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Godinho Lopes fora eleito de uma forma bastante polémica, mas apesar de não se poder dizer que ele viveu a chamada fase do "estado de graça", a verdade é que teve pelo menos um período de tolerância, em que a esmagadora maioria dos sócios lhe deram o beneficio da dúvida, desejando ultrapassar uma página pouco dignificante para o Sporting, como tinham sido as eleições de 2011.

No entanto apesar dos esforços que o Presidente fez para agradar a gregos e troianos, a sua gerência foi tudo menos tranquila, passando por vários períodos de turbulência, desde a demissão de Carlos Barbosa, ao "caso Pereira Cristóvão" e descambando totalmente numa gestão errática do Futebol, que principiou com um enorme investimento no reforço da equipa principal, que não só não teve os resultados desejados, como queimou dois treinadores e a dupla Duque/Freitas, que tinha sido um dos principais trunfos eleitorais de Godinho Lopes, para além de ter aumentado significativamente o passivo da SAD.

Assim em Outubro de 2012 Godinho Lopes assumiu a pasta do Futebol e depois de quase um mês com um treinador interino, contratou o técnico belga Frank Vercauteren, anunciando também uma inversão na política da SAD, que deveria passar por uma maior aposta nos jogadores da formação, isto numa fase em que os resultados continuavam a piorar.

Nesta altura os sócios André Patrão e Miguel Paím já tinham desencadeado um movimento a que deram o nome de "Dar Rumo ao Sporting" que tinha como objectivo convocar uma Assembleia Geral extraordinária, com o fim de destituir o Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal.

O agravamento da situação da equipa de Futebol, que no inicio do ano de 2013 chegou a ocupar o 12º lugar no Campeonato, apenas 1 ponto acima da linha de despromoção, quando já tinha sido eliminada de todas as outras competições, contribuiu para o sucesso deste movimento, que conseguiu mais de 800 assinaturas, que correspondiam a cerca de 3200 votos, ultrapassando largamente os 1000 exigidos pelos Estatutos, que também previam a necessidade dos sócios requerentes assumirem os custos da Assembleia Geral pretendida, pelo que se seguiu uma recolha de fundos, que também foi bem sucedida, tendo o ex candidato à Presidência do Sporting nas eleições de 2011 Bruno de Carvalho, desempenhado um papel determinante nesta fase.

No dia 6 de Janeiro de 2013 foi entregue à Mesa da Assembleia Geral, o requerimento para a concretização de uma Assembleia Geral Extraordinária deliberativa, com o objectivo único de discutir e votar a destituição do Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal, e cinco dias depois foi colocado à disposição do Clube, o montante necessário para financiar a referida Assembleia Geral.

Pelo caminho Godinho Lopes que chegou a receber em audiência os sócios André Patrão e Miguel Paím, foi resistindo aos muitos apelos para que se demitisse, com particular relevância para a acção de Eduardo Barroso, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, que defendeu publicamente que se deveria dar voz aos sócios e que a demissão do Presidente facilitaria esse processo.

Entretanto surgiram rumores de que Daniel Sampaio, o vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral, teria iniciado contactos com alguns sócios ilustres no sentido de constituir uma Comissão de Gestão, para suceder ao Conselho Directivo liderado por Godinho Lopes, o que lhe valeu a acusação de estar a preparar um "golpe de estado", o que foi prontamente desmentido pelos visados.

Depois de duas semanas de espera para que os serviços do Sporting verificassem a validade dos documentos apresentados, no dia 22 de Janeiro de 2013, a Mesa da Assembleia Geral anunciou ter deferido o requerimento dos sócios, por considerar estarem cumpridos todos os pressupostos legais e estatutários, para a realização da Assembleia Geral extraordinária requerida pelo movimento "Dar Rumo ao Sporting".

O Conselho Directivo reagiu com desagrado em comunicado, considerando que a decisão da Mesa da Assembleia Geral violava claramente os Estatutos, e acusando a referida Mesa de tomar uma posição parcial, não isenta, e de colagem ao ex-candidato Bruno de Carvalho, para além de falta de solidariedade para com a Direcção, numa altura em que estava em curso uma reestruturação financeira do Clube e da Sporting SAD, uma campanha de angariação de sócios e a recuperação da equipa principal de futebol sob o comando de Jesualdo Ferreira, que entretanto tinha substituído Frank Vercauteren como treinador, depois de ter sido contratado para desempenhar as funções de "Manager".

No dia 31 de Janeiro de 2013 foi confirmada a convocação de uma Assembleia Geral Comum Extraordinária do Sporting Clube de Portugal, para o dia 9 de Fevereiro do mesmo ano,[1] com a seguinte Ordem de Trabalhos a que se juntou o Manifesto "Dar Rumo ao Sporting":

  • Ponto único: Discutir e votar a revogação colectiva com justa causa do mandato dos membros do Conselho Directivo.

Seguiram-se dias conturbados, com a Direcção a interpor uma providência cautelar para tentar impedir a realização da Assembleia Geral, mas que não foi deferida pelos tribunais, enquanto uma sessão de esclarecimento promovida pela Mesa da Assembleia Geral, foi interrompida por alguns sócios que arremessaram ovos e dirigiram impropérios, visando especialmente Daniel Sampaio, que na ausência de Eduardo Barroso liderava os trabalhos.

Godinho Lopes ainda reagiu em conferência de imprensa, acusando mais uma vez a Mesa da Assembleia Geral de tentativa de golpe de estado e responsabilizando-a pelo fracasso de algumas contratações para equipa de Futebol, mas depois de mais uma derrota desta, o clima tornou-se insustentável e no dia 4 de Fevereiro de 2013 os Órgãos Sociais do Sporting Clube de Portugal reuniram em plenário e renunciaram aos seus mandatos, com efeitos a partir do dia 6, provocando assim eleições antecipadas, que foram marcadas para o dia 23 de Março de 2013, o que naturalmente significou o cancelamento da Assembleia Geral que estava marcada para o dia 9. [2]

To-mane 21h40min de 4 de Fevereiro de 2013 (WET)

Referências

  1. Site oficial do Sporting
  2. Site oficial do Sporting