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A festa no fim da Final

A época 2014/15 do Basquetebol leonino tinha sido muito complicada, com uma mudança da direcção da secção logo no início. Para mais, a equipa tinha sido pensada para competir na 2ª divisão (3º escalão nacional), apesar de ter valor para voos mais altos. Assim, a subida à 1ª Divisão concretizou-se já em Setembro de 2014, por acordo com o CAD Coimbra, que tinha desistido.

A Fase Regular correu muito bem, o que foi surpresa apenas para quem não tinha acompanhado a equipa. Assim, o Sporting subiu ao primeiro lugar a 5 jornadas do fim, e apenas cedeu no último jogo contra a Ovarense, acabando em 2º lugar. Os 1/4 de Final foram contra a SIMECQ, traduzindo-se por duas vitórias claríssimas. O Sporting tinha-se reforçado com a base internacional Inês Faustino, e a extremo internacional Maria João Bettencourt só se juntou à equipa para as 1/2 Final devido a dificuldades na inscrição que levaram a um atraso. O Sporting derrotou com facilidade a ESA com duas vitórias, assegurando a presença na Final e a subida à Liga Feminina, mas o segundo jogo deixou sequelas importantes: Cheila Rodrigues lesionou-se e não recuperou a tempo da final, e Maria João Bettencourt e Inês Faustino também se lesionaram, mas as duas semanas até à final (devido à greve dos pilotos da TAP, que levou ao adiamento do jogo CAB/CSM-Ovarense na Madeira) permitiram a sua recuperação, com Faustino no entanto a chegar à Final muito limitada, com um ombro magoado a dificultar os lançamentos.

A Final realizou-se a 30 de Maio de 2015, em Vila Real de Trás os Montes, decisão da Federação Portuguesa de Basquetebol que dificultou a presença dos adeptos sportinguistas, enquanto que a Ovarense disponibilizou um autocarro para os seus adeptos. Foi assim às 15h que as duas equipas, as melhores da fase regular, se defrontaram perante um pavilhão mesmo assim cheio, maioritariamente com adeptos da equipa adversária, mas também com uma falange de apoio verde e branca importante. O grupo de adeptos "Malucos do Norte" marcou presença, tal como o tinha feito em muitos jogos da época, e elementos do Núcleo Sportinguista de Vila Real bem como sportinguistas de todo o país vieram apoiar a equipa.

O treinador Luís Abreu e o seu adjunto António Ferro tinham no banco a capitã Ana Cunha, a sub-capitã Marisa David, Inês Faustino, Marta Valente, Maria João Bettencourt, Marta Azevedo, Catarina Correia, Júlia Ribeiro, Catarina Vasconcelos, Helga Gonçalves, Sara Tavares, e Andrea Perez Alonso.

O jogo começou com com Inês Faustino, a capitã Ana Cunha, Maria João Bettencourt, Andrea Perez Alonso e Helga Gonçalves a alinharem de início. Os nervos de uma final vieram ao de cima, e um parcial de 9-6 para o Sporting no fim do 1º período revelava que o Sporting tinha falhado 21 pontos tentados. No 2º período a Ovarense entrou melhor, e ao fim de um minuto já estava na frente. O Sporting só marcou o seu primeiro ponto neste período ao fim de 4 minutos e 25 segundos, num lance livre de Inês Faustino. Aí a equipa verde e branca reagiu, e chegou a estar de novo na frente com 16-15 a 3:30 do fim. Isso foi, no entanto, sol de pouca dura, e a Ovarense voltou a liderar o marcador, chegando ao intervalo a ganhar por 19-16, com um parcial de 13-7. O Sporting tinha falhado cinco lançamentos de 3 pontos seguidos. Entretanto, Catarina Correia, Júlia Ribeiro, e Marisa David já tinham entrado.

O intervalo não trouxe mais calma às Leoas, e a Ovarense entrou com força, chegando a 9 pontos de vantagem com 07:33 para jogar, 25-16. O Sporting reagiu, com 4 pontos por Andrea Perez Alonso, e com Maria João Bettencourt a marcar o primeiro triplo leonino da tarde, depois de muitas tentativas falhadas por diversas jogadoras. Dois pontos por Helga Gonçalves levaram a um empate por 27-27, ambas as equipas continuaram a falhar, mas um triplo das adversárias voltou a colocar a Ovarense na frente, chegando ao fim do 3º período a ganhar por 34-29. A arbitragem tinha começado a carregar as jogadoras do Sporting com faltas, levando a lances livros consecutivos a favorecer as adversárias. Era um resultado com números baixos que mostravam que os nervos continuavam a imperar, com muitas falhas de parte a parte. Em qualquer dos casos, em basquete 5 pontos não é nada, e o Sporting tinha 10 minutos para mostrar o seu valor.

O 4º período mais uma vez começou com as equipas com dificuldades, e só ao fim de mais de um minuto de jogo é que a bola entrou no cesto, mas para a Ovarense, que a cinco minutos do fim tinha aumentado a vantagem para 7 pontos. No minuto seguinte Maria João Bettencourt marca um triplo seguido de mais dois pontos por Helga Gonçalves colocando o resultado em 39-41. Com a Ovarense a recorrer a faltas consecutivas, Andrea Perez Alonso podia ter empatado, mas falha dois lances livres. Inês Faustino dá corpo à recuperação leonina, chegando ao empate a 41-41 a 01:42 do fim do tempo regulamentar. 19 segundos depois a Ovarense marca dois pontos, e a 1 minuto do fim, Bettencourt sofre falta (a 8ª da Ovarense neste período). Marcando os dois lances livres o Sporting voltava a empatar o jogo, mas só marca à segunda tentativa. A Ovarense manteve-se na frente até 24 segundos do fim, e preparava-se para festejar o título, quando o treinador Luís Abreu pede um desconto de tempo. No reatar do jogo Maria João Bettencourt obriga as adversárias à falta, e a 19 segundos do fim marca, de novo, apenas um dos dois lances livres, colocando o marcador em 43-43, que não se alterou até ao fim.

Foi-se então para prolongamento, e o jogo de nervos continuou, com alterações rápidas de marcador, enquanto que no tempo regulamentar o Sporting tinha estado a perder quase todo o tempo. O Sporting adiantou-se, o que se manteve até 36 segundos do fim dos 5 minutos do prolongamento. Faustino tinha falhado um triplo que poderia ter selado a vitória, mas foi a Ovarense que marcou um triplo, colocando-se na frente por 50-48. Luís Abreu pede novo desconto de tempo, e novamente resulta bem: 1 segundo depois da reposição da bola, a Ovarense faz a sua 11ª falta desde o 4º período, e é Andrea Perez Alonso que tem que marcar os dois lances livres para voltar ao empate. Aí não cede aos nervos e consegue, levando o jogo para 2º prolongamento com um resultado de 50-50.

Nesta altura não há substituições, e é o cinco inicial que joga. Continua um jogo feio, com a equipa de arbitragem a marcar um total de sete faltas atacantes ao Sporting durante o jogo. Ambas as equipas falham muito, as faltas acumulam, e Maria João Bettencourt tem que sair a 02:06 do fim dos 5 minutos, entrando Catarina Correia. Mais uma vez chega-se ao fim com um empate, 54-54, e o jogo vai para terceiro prolongamento! As jogadoras já tinham muitos minutos nas pernas, bem acima dos 40.

A Ovarense volta a entrar melhor, e marca 4 pontos num minuto. Inês Faustino, que jogou ignorando a dor mas limitada nos lançamentos, consegue um triplo, e logo depois Helga Gonçalves marca um cesto, colocando o Sporting na frente, 58-59. Mais dois pontos por Catarina Correia e um lance livre transformado por Faustino a 34 segundos do fim, a punir a 12ª falta adversária, e mesmo com uma vantagem de 4 pontos o jogo não estava ganho. Helga fez a 5ª falta, 12ª da equipa, e foi substituída por Júlia Ribeiro, e a Ovarense marca os dois lances livres, ficando a 2 pontos com 27 segundos para jogar. A posse da bola era do Sporting, e não a deixou fugir durante 20 segundos, quando Andrea Perez Alonso lança, e marca 3 pontos a 7 segundos do fim! Com 65-60 no marcador, a vitória já dificilmente poderia escapar, e foi o Sporting que marcou mais um ponto de novo por Andrea Perez Alonso, acabando o jogo com uma vitória histórica por 66-60.

Era o título nacional da 1ª Divisão, conquistado por uma equipa que muitos tinham pensado que nem sequer se aguentaria na 1ª e que estaria destinada a voltar a descer à 2ª Divisão. Era o triunfo de uma equipa, inicialmente pensada pela direcção de Edgar Vital, e que a direcção de Pedro Antunes tinha sabido reforçar e apoiar. Acima de tudo, era o triunfo do treinador Luís Abreu e da sua equipa técnica, e das jogadoras, que tinham mostrado ao longo de uma época enorme esforço e dedicação, mas acima de tudo uma enorme raça leonina.

Jogaram e marcaram: Ana Cunha 8, Marisa David, Inês Faustino 16, Maria João Bettencourt 11, Catarina Correia 2, Júlia Ribeiro 2, Helga Gonçalves 10, e Andrea Perez Alonso 17. Foram ainda convocadas Catarina Vasconcelos, Marta Azevedo, Marta Valente, Sara Tavares.

Estatísticas do jogo

Jogadora Min LC
M/T  %
2Pts
M/T  %
3Pts
M/T  %
LL
M/T  %
RES
RO RD RT
AS PB RB BL FP
FC FS
PTS
1 Faustino 50:49 6/18 33.3 5/13 38.5 1/5 20.0 3/9 33.3 0 8 8 4 1 2 0 3 5 16
4 Valente 00:00 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5 Cunha 49:03 1/8 12.5 1/6 16.7 0/2 0.0 6/9 66.7 1 4 5 5 2 1 0 3 8 8
6 Bettencourt 43:18 3/11 27.3 1/6 16.7 2/5 40.0 3/6 50.0 1 8 9 3 3 2 0 5 6 11
7 Azevedo 00:00 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
8 Correia 17:39 1/6 16.7 1/5 20.0 0/1 0.0 0/0 0.0 0 2 2 1 0 0 0 2 0 2
9 David 04:11 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0
11 Ribeiro 17:26 1/3 33.3 1/3 33.3 0/0 0.0 0/0 0.0 1 2 3 2 1 0 0 2 2 2
20 Vasconcelos 00:00 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
22 Gonçalves 52:27 5/8 62.5 5/8 62.5 0/0 0.0 0/0 0.0 0 8 8 0 2 0 0 5 2 10
24 Tavares 00:00 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0/0 0.0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
44 Alonso 40:07 6/10 60.0 5/9 55.6 1/1 100.0 4/8 50.0 3 6 9 2 1 0 0 3 3 17

Legenda
LC=Lançamento de campo; 2Pts=Lançamento de 2 pontos; 3Pts=Lançamento de 3 pontos; LL=Lance livre; M=Marcado; T=Tentado; RES=Ressalto; RO=Ressalto ofensivo; RD=Ressalto defensivo; RT=Total de ressaltos; AS=Assistências; PB=Perdas de bola; RB=Roubos de bola; BL=Bloqueios; FP=Faltas pessoais; FC=Faltas cometidas; FS=Faltas sofridas; PTS=Pontos marcados