No dia 20 de Abril de 1961 foi eleita uma nova a Direcção, que tomou posse em 10 de Maio, com a seguinte constituição:
Cargo
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Nome
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Observações
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Presidente |
Gaudêncio Luís da Silva Costa |
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Vice Presidente para as Relações Externas |
Jorge Grave Leite |
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Vice Presidente para as Actividades Desportivas |
João Rebelo Marques de Almeida |
Demitiu-se em 29-09-1961
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Vice Presidente para as Actividades Administrativas |
José Nunes dos Santos |
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Director-Efectivo |
Rui de Melo Robalo Cardoso |
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Director-Efectivo |
Eduardo Machado Gouveia |
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Director-Efectivo |
Joaquim Lourenço Bernardo |
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Director-Efectivo |
Astério Sousa Raposo Vasconcelos |
Demitiu-se em 29-09-1961
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Director-Efectivo |
Mário Cunha |
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Director-Efectivo |
António José Soeiro e Silva |
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Director-Efectivo |
Alberto Henriques Lourenço |
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Suplente |
Augusto dos Santos Mafra Mendes |
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Suplente |
José dos Santos Beco Júnior |
Demitiu-se em 29-09-1961
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Inauguração da Sala de Troféus
Gaudêncio Costa era o Presidente da Federação Internacional de Patinagem e um dirigente com muito prestigio no Hóquei em Patins, a única modalidade onde Portugal estava entre os melhores do mundo, mas mesmo assim foi com alguma surpresa que foi designado pelo Conselho Geral para a Presidência do Sporting Clube de Portugal, embora fosse acompanhado por Palma Carlos, um verdadeiro peso pesado do dirigismo sportinguista, que regressava à Presidência da Mesa da Assembleia Geral e por Campos Figueira que se mantinha na liderança do Conselho Fiscal.
No momento da sua eleição o novo Presidente do Sporting prometeu dar especial atenção ao Futebol, numa altura em que o Benfica acabara de se sagrar Campeão Europeu, ao mesmo tempo que o desfecho do caso Eusébio também fora favorável às pretensões encarnadas, mas a verdade é que as medidas tomadas foram no sentido contrário às da Direcção anterior, passando essencialmente pela dispensa de vários jogadores estrangeiros, nomeadamente Seminário e Fernando Puglia, que sendo os mais caros eram também os melhores, pelo que ficaram na Europa, tal como Faustino Pinto que foi para França, enquanto Vadinho e Aníbal Saraiva regressaram ao Brasil.
Para compensar estas saídas apenas foram contratados o avançado brasileiro Pacotti e o guarda-redes Libânio Avelar, depois de mais uma vez ter falhado a reintegração de Carlos Gomes, que foi suspenso pela Direcção por motivos disciplinares, quando tinha acabado de regressar ao Sporting. Era a hora de se apostar na prata da casa, pois agora a ideia de imitar o Real Madrid e construir uma grande equipa formada por estrelas do futebol mundial, era considerada incompatível com a realidade dos clubes portugueses, que precisavam de uma época inteira para arrecadarem as receitas que em Espanha se obtinham num só grande jogo.
Apesar destas medidas as despesas com o Futebol aumentaram 257 contos, com a agravante das receitas terem baixado 890 contos, mesmo que só a Taça dos Campeões Europeus tenha rendido 398 contos. No entanto nas outras competições o produto das bilheteiras baixou e o cancelamento da digressão a Angola devido ao início da guerra colonial, gerou uma quebra substancial nas receitas com os jogos particulares, que em 1960 tinham atingido os 1100 contos, mas que agora não ultrapassaram os 420 contos.
No capitulo das despesas baixou-se quase 550 contos no investimento com o reajustamento do quadro de jogadores, mas mesmo assim os custos com os profissionais de futebol subiram ligeiramente, no entanto em contrapartida os encargos com os treinadores mais do que duplicaram, aproximando-se dos 640 contos em virtude das rescisões dos contratos com Gyorgy Orth e Otto Glória, isto para além de ainda haver pagamentos a regularizar com Alfredo Gonzalez.
De resto essa foi outra herança deixada pela Direcção anterior. Em Fevereiro de 1961 Jaime Duarte tinha chegado a acordo com o prestigiado técnico Gyorgy Orth, para a época 1961/62, mas a derrota no Barreiro precipitou as coisas e Alfredo Gonzalez foi despedido, sendo substituído por Otto Glória com contrato até ao final da temporada e opção para a seguinte. Entretanto o responsável pelo Futebol leonino demitiu-se e ao contrário do que estava previsto, Brás Medeiros acabou por não ser reconduzido na Presidência do Sporting, pelo que a nova Direcção ficou com dois treinadores. O húngaro apresentou-se em Lisboa no final de Maio de 1961, mas depois de consultado o Conselho Geral optou-se por ficar com o brasileiro, enquanto Orth foi para o FC Porto.
Otto Glória tentou recuperar a equipa e até conseguiu ganhar o prestigiado troféu Teresa Herrera e a Taça de Honra, mas no início da temporada o Sporting foi eliminado da Taça dos Campeões Europeus e empatou em casa na 1ª jornada do Campeonato, pelo que surgiram algumas criticas no Jornal do Sporting, o que não agradou ao técnico brasileiro, que se demitiu depois de ter afirmado que sem ovos não se faziam omeletas, isto após ter estado no Brasil para contratar jogadores, mas o melhor que conseguiu foi trazer Pacotti.
Nessa altura a Direcção ficou dividida sucedendo-se algumas demissões, enquanto o Presidente estava ausente no estrangeiro, alegadamente a tratar dos seus negócios, tendo também aproveitado para ir assistir ao Europeu de Hóquei em Patins que estava em curso na Itália, o que gerou algumas críticas. Assim a Direcção apresentou a sua demissão que no entanto foi recusada em reunião de Conselho Geral que se realizou no dia 13 de Outubro de 1961.
Em tempos de crise e já com os encargos de três treinadores ás costas, a Direcção optou por entregar a equipa ao adjunto Juca, e em boa hora o fez. O jovem treinador conhecia como ninguém os jogadores que tinha à sua disposição e construiu uma equipa na base do querer e da união do grupo, o que deu bons resultados, pelo que em 19 de Março de 1962 quando esta gerência terminou, o Sporting já liderava um campeonato que viria ganhar.
Em Janeiro de 1961 tinha sido aprovada uma nova lei que visava distinguir claramente o desporto profissional, do amador, pelo que Gaudêncio Costa avisou que não toleraria falsos amadorismos no Sporting e que os atletas que resolvessem sair do Clube era certamente porque iriam receber algo mais, numa altura em que os ditos atletas amadores passaram a ser livres depois de concluídos os contratos que tivessem assinado, e quando se sabia que havia um clube com dinheiro para despejar nas modalidades ditas amadoras.
Apesar disso Gaudêncio Costa prometeu tudo fazer para ter um bom relacionamento com todos os Clubes e com a comunicação social, algo que a anterior Direcção nunca conseguira. Já sobre as obras e o famigerado projecto de fechar o anel das bancadas do Estádio José Alvalade, o Presidente do Sporting afirmou que iria nomear uma comissão própria para estudar a resolução do problema que passaria sempre pela colaboração da Câmara Municipal de Lisboa.
Mesmo perdendo vários atletas que foram para Angola e outros que optaram por mudar de clube, o Sporting continuou a dominar completamente no Atletismo, teve uma época de ouro no Andebol, ganhou a Volta a Portugal em Bicicleta, o Campeonato Nacional de Ténis de Mesa e o Campeonato Nacional de Condutores em Automobilismo. Assim neste ano os encargos com a modalidades amadoras subiram 271 contos, o que somando ao Futebol deu um total de 6564 contos gastos com a actividade desportiva, contra receitas de 2547 contos, mais de 90% resultantes do Futebol, o que dava um saldo negativo de 4017 contos.
Ainda na parte financeira há a referir que as receitas totais aproximaram-se dos 9700 contos, com a maior fatia a referir-se às receitas associativas que chegaram aos 4883 contos numa altura em que o Sporting tinha 25306 sócios, mais 1474 do que há uma ano atrás, enquanto as despesas foram de 10042 contos aos quais há a somar 212 contos de amortizações, o que dava um saldo negativo de mais de 555 contos.
Neste ano o Jornal do Sporting já a funcionar em pleno deu um lucro de 100 contos, enquanto a exploração do campo atlético teve um balanço negativo de quase 109 contos, sendo que neste caso quase metade das despesas resultavam dos encargos com o pessoal.
No que diz respeito ao investimento fizeram-se várias melhorias no estádio, nomeadamente no relvado e nos campos de treinos, criaram-se viveiros de relva, promoveu-se a mudança de várias secções para o Estádio, instalou-se um centro de estágio na Calçada da Carriche que servia essencialmente o futebol profissional que de acordo com o plano delineado por Otto Glória passou a ser regido sob normas rigorosas estabelecidas no "estatuto do jogador".
No seu discurso de despedida Gaudêncio Costa considerou que um ano de mandato era um período insuficiente para introduzir mudanças significativas e avisou os seus sucessores para a ditadura dos resultados da equipa de futebol que exerciam um influência decisiva sobre o estado de espírito dos adeptos, voltando a apontar num sentido que já tinha sido referido por outros Directores que afirmaram que o Sporting em vez de mais sócios precisava de melhores sócios.
To-mane 20h39min de 29 de Outubro de 2011 (WEST)