A fundação e os primeiros anos
O Sporting foi fruto de um sonho de José Alfredo Holtreman Roquette que foi pedir dinheiro ao seu avô, o Visconde de Alvalade, para fundar um clube que queria que fosse tão grande como os maiores da Europa.
Pode-se dizer que o Sporting Clube de Portugal nasceu em berço de ouro e teve logo as melhores instalações desportivas do país, construídas em terrenos cedidos pelo Visconde, que foi o primeiro Presidente do clube, embora na verdade quem comandasse os destinos do mesmo fosse o seu neto José Alvalade, mesmo que este só tenha sido Presidente durante pouco mais de dois anos, mas era ele quem resolvia quase tudo, muitas vezes com o seu próprio dinheiro.
Assim os primeiros anos de vida do Sporting decorreram sob a influência dos Alvalade num clube marcadamente elitista, em oposição à popularidade do Benfica, herdada do Sport Lisboa.
Visconde de Alvalade
Alfredo Augusto das Neves Holtreman era um homem de espírito muito jovial, o que fomentava nos netos, que gostava de ver reunidos na sua mansão em intensa atividade com outros jovens.
Foi graças a ele que o seu neto José conseguiu fundar o Sporting Clube de Portugal, tendo então adiantado 200 mil reis, disponibilizando ainda terrenos da sua quinta para a construção das instalações desportivas e sociais do clube, que ficaram conhecidas como o Sítio das Mouras.
Foi imediatamente declarado sócio protetor e foi eleito o 1º Presidente do Clube, funções que cessaria a 4 de Janeiro de 1910, passando então a presidir à Mesa da Assembleia Geral.
Em 1907 redigiu os primeiros Estatutos do Sporting, sendo declarado Sócio Benemérito do clube em 1910 e Sócio de Honra, em 1912.
Faleceu em 1920, numa altura em que já se tinha desligado do Clube, desanimado pela morte prematura do seu neto.
José Alvalade
José Alvalade foi o fundador do Sporting e o ideólogo da cultura sportinguista, assente em valores da moral e ética desportiva, e na pureza das suas atitudes aristocráticas e conservadoras. Daí que no Artº. 1 dos primeiros Estatutos do Sporting, o Clube seja definido como "uma associação composta d'individuos d'ambos os sexos de boa sociedade e conducta irreprehensivel".
Foi o 3º Presidente do Clube, cargo que desempenhou durante pouco mais de dois anos, no entanto foi ele quem comandou os destinos do Sporting desde a sua fundação, até 1914, altura em que entrou em divergência com alguns sócios, o que motivou o seu afastamento.
José Alvalade faleceu a 19 de Outubro de 1918, com apenas 33 anos de idade, numa altura em que tinha regressado às lides diretivas do Sporting, como vogal da Direção.
A independência em relação aos Alvalade
O facto de José Alvalade ter mandado retirar materiais das instalações do Sporting no Sítio das Mouras, para utilizá-los na construção do Stadium de Lisboa, deu origem a muita contestação da parte de alguns sócios do clube. Esse movimento foi liderado por Daniel Queirós dos Santos, que convenceu Mário Pistacchini a financiar a construção de novas instalações desportivas para o Sporting, que continuaram a ser as melhores do país, ficando situadas no Campo Grande, em terrenos arrendados à família Pinto da Cunha, onde a 1 de Abril de 1917 se inaugurou o campo que ficou popularmente conhecido como a “Estância de Madeira” e que foi a casa do Sporting durante mais de 20 anos.
O Clube libertava-se assim da dependência dos Alvalade, que tinha marcado os primeiros anos da sua existência e começava a crescer pelos seus próprios meios.
Queirós dos Santos
Queirós dos Santos foi Presidente do Sporting durante cerca de três anos e meio, entre 1914 e 1918, período em que foram elaborados os terceiros estatutos do Clube e em que o Sporting se sagrou pela primeira vez Campeão de Lisboa em Futebol.
Foi Queirós dos Santos quem liderou o movimento que levou à emancipação do Sporting em relação à influência dos Alvalade, convencendo Mário Pistacchini a financiar a construção de novas instalações desportivas para o clube, que ficaram situadas no Campo Grande, onde passou a funcionar também a sede social.
Mário Pistacchini
Foi Mário Pistacchini quem financiou a construção das instalações desportivas do Sporting situadas no Campo Grande, que ficaram conhecidas como a Estância de Madeira, adiantando uma elevada quantia que só lhe seria restituída quando o clube assim o entendesse, o que viria a acontecer alguns anos mais tarde, sendo então considerado Sócio de Mérito e Benemérito.
Em 1918 sucedeu a Queirós dos Santos na Presidência do Sporting, liderando duas Comissões Administrativas, tendo posteriormente sido eleito Presidente do clube, completando mais dois mandatos até 1921.
Nas suas gerências foram aprovados os quartos Estatutos do Sporting e o Clube sagrou-se pela 2ª vez na sua história Campeão de Lisboa em Futebol.
Faleceu em 1947 quando era o sócio nº 19 do Sporting Clube de Portugal.
A expansão e a crise do crescimento
- A sua demissão criou um vazio diretivo até 12-03-1929.
O aparecimento de dois dirigentes carismáticos como foram Júlio de Araújo e Salazar Carreira, foi fundamental para a expansão e crescimento do Sporting, na terceira década do século XX.
O primeiro foi um visionário defendendo um forte investimento na melhoria das instalações desportivas e percebendo a necessidade que o Sporting tinha de se expandir por todo o país, de forma a crescer também em Lisboa, onde nunca gozara da simpatia da maior parte do público, por ser apontado como o clube dos ricos.
O segundo, apesar de mais comedido e conservador, foi determinante para o crescimento do clube em termos desportivos, sendo o grande mentor da cultura eclética que se tornou numa imagem de marca do Sporting, dinamizando a prática do Atletismo e da Ginástica e introduzindo no clube o Voleibol, o Andebol e o Râguebi, sendo que foi nesta modalidade e por sua iniciativa, que se adotaram as camisolas listadas que ele tinha visto em França, e que mais tarde se tornaram no equipamento oficial do Clube.
Numa fase de alguns conflitos internos resultantes dos inevitáveis problemas financeiros inerentes ao grande crescimento do Clube, homens como Sanches Navarro, Eduardo Costa, Álvaro José de Sousa e Carlos Correia, foram fundamentais para manter o equilíbrio que permitiu ao Sporting sobreviver à crise que então atravessou.
Júlio de Araújo
Apesar de só ter chegado à Presidência do Sporting em 1922, a verdade é que desde 1920 que o dinamismo de Júlio de Araújo se fazia sentir de uma forma determinante na vida do Clube, tendo começado por elaborar o “Programa de Trabalhos”, onde se reformaram as leis e os hábitos vigentes.
Aproveitando uma ideia de José Serrano e Mendes Leal, Júlio de Araújo criou o Boletim do Sporting, que tanto contribuiu para o desenvolvimento e engrandecimento do Clube, e cujo primeiro nº foi lançado em 31 de Março de 1922.
Foi Presidente do Sporting em dois períodos diferentes: o primeiro entre 14 de Julho de 1922 e 21 de Julho de 1923, e o segundo entre 29 de Julho de 1924 e 19 de Fevereiro de 1925.
Durante as suas gestões, o Clube passou de cerca de 300 sócios para mais de 3000, ao mesmo tempo que as Filiais se iam espalhando pelo País.
No Futebol, sob a sua presidência o Sporting sagrou-se Campeão de Portugal pela primeira vez, e ganhou dois Campeonatos de Lisboa, mas para além disso, criou o Posto Náutico e o Clube tornou-se muito forte na Natação e no Polo Aquático, tal como já acontecia no Atletismo e no Râguebi.
Antecipou a necessidade do clube dispor de novas instalações, prevendo a degradação da "Estância de Madeira", o que se viria a confirmar e a criar graves problemas ao Sporting. Assim criou o Agrupamento Leonino onde foi desenhado um anteprojeto para a construção de futuras instalações, que no entanto não se viria a concretizar.
Faleceu em 1977 quando era o sócio nº 19 do Sporting Clube de Portugal.
Salazar Carreira
Enquanto dirigente do Sporting, Salazar Carreira fez parte do Conselho Técnico a que presidiu, do Conselho Fiscal e do Agrupamento Leonino, desempenhando também várias funções na Direção, até chegar a Presidente em 19 de Fevereiro de 1925, cargo que desempenhou durante cerca de um ano.
Em 1925 a sua gerência apresentou um relatório contas com um saldo positivo de quase 115 contos, algo que nunca tinha acontecido no Clube.
Durante a sua presidência o Sporting sagrou-se Campeão de Lisboa em Futebol pela 5ª vez, e consolidou a sua posição de dominador no Atletismo, modalidade que Salazar Carreira ainda praticava na época, tornando-se assim no “Presidente Atleta”.
Nesta altura a questão da construção de novas instalações desportivas para o Clube, estava na ordem do dia, e nessa matéria Salazar Carreira opunha-se à visão empreendedora de Júlio de Araújo, defendendo o aproveitamento ao máximo daquilo que existia e a angariação de fundos antes do arranque efetivo de qualquer obra, tendo para o efeito criado o “Fundo de Reserva”.
Faleceu a 7 de Dezembro de 1974, com 80 anos de idade.
A afirmação enquanto grande clube nacional
Em Julho de 1932 Joaquim Oliveira Duarte iniciou um mandato que durou 10 anos, durante os quais o Sporting consolidou definitivamente a sua posição de grande Clube nacional, abrindo o caminho para o período mais rico da sua história.
Ao concluir o seu consulado a 2 de Setembro de 1942, passando o testemunho a Amado de Aguilar, Oliveira Duarte deixou um legado desportivo muito positivo e um património que a sua Direção avaliava em cerca de 1166 contos, que cobriam largamente um passivo de 475 contos, quase todos referentes à compra de um prédio para instalar a sede.
Nos anos que se seguiram o Sporting sentiu a falta do seu líder, mas as bases estavam solidamente lançadas e rapidamente o Clube voltou a crescer.
Oliveira Duarte
Joaquim Oliveira Duarte chegou à Presidência do Sporting a 5 de Setembro de 1928, mas o seu primeiro mandato duraria apenas 5 meses.
Quatro anos depois voltaria à Presidência, desta vez para um longo e brilhante consulado. Durante esses 10 anos Oliveira Duarte promoveu o ecletismo, desenvolvendo fortemente diversas modalidades, com destaque para o Ciclismo, a Ginástica e o Andebol, mas também obteve resultados significativos no Hóquei em Patins e no Ténis de Mesa.
No Futebol foi ambicioso e visionário, recolocando o Sporting no caminho do sucesso. O seu grande golpe foi a jogada de antecipação ao FC Porto, com a qual garantiu os serviços de Joseph Szabo, um treinador que marcou uma era no futebol do Clube, construindo uma grande equipa.
Ao todo durante os 10 anos da sua Presidência, o Futebol do Sporting conquistou oito Campeonatos de Lisboa, entre os quais um inédito hexa, três Campeonatos de Portugal, marcando sempre presença na final desta competição, um Campeonato Nacional e uma Taça de Portugal, os primeiros da história do Clube, na brilhante temporada de 1940/41, que foi o ponto alto do seu magnífico consulado.
Realizou o I Congresso Leonino com a participação de todas as Filiais e Delegações. Arrendou o Stadium de Lisboa no Lumiar e o Palácio da Foz, onde instalou a sede do Sporting, dispondo aí de um espaço privilegiado para a realização de eventos sociais, com a dignidade própria de um Clube de tradições marcadamente elitistas, de tal forma que as festas de carnaval e de passagem de ano que a partir daí lá se realizaram, ficaram para a história da cidade de Lisboa.
Mais tarde adquiriu um prédio na Rua Rosa Araújo, que posteriormente foi vendido com elevados lucros para o Sporting.
Foi com Oliveira Duarte que se deram os primeiros passos para o sonho de um estádio novo, com a aquisição do terreno Talone e a elaboração da primeira maqueta do projeto. Como reconhecimento desse seu esforço, foi o porta estandarte do Sporting no memorável desfile da inauguração do Estádio José Alvalade.
Em 1930 recebeu a Medalha de Mérito e Dedicação, depois foi distinguido como sócio benemérito, e a título póstumo como sócio honorário.
Faleceu a 13 de Maio de 1958, com 67 anos de idade.
Os anos de ouro
No início do ano de 1946 chegaram ao Sporting três dirigentes que catapultariam o clube para aqueles que ficariam para a história como os anos de ouro, durante os quais o Sporting deixou de ser simplesmente um dos maiores clubes do país, para passar a ser o maior de todos.
Ribeiro Ferreira e Góis Mota na Direção e Palma Carlos na presidência da Mesa da Assembleia Geral comandaram o Sporting com inegável categoria num período onde para além dos muitos êxitos desportivos conseguidos, foram resolvidas as principais questões que atormentavam os sportinguistas, com a instalação da Sede na Rua do Passadiço e a construção do novo Estádio José Alvalade.
Ribeiro Ferreira
Ribeiro Ferreira chegou à Presidência do Sporting depois de ser eleito a 19 de Janeiro de 1946, tomando posse no dia 8 de Fevereiro, para liderar o Clube naquele que foi o período áureo do Futebol leonino, pois sob a sua presidência o Sporting conquistou dois Campeonatos de Lisboa, duas Taças de Portugal e dois Tricampeonatos Nacionais, embora o último já tenha sido fechado na Presidência de Góis Mota.
Uma das suas primeiras medidas foi a contratação de Cândido de Oliveira para o lugar de Coordenador Técnico do Futebol, uma decisão que se viria a revelar fundamental na construção de uma grande equipa, que assentava na célebre linha avançada que ficou conhecida como os Cinco Violinos.
Mais tarde Ribeiro Ferreira contratou o técnico inglês Randolph Galloway, outra aposta de sucesso que valeria mais um tricampeonato ao futebol leonino.
Nas gerências de Ribeiro Ferreira o Sporting promoveu importantes obras no Estádio do Lumiar, adquiriram-se os terrenos denominados Lumiar A, e o edifício da Rua do Passadiço, onde foi instalada a Sede com todas as condições necessárias a um grande Clube, incluindo uma sala de troféus, um salão para a ginástica e um ringue para as modalidades, que assim sofreram um forte impulso nesta altura e, foram aprovados os sétimos Estatutos do clube, onde entre outras medidas foi criado o Conselho Geral.
Faleceu a 13 de Fevereiro de 1953, quando se preparava para abandonar a presidência do Clube, ficando para a história como o Presidente que mais títulos ganhou no futebol.
Góis Mota
Góis Mota foi vice-presidente nas Direções de Ribeiro Ferreira, funções que desempenhou durante sete anos, até 23 Janeiro de 1953, altura em foi eleito Presidente do Sporting Clube de Portugal, tomando posse no mês seguinte, para dar continuidade àquele que foi o período de ouro do Futebol leonino.
Liderou o clube durante quatro anos, até 31 de Janeiro de 1957, e foi durante o seu mandato que o Sporting conquistou os dois campeonatos que fecharam o até aí inédito Tetracampeonato de Futebol, aos quais somou uma Taça de Portugal, havendo ainda a registar a estreia do Sporting na Taça dos Campeões Europeus.
Foi também durante este período que o Sporting foi pela primeira vez Campeão Nacional de Basquetebol e de Voleibol.
Mas a sua grande obra foi sem dúvida o Estádio José Alvalade, construído e inaugurado no seu consulado, e ao qual ficará eternamente ligado como o grande dinamizador da concretização deste sonho de todos os Sportinguistas, realizado em plenos festejos das Bodas de Ouro do clube, celebradas com um vasto conjunto de atividades e de uma forma nunca antes vista em Portugal.
Na sua gerência deu particular atenção às Filiais e Delegações espalhadas pelo Continente, Ilhas e Ultramar, tendo o Sporting realizado digressões a África e ao Brasil, onde Góis Mota enquanto Presidente do Clube, foi condecorado pelo Presidente da Republica daquele país, com a Ordem do Cruzeiro do Sul.
Foi declarado Sócio de Mérito do Sporting Clube de Portugal e integrou também o Conselho Geral, órgão que presidiu entre 1963 e 1965, e do qual foi considerado membro vitalício.
Faleceu em 25 de Janeiro de 1973.
A estagnação e a regeneração
Depois do período áureo vivido nas décadas de 40 e 50 do século XX, o Sporting atravessou uma fase de estagnação, sofrendo na orfandade dos grandes líderes que o tinham guindado até ao topo, passando então por uma serie de presidências que foram quase comissões de serviço, numa altura em que razões de ordem desportiva, financeira e política, empurraram o Clube para um estado de alguma letargia.
O início da década de 60 do século XX foi determinante para essa situação com o insucesso do ambicioso projecto de Brás Medeiros que passava pela construção de uma grande equipa de futebol recheada de jogadores de nível internacional, mas o falhanço no campeonato de 1959/60 e o caso Eusébio, foram decisivos para o futuro do Clube.
Mesmo assim foi neste período que o Sporting viveu um dos momentos mais altos da sua história, com a conquista da Taça da Taça em 1964.
Foi então que em 1965 Brás de Medeiros regressou como o Presidente da regeneração, e graças a uma disciplina orçamental férrea com prevalência dos pelouros administrativos sobre os desportivos e a muito trabalho, conseguiu estancar as feridas e manter o Clube desportivamente competitivo, numa fase de grande fulgor da parte do Benfica.
Brás de Medeiros
Brás de Medeiros foi Presidente do Sporting Clube de Portugal em dois períodos diferentes. O primeiro entre 7 de Janeiro de 1959 e 10 de Maio de 1961, numa altura em que o Clube já atravessava grandes dificuldades financeiras resultantes da construção do Estádio José Alvalade.
Nesse primeiro mandato Brás Medeiros apostou num ambicioso projecto que passava pela construção de uma grande equipa de futebol recheada de jogadores de nível internacional, mas o falhanço no campeonato de 1959/60 e o caso Eusébio deitaram tudo por terra e foram decisivos para o futuro do Clube.
Regressaria à liderança do Sporting a 28 de Julho de 1965. Nessa altura a crise financeira agravara-se e Brás Medeiros condicionou a aceitação do cargo de Presidente, à necessidade de obter uma quotização extra mensal, entre outras condições que viu aprovadas na totalidade em Assembleia Geral efetuada para o efeito.
Inicialmente liderou uma Comissão Administrativa com um mandato de 3 anos, mas depois seria eleito Presidente da Direção, cargo que ocupou até 4 de Abril de 1973, conseguindo de alguma forma inverter o rumo do Clube.
A nível desportivo, nos seus consulados o Sporting festejou e viveu os seus períodos áureos no Andebol, com a célebre equipa dos Sete Magníficos e no Ciclismo, com o aparecimento de Joaquim Agostinho.
No Futebol o Sporting fez alguns investimentos como a contratação de Yazalde e assim ganhou dois Campeonatos Nacionais e duas Taças de Portugal, embora a última só se tenha consumado depois concluída a última Gerência de Brás de Medeiros.
Durante os seus mandatos Brás Medeiros criou as Escolas de Futebol, realizou o II Congresso Leonino, reformou os Estatutos do clube aprovando a sua 9ª versão, e conseguiu aumentar o património imobiliário, principalmente com o negócio de cedência à Câmara do edifício da Rua do Passadiço, com excelentes contrapartidas para o Clube, solucionando assim o problema dos terrenos destinados à construção da Cidade Desportiva do Sporting e à construção da Sede e dos acessos ao Estádio.
Faleceu no dia 30 de Agosto de 1994, com 82 anos de idade.
Depois do 25 de Abril de 1974
João Rocha chegou à Presidência do Sporting a 7 de Setembro de 1973, com o sonho de erguer uma grande obra que representasse uma viragem histórica na vida dos clubes portugueses, uma ideia assente na Sociedade de Construções e Planeamento, o primeiro projeto de clube-empresa em Portugal.
Em Março de 1974, o Governo autorizou a Sociedade e a emissão de 2,5 milhões de ações de valor nominal de 100 escudos cada. Porém a revolução de 25 de Abril deitaria por terra este projeto, mas não derrubou o entusiasmo do Presidente do Sporting.
Num tempo social e politicamente muito agitado no nosso País, o ecletismo do Sporting atingiu o seu ponto mais alto, com grandes feitos internacionais nas modalidades, especialmente no Hóquei em Patins, com a conquista da Taça dos Campeões Europeus, de duas Taças das Taças e de uma Taça CERS e no Atletismo, com as 14 vitórias na Taça dos Campeões Europeus de Corta-Mato.
Foi também nesta altura que Carlos Lopes e Armando Marques se tornaram nos primeiros atletas olímpicos do Sporting medalhados, com particular destaque para o primeiro, que à Medalha de Prata nos 10 mil metros dos Jogos Olímpicos de 1976 em Montreal, juntou a primeira Medalha de Ouro Olímpica da história do nosso País, ao vencer em 1984 a Maratona em Los Angeles, estabelecendo um novo Recorde Olímpico, isto para além de ter sido três vezes Campeão do Mundo de Corta-Mato.
Neste período o Sporting cresceu muito em termos patrimoniais e em número de sócios e de praticantes desportivos, mas mais uma vez ressentiu-se quando em 1986 João Rocha resolveu abandonar a presidência do Clube, numa altura de grande fulgor da parte do FC Porto.
João Rocha
João Rocha protagonizou o mandato mais longo de todas as Presidências do Sporting, liderando o clube durante 13 anos, sempre com uma enorme dedicação à causa sportinguista.
Conseguiu que o Sporting passasse com relativa tranquilidade pelo conturbado período que se seguiu à revolução de 25 de Abril de 1974, apesar de alguns obstáculos colocados pelos órgãos governativos, que puseram em causa a execução da obra que ele tinha planeado para o Sporting.
João Rocha foi sempre um Presidente presente e muito próximo dos atletas, dedicando-se especialmente ao Futebol, onde ganhou três Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal e uma Supertaça, mas nunca esqueceu as outras modalidades, que muito dinamizou, contribuindo para um dos períodos mais ricos do Clube em termos de conquistas, que a nível nacional atingiram os impressionantes números totais de mais de 1200 títulos.
Basquetebol, Andebol, Ciclismo e principalmente o Hóquei em Patins, viveram grandes momentos, num período em que o Sporting chegou a movimentar cerca de 15000 atletas em 22 modalidades, com particular destaque para a Ginástica, que atingiu os 3500 praticantes.
Para a história ficaram também as muitas obras feitas, com destaque para o fecho das bancadas do Estádio José Alvalade, a construção da pista de tartan e dos pavilhões, o aproveitamento das naves, as novas torres de iluminação do estádio, as salas do bingo e a sala de convívio Joaquim Agostinho.
Em 1984 fez aprovar os décimos Estatutos do Sporting Clube de Portugal, onde entre outras alterações foram criados os Núcleos.
De resto João Rocha deu particular importância aos sócios, triplicando o seu número, pois quando chegou ao Sporting o clube tinha cerca de 40 mil associados, e em 1985 ultrapassou os 130 mil.
Faleceu a 8 de Março de 2013, com 82 anos de idade.
O Projeto Roquete
Depois de um período de cariz mais popular com as Presidências de Jorge Gonçalves e Sousa Cintra, o chamado Projeto Roquete significou o regresso do Sporting às suas origens elitistas, visando a criação de uma estrutura empresarial, que deveria ser constituída por uma SAD para gerir o Futebol com rigor e profissionalismo, uma sociedade de serviços que atuaria nas áreas do mercado, para potenciar todos os negócios paralelos à vertente desportiva e várias sociedades imobiliárias para gerirem e rentabilizarem o património do Sporting, com o objetivo de construir a já há muito ansiada "Cidade Desportiva", uma ideia que entretanto evoluiu para a construção de um centro de treinos sediado em Alcochete e do Complexo Alvalade XXI, que se deveria pagar a si próprio, mas que perante a derrapagem nos custos, acabou por ser uma das principais causas do crescimento assustador do passivo do clube, que se modernizou na mesma medida em que se endividou.
Durante estes quase 18 anos o Sporting conseguiu quebrar um longo jejum de títulos no Futebol, com a conquista de 2 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal e 5 Supertaças, mas passou a ser um Clube cada vez menos eclético, ficou patrimonialmente mais pobre e distanciou-se dos seus sócios e adeptos, perdendo assim uma parte da sua base popular de apoio.
José Roquete
José Roquete teve a sua primeira experiência como dirigente do Sporting quando foi vice-presidente nas primeiras gerências de João Rocha.
20 anos mais tarde foi o mentor do chamado “Projeto Roquete” que visava a modernização do Clube, através da profissionalização da sua gestão e da rentabilização do seu património, um ciclo que se iniciou em 1995 com José Roquete como Presidente do Conselho Fiscal, ele que viria a assumir a Presidência do clube a 11 de Abril de 1996 por cooptação, na sequência da saída de Santana Lopes.
Durante o seu mandato, criou a Sociedade Anónima Desportiva de Futebol (SAD), admitida na Bolsa em 1998, iniciando assim uma nova era no futebol português, da qual o Sporting foi a locomotiva e José Roquete o condutor.
Iniciou também o processo de idealização e construção de um estádio da nova geração, ao nível dos melhores do mundo, em torno do qual seria criado o Complexo Alvalade XXI.
A 14 de Maio de 2000 viveu o ponto mais alto do seu consulado, quando o Sporting se sagrou Campeão Nacional de Futebol ao ganhar por 4-0 no campo do Salgueiros, quebrando assim um longo jejum de 18 anos sem ganhar o Campeonato.
Poucos meses depois demitiu-se, e assim assistiu assim já desligado do Sporting às inaugurações daqueles que eram os dois grandes ícones do seu “Projeto”: a Academia Sporting em Alcochete, inaugurada a 21 de Junho de 2002, e o novo Estádio José Alvalade integrado no Complexo Alvalade XXI, inaugurado a 6 de Agosto de 2003.
O Furacão Bruno
No dia 27 de Março de 2013, Bruno de Carvalho foi eleito Presidente do Sporting, propondo-se dar um novo rumo ao Clube, sob os lemas “fazer mais com menos” e “devolver o clube aos sócios”.
Esta mudança de rumo foi marcada por um corte radical com o passado recente do Clube, que começou com uma reestruturação financeira bem-sucedida e que graças a uma liderança forte e muito ambiciosa devolveu o orgulho leonino aos sportinguistas, tornando o Clube mais competitivo, não só no Futebol mas também nas restantes modalidades onde o Sporting voltou a conquistar títulos Europeus, no Andebol, no Hóquei em Patins e no Atletismo.
Este período ficou também marcado pela construção do Pavilhão João Rocha, pelo nascimento da Sporting TV e pelo enorme crescimento do numero de sócios, que ultrapassaram os 170 mil, o que gerou um significativo aumento de receitas, resultante também de um contrato de direitos televisivos e publicidade com a NOS, fixado em valores recorde, dos proveitos de bilheteira em função do estádio ter passado a ter uma taxa de ocupação geralmente acima dos 40 mil espetadores e da venda de vários futebolistas por valores até aí nunca atingidos.
O consulado de Bruno de Carvalho foi interrompido por uma grave crise que levou à sua destituição em Assembleia Geral realizada no dia 23 de Junho de 2018.
Bruno de Carvalho
Homem de fortes convicções, polémico, corajoso e determinado, Bruno de Carvalho não hesitou em afrontar os interesses instalados dentro e fora do Clube, pelo que ficou conhecido como "o Presidente sem medo".
Começou logo por bater o pé à banca nas negociações que resultaram reestruturação financeira das dividas do Clube e da SAD, e concretizou a promessa de fazer uma auditoria de gestão ao período que ficou conhecido como Projecto Roquete.
Destacou-se pela sua proximidade com os sócios, o que lhe valeu o epíteto de "presidente adepto", trazendo com sucesso para a ordem dia, temas como a introdução do vídeo-árbitro, ou a extinção dos fundos no futebol e dedicando-se de tal forma à causa sportinguista que chegou mesmo a ser criticado por se expor em excesso ao abrir demasiadas frentes de combate, salientando-se a forma destemida como lutou pela moralização do futebol português, denunciando uma serie de maus procedimentos instituídos e dando um exemplo de transparência pela forma como a SAD passou a divulgar as suas contas.
O seu estilo politicamente incorreto desagradou à ala mais conservadora do Clube, sendo alvo de criticas geralmente vindas de pessoas ligadas ao período que antecedeu a sua chegada ao Sporting, às quais reagiu desafiando essa oposição a aparecer e acusando-a de ingratidão, ao mesmo tempo que apelava à militância dos sportinguistas de forma a constituírem um verdadeiro exército atrás dele.
Foi assim que em 2018 na sequência de uma Assembleia Geral onde pediu o apoio esmagador dos sócios numa espécie de referendo à sua gestão, obteve um resultado favorável de 89,55%, reforçando a sua posição de grande líder de um novo Sporting Clube de Portugal.
No entanto a entrada para o segundo ano do seu segundo mandato ficou marcada por uma grande agitação com o Clube a ver-se envolvido numa crise que teve como epicentros uma guerra entre o plantel do Futebol profissional e o Presidente, o processo cashball, a invasão à Academia Sporting e os pedidos de rescisão unilateral dos contratos de 9 futebolistas, o que acabou por resultar numa Assembleia Geral extraordinária que levou à destituição da sua Direção.
Depois de Alcochete
To-mane (discussão) 11h07min de 18 de fevereiro de 2018 (WET)