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O Ciclismo já era a segunda modalidade mais popular do Sporting e, desde 1933 que o Clube procurava repetir o duplo êxito obtido na Volta a Portugal desse ano. Desde então tinham-se disputado mais 4 edições da prova, mas apesar dos investimentos feitos, o Sporting não tinha voltado a ganhar a principal prova do calendário velocipédico nacional.

Em 1940 o histórico Alfredo Trindade, protagonista da vitória de 1933, saiu do Sporting, que se reforçou com José Martins e Luiz Longo, dois ciclistas vindos do estrangeiro, apresentando também na equipa os experientes José Albuquerque e Tulio Pereira, sem esquecer João Lourenço, que tinha sido a revelação da da época anterior e o jovem Francisco Inácio. Assim o objectivo principal era como de costume ganhar a Volta, apesar da ausência de homens como Ildefonso Rodrigues, José Marquês ou César Luiz.

A IX Volta a Portugal começou em Lisboa no dia 23 de Agosto de 1940, com duas etapas ganhas respectivamente por João Lourenço e Luiz Longo, com o primeiro a vestir a Camisola Amarela, embora com o mesmo tempo do marroquino, de José Albuquerque e do benfiquista Aguiar da Cunha, que viria a perder alguns segundos na 4ª etapa.

A 5ª etapa poderia ter sido fatal para José Albuquerque, que sofreu um furo em Ferreira do Alentejo e acabou por perder mais de 4 minutos para os ciclistas da frente, que continuavam a ser João Lourenço e Luiz Longo, que lideraram a classificação geral durante 8 tiradas, e chegaram a Castelo Branco no comando da classificação geral, embora com vantagens mínimas sobre os rivais mais próximos, que na altura eram Aguiar da Cunha e Aguiar Martins do Benfica e Alfredo Trindade do Belenenses.

Ultrapassadas as planícies alentejanas e as etapas do Algarve, chegou a montanha e José Albuquerque não perdeu tempo, atacando logo na 9ª etapa, onde chegou à Covilhã já com 2,15m de avanço. Serra da Estrela acima o "Faísca" atingiu Manteigas com uma vantagem de 4,20m e chegou à meta na Guarda com um ganho de mais de 6 minutos, o que lhe garantia a Camisola Amarela com 3,03m de avanço sobre Aguiar Martins, que agora ocupava o 2º lugar.

A vantagem não era totalmente tranquilizadora, mas José Albuquerque defendeu-a com grande mérito e a sua liderança só esteve em causa, quando em Lamego se partiram três raios da roda sua bicicleta, seguindo-se um furo, pelo que na Régua chegou a estar com mais de 3 minutos de atraso, mas conseguiu uma notável recuperação e chegou a Vila Real no grupo da frente, mantendo a vantagem sobre os seus rivais.

Na etapa seguinte, na descida do Marão, os aguiares do Benfica voltaram a atacar, mas o "Faísca" defendeu-se bem, perdendo menos de um minuto, que rapidamente recuperou, chegando ao Porto outra vez colado aos seus principais adversários. Seguiu-se o contra-relógio de Espinho, onde José Albuquerque foi o vencedor com o mesmo tempo de João Lourenço e de Aguiar Martins e daí até Lisboa foi apenas um passeio, que confirmou o segundo triunfo do "Faísca" na Volta a Portugal.

Por equipas o Sporting também ganhou, embora o Benfica tenha dado muita luta, mas para além da vitória de José Albuquerque, João Lourenço foi 4º classificado, vencendo 6 etapas e, o jovem Francisco Inácio obteve um excelente 5º lugar, numa prova totalmente dominada pelos corredores leoninos, que venceram 11 das 16 etapas e foram donos da Camisola Amarela do primeiro ao último dia.

To-mane 14h05min de 20 de Setembro de 2015 (WEST)