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António Augusto (em 1964).

O Sporting Clube de Portugal chegou a 1971 como uma das grandes potências do Boxe nacional, estatuto que vinha conquistando desde 1962, ano em que se tinha formado a Secção, com o treinador Ricardo Ferraz a formar gerações sucessivas de pugilistas. No entanto, nunca tinha ganho o Campeonato Nacional por equipas. Tinha estado quase em 1968, ano em que tinha sido campeão regional, mas que tinha sido afastado do título com uma série de irregularidades sancionadas pela Federação Portuguesa de Boxe. Em 1969 e 1970 não tinha sido organizado o Campeonato Nacional.

O título começou a ser ganho em julho, no Campeonato Regional de Lisboa, disputado no Pavilhão da Ajuda. Efetivamente, o clube que vencesse em mais categorias era declarado campeão regional, mas apenas os pugilistas vencedores das suas categorias é que ficavam apurados para disputar o Campeonato Nacional. Com sete pugilistas leoninos a vencerem nas suas categorias, o Sporting ficou imediatamente sério candidato ao título. Foram eles Jacinto Rosa em Moscas, António Gouveia em Plumas, Farinha Galveia em Ligeiros, João Gato em Meios-médios-ligeiros, João Cipriano em Meios-médios, Rui Freitas em Médios-ligeiros e António Augusto em Meios-pesados.

O Campeonato Nacional, inicialmente previsto para setembro, acabou por ter lugar apenas em dezembro. Para além disso, João Gato estava em serviço militar, e Farinha Galveia estava com uma gripe, e não puderam participar. Costa Martins, que tinha sido campeão regional em Moscas iniciados, e Manuel Reitor, foram chamados a combater.

Para além do Sporting, participaram pugilistas do Alunos de Apolo, Tarujense, Salgueiros, e FC Porto, o qual era o outro grande favorito. O ambiente era de grande apoio à equipa da casa, e assim estava feito um cenário que fazia prever fortes dificuldades para a equipa verde e branca.

O primeiro combate opôs Costa Martins a Albino Moreira do Porto, em Moscas-ligeiros. Costa Martins venceu claramente os três assaltos aos pontos, numa luta dura e entusiástica.

Jacinto Rosa defrontou Luís Palmeira do Porto em Moscas. Rosa venceu os primeiros dois assaltos, mas o ritmo muito elevado desgastou-o, e no 3º assalto o adversário impôs-se através da superioridade física, acabando por vencer e colocando a contenda em uma vitória para cada clube.

Seguiu-se nova derrota aos pontos, no combate de Plumas de António Gouveia contra o portista Adjuto Costa. Gouveia foi nitidamente superior e venceu os três assaltos, mas os juízes atribuíram a vitória ao pugilista local, uma decisão que só na cidade do Porto seria possível.

Em Meios-médios-ligeiros Manuel Reitor foi vencedor sem opositor, o qual acusou excesso de peso. Acabou por combater contra Cipriano Henriques, adversário da categoria acima, contra o qual perdeu aos pontos, sem influência no campeonato.

Em Meios-médios João Cipriano venceu João Carlos do Salgueiros por inferioridade física. Muito superior, no segundo assalto colocou um gancho que abalou o adversário. O árbitro suspendeu o combate, e o médico mandou terminar a luta. O pugilista do Salgueiros acabou por agredir o árbitro na sequência destes acontecimentos.

Rui Freitas venceu Augusto Oliveira do Porto por pontos. Freitas fez um combate inteligente, preciso e objetivo, superiorizando-se nos três assaltos. Com uma técnica incrível, evitou que o seu poderoso adversário o tocasse uma única vez.

Deu-se depois um facto algo caricato: António Augusto foi campeão em Meios-pesados e em Pesados. Inscrito na primeira categoria, o seu adversário do Porto Fernando Meireles acusou 1,900 kg em excesso, e Augusto foi declarado campeão. A pedido do F.C. Porto a que o Sporting anuiu, os dois atletas disputaram o título de Pesados. Nunca esteve em dúvida a superioridade do atleta leonino, que deu um festival nos três assaltos, vencendo aos pontos.

Com seis títulos individuais conquistados, o Sporting sagrava-se campeão nacional de Boxe por equipas pela primeira vez.