das comemorações foi o "Dia do Estádio" um festival que decorreu no Estádio José Alvalade na noite de 1 de Julho de 1981, que teve a presença de João Vaz Serra e Moura, Ministro da Qualidade de Vida, Duarte Nuno de Castro, Secretário de Estado dos Desportos e José Lopes Marques, Diretor Geral dos Desportos, uma cerimonia que abriu com a entrada de um jipe que transportava Jorge Vieira o sócio mais antigo do Sporting enquanto porta estandarte da bandeira do Clube, escoltado por Luís Borges de Castro, Presidente dos Cinquentenários, Amado de Freitas, Presidente do Grupo Stromp, José Manuel Martins e Eduardo Oliveira Martins, seguidos pelo grupo dos atletas olímpicos do Sporting. Seguiu-se uma alocução do Coronel Garcia Alvarez e o desfile dos atletas de todas as modalidades do Clube. Nessa ocasião Fernando Mamede e Artur Correia foram condecorados pelo Governo português com a Medalha de Mérito Desportivo, tendo o Presidente da Assembleia Geral Emídio Pinheiro, em substituição de João Rocha ausente no estrangeiro, exaltado os feitos das equipas e dos atletas leoninos e prometido a conclusão das obras projetadas, nomeadamente no que diz respeito ao fecho do estádio e à construção da Cidade Desportiva do Sporting. Seguiu-se a atuação de atletas de algumas modalidades, tendo o espetáculo encerrado com fogo de artificio.

No dia 25 de Setembro uma gala que assinalou a inauguração da nova sala de festas do Sporting, onde marcaram presença membros do Governo e o Presidente da Republica Ramalho Eanes, que agraciou o Sporting Clube de Portugal com o colar de Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique, na mesma altura em que Jorge Vieira foi agraciado com o grau de Cavaleiro da Ordem do Infante, num dia que começou com algumas inaugurações e com o simbólico arranque da demolição de peão do Estádio José Alvalade.

Foi também no âmbito destas comemorações que se realizou em Lisboa o III Congresso Leonino, numa altura em João Rocha afirmava que o Sporting era a maior força do desporto nacional, com cerca de 10 mil atletas e mais de 100 treinadores e professores, para além de um palmarés invejável que era constantemente enriquecido, contando com títulos europeus e medalhas olímpicas.

De facto esta Gerência voltou a ser desportivamente muito rica, numa fase em que Fernando Mamede já rivalizava com Carlos Lopes em termos de popularidade no Atletismo, num ano em que bateu o Recorde da Europa dos 10000m e foi 3º classificado no Mundial de Corta Mato. Para além disso, o Sporting conquistou mais duas Taças dos Campeões Europeus de Corta-Mato e a Taça das Taças em Hóquei em Patins, sem esquecer o tetracampeonato e uma Taça de Portugal no Andebol, os Campeonato Nacionais de Basquetebol e de Atletismo nos dois géneros, entre outros títulos nas modalidades amadoras, numa altura em que para além da Ginástica, a Natação também estava em franca expansão, com milhares de praticantes que beneficiavam da utilização por parte do Clube das piscinas da Escola Náutica de Paço de Arcos, do Técnico, do Areeiro e do Campo Grande.

Cumprida foi a promessa da revisão dos Estatutos, que implicava que para além dos candidatos à Presidência dos Órgãos Sociais do Clube, indigitados pelo Conselho Leonino, todos os outros membros propostos para integrarem esses Órgãos, fossem sujeitos individualmente à aprovação dos sócios, que passaram a ter 3 votos a mais, por cada 10 anos de filiação, sendo que as referidas atribuições do Conselho Leonino, que passou a ter 50 membros eleitos para além dos inerentes, continuavam a não ser impeditivas de que sócios efetivos e agora maiores de 18 anos, no gozo dos seus direitos e dispondo de um mínimo de 1000 votos, organizassem listas diferentes para submeter à Assembleia-Geral. Para além disso estes estatutos determinavam que os exercícios económicos anuais passavam a ser de 1 de Julho a 30 de Junho e reconheciam os Núcleos.

Em Setembro de 1981 foi adjudicada a obra do fecho do peão, orçada em 182500 contos, que previa a construção de uma nova bancada central com capacidade para 20 mil espetadores, em cujos baixios se projetava o nascimento de 6 pavilhões, 20 ginásios e uma carreira de tiro, para além de áreas funcionais para os serviços administrativos, ficando assim o Sporting com capacidade para promover atividades desportivas a 25 mil praticantes. A obra viria a arrancar em Fevereiro de 1982, ou seja mesmo no fim desta Gerência, mas o restante projeto imobiliário do Sporting continuava enredado nas malhas da burocracia e das politiquices.

Nesta altura João Rocha endureceu o seu discurso em relação ao Totobola, que vivia do futebol mas apesar disso a Santa Casa da Misericórdia esquecia os clubes na hora da repartição dos lucros, isto enquanto decorriam negociações com a RTP para que alguns jogos de futebol passassem a ser transmitidos pela televisão.

A 28 de Janeiro de 1982 o Conselho Leonino decidiu propor à Assembleia Geral ordinária marcada para o dia 26 do mês seguinte, a recondução de Emídio Pinheiro, João Rocha e Nunes dos Santos na presidência dos órgãos sociais do Clube, solicitando aos indigitados a indicação dos respetivos elencos a sujeitar ao sufrágio eleitoral, de acordo com os novos Estatutos, bem como incumbiu uma comissão delegada, composta por Mário José Garcia, Agostinho Abade, Valadão Chagas, Jorge Vieira e Mário da Cunha Rosa, de elaborar a lista dos 50 membros a submeter a votação para o Conselho Leonino do próximo biénio.

No final deste mandato o Sporting Clube de Portugal tinha cerca de 52 mil sócios pagantes.

To-mane 14h43min de 8 de Novembro de 2011 (WET)