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Gerência anterior:
A Gerência 1973-1974
Gerência seguinte:
A Gerência 1979

Depois de ter completado a Gerência anterior, em 5 de Dezembro de 1974 a Direcção de João Rocha foi reeleita, com profundas alterações na sua constituição:

Cargo Nome Observações
Presidente João António dos Anjos Rocha
Vice Presidente para as Relações Externas José Alfredo Parreira Holtreman Roquete Até
Vice Presidente para as Actividades Administrativas Joaquim Lourenço Bernardo
Vice Presidente para Gestão Financeira João Amado de Freitas
Vice Presidente José Nunes dos Santos
Vice Presidente para as Relações com Associados e Expansão Francisco Gorjão Lencastre de Freitas
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais Alberto Neto Simões Dias Até Dezembro de 1974
Vice Presidente Artur de Sousa Marques
Vice Presidente João Osório Pinto
Vice Presidente para o Jornal João José Pinho Xara Brasil
Vice Presidente Joaquim Martins Grilo
Vice Presidente Mário José da Silva Garcia
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais João Aranha Até 21-10-1977
Romeu Adrião da Silva Branco
Sobral Júnior
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras João Gomes Nunes Desde 05-03-1976
Diretor adjunto dos Serviços Administrativos Alberto Lourenço
Director de Obras e Melhoramentos Manuel Lopes
Director de Obras e Melhoramentos José Matias
Director de Actividades Amadoras Jorge Fagundes Até 28-01-75
Director de Actividades Amadoras Ernesto Ferreira da Silva Até 28-01-75 e Desde 05-03-1976
Director de Actividades Amadoras José Fidalgo Até 28-01-75 e Desde 05-03-1976
Director de Actividades Amadoras Avelar Costa Até 28-01-75
Director de Actividades Amadoras Manuel Gonzaga da Silva
Director de Actividades Amadoras José Garcia Alvarez Desde 28-01-75
Director de Actividades Amadoras Miguel Rodrigues Leal Desde 28-01-75
Director de Actividades Amadoras Rui Pignatelli Desde 28-01-75
Director de Actividades Amadoras Adriano Mesquita Desde 28-01-75
Director de Actividades Amadoras Vítor Salgado Desde 28-01-75
Director de Actividades Amadoras João Aranha Desde 28-01-75
Adriano de Oliveira
Fiel Farinha
Manuel da Luz Aranha
João Rocha apresenta o seu projeto
O adeus ao Ginásio do Passadiço
Campeões no Hóquei em Patins 36 anos depois
Aspeto da Assembleia Geral de Dezembro de 1975
João Rocha discursa na Assembleia Geral de Fevereiro de 1976
Carlos Lopes e Moniz Pereira
João Rocha, Pinheiro de Azevedo e Borges Coutinho
O esboço do Pavilhão projetado
Cerimónia de inauguração dos Ginásios de Alvalade

Logo na Assembleia Geral eleitoral do dia 5 de Dezembro, João Rocha reiterou que só tinha aceite a Presidência do Sporting porque lhe tinham sido garantidos apoios para a viabilização da Sociedade de Construções e Planeamento (S.C.P.), que até à data não se tinham concretizado, primeiro porque as promessas do Governo do regime anterior tinham sido sucessivamente adiadas e depois devido aos constrangimentos resultantes da revolução de Abril, mas agora estava-se prestes a chegar a uma solução definitiva com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, sendo que para tal o Clube tinha comprado por avultada quantia um terreno com 10 mil metros quadrados. Para além disso, João Rocha prometeu que se os sócios aderissem à compra de 5 mil lugares cativos da nova bancada que garantiriam 25 mil contos, o Clube providenciaria os restantes 15 mil contos necessários para as obras do fecho do anel do estádio, isto sem esquecer que a campanha de angariação de fundos para a construção do Pavilhão proposta por João Xara Brasil, também já estava em curso e já tinha rendido 3 mil contos, numa altura em que o Sporting se preparava para abandonar definitivamente o Ginásio do Passadiço, o que se concretizou em Julho de 1975.

Nessa altura João Rocha perante algumas críticas por não ter renovado o contrato com Mário Lino, tentou endossar responsabilidades ao treinador açoriano, afirmando que tinha sido ele a colocar o seu lugar à disposição, pelo que o Sporting não podia mendigar a sua continuidade no Clube, revelando depois que ele tinha ganho 1200 contos na época anterior. Em relação à renovação tardia com Yazalde, contou que lhe tinha proposto um contrato de três épocas em Março, mas que o argentino só o tinha aceite quando regressou a Portugal depois das férias, numa altura em que devido à alteração da situação no País, o Sporting já não podia manter as condições propostas anteriormente, uma realidade que o "Bota de Ouro" acabou por aceitar, chegando-se então a um compromisso para mais duas épocas, em vez de apenas uma como era intenção do Sporting, em respeito à nova política implementada no Clube.

No dia 26 de Dezembro de 1974 reuniu-se a Assembleia Geral da Sociedade de Construções e Planeamento, sob a presidência de Adelino Palma Carlos, para a eleição do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal, presididos respetivamente por Venâncio Deslandes e João Rocha.

Em Junho de 1975 a Câmara Municipal de Lisboa aprovou os planos de construção apresentados pelo Sporting e autorizou as obras projetadas, depois de resolvidos alguns impasses com a expropriação de terrenos, com o Sporting a comprar uma parte e a desistir de outra, pelo que o avanço da Sociedade de Construções e Planeamento ficou apenas dependente da aprovação de todo o projeto pelo Governo.

No entanto, no final do ano de 1975 realizou-se uma Assembleia Geral que se estendeu por dois dias, durante a qual João Rocha anunciou que a aprovação do projeto tinha sido indeferida pelo VI Governo Provisório, que considerou inoportuna a constituição da Sociedade de Construções e Planeamento, isto numa altura em que os terrenos que o Sporting tinha comprado por imposição do Governo anterior para viabilizar o projeto, já tinham sido ocupados com a construção selvagem de barracas, chegando-se ao ponto de uma auto proclamada comissão de moradores desse bairro ilegal, cobrar estacionamento aos sócios do Sporting nos dias dos jogos. Assim foi criada uma comissão de sócios do Sporting Clube de Portugal, presidida pelo Dr. Silva Resende, que tinha como missão recuperar a posse dos referidos terrenos.

Para além disso, nessa Assembleia Geral os sócios foram informados da situação em que se encontrava o processo das transferências dos jogadores Carlos Alhinho e Joaquim Dinis para o FC Porto e das diligências encetadas no sentido de se reverter a interdição do Estádio José Alvalade e a derrota atribuída ao Sporting no jogo que tinha sido interrompido na Tapadinha, depois de uma invasão de campo.

No início de 1976 arrancaram as obras de construção de dois recintos de apoio ao pavilhão gimnodesportivo que estava projetado para a zona do Campo Grande que fora a casa do Benfica durante muitos anos, isto apesar dos entraves colocados por uma Câmara que fechava os olhos às construções ilegais que continuavam a nascer nos terrenos do Sporting. No entanto, na Assembleia Geral ordinária de apresentação do relatório contas e do orçamento para o ano seguinte, realizada no dia 5 de Fevereiro de 1976 com a presença de apenas 173 sócios, João Rocha justificou o desinvestimento na parte desportiva, nomeadamente na equipa de Futebol (menos 1138 contos) e com a suspensão do Ciclismo, que em 1975 custara 3000 contos ao Clube, com o facto de considerar que era mais importante para o Sporting construir as infraestruturas necessárias para o incremento da prática desportiva, do que ganhar alguns títulos, isto ao mesmo tempo que avisava que o pavilhão custava 20 mil contos e o fecho da bancada do Estádio ficaria em 40 mil contos, pelo que sem a ajuda dos sócios tais obras não seriam possíveis de realizar.

O Relatório Contas de 1975 que registava um agravamento das responsabilidades do Clube na ordem dos 4 mil contos, em grande parte resultante dos investimentos realizados nas instalações desportivas, apresentou um resultado positivo de 1439 contos, que contrastava com o saldo negativo de 7480 contos apresentado no ano anterior, com as receitas a ultrapassarem pela primeira vez a meia centena de milhar de contos (quase 57 mil contos), sendo que a cotização referente aos cerca de 35 mil sócios existente na altura, atingiu os 15795 contos, um crescimento de cerca de 920 contos em relação ao ano anterior, não obstante uma significativa quebra na venda dos lugares cativos. O grande incremento deu-se nas receitas desportivas, que só no Futebol tiveram um crescimento de cerca de 9 mil contos, atingindo os 32721 contos, aos quais há a somar os 4073 contos do Ciclismo e os quase mil contos das modalidades amadoras, o que dava um crescimento total de cerca de 13 mil contos.

Nas despesas verificou-se um agravamento de quase 4900 contos, isto apesar de ter havido uma compressão de quase mil contos no Futebol e de mais de 500 contos nas modalidades amadoras. Em contrapartida os custos do Ciclismo cresceram 4320 contos e as despesas com as instalações desportivas ultrapassaram os 4800 contos, mais de mil contos em relação a 1974, com o Jornal Sporting a ter um acréscimo idêntico, atingido os 2611 contos.

Em Março de 1976 João Rocha e o Presidente do Benfica, Borges Coutinho, reuniram-se com o Governo no sentido de angariarem apoios para os seus projetos de construção, com os quais contavam obter meios que lhes permitissem continuar a ser as duas grandes locomotivas do desporto nacional. Assim, no dia 1 de Abril, o Subsecretário de Estado do Tesouro aprovou o esquema de financiamento para a construção do grande Pavilhão Gimnodesportivo com capacidade para 7 mil espetadores, que o Sporting planeava construir, em conjunto com um segundo mais pequeno (3 mil espetadores), para albergar as modalidades do Clube.

Entre 3 de Abril e 10 de Junho de 1976 realizou-se a "Onda Verde", um amplo festival desportivo que se estendeu por todo o País, englobando várias modalidades, para abrilhantar as comemorações dos 70 anos do Sporting Clube de Portugal e do 20º aniversário da inauguração do Estádio José Alvalade.

Na verdade esta Gerência ficou marcada pelas dificuldades que João Rocha teve para viabilizar a Sociedade de Construções e Planeamento, em virtude de terem falhado os apoios prometidos pela Câmara Municipal de Lisboa e pelo Governo, isto numa altura de grande instabilidade política no nosso País.

Esta situação levou ao prolongamento do seu mandato, em virtude do Conselho Leonino não ter podido ver reunidas as condições para que os nomes propostos por aquele Órgão, para liderarem os Corpos Gerentes do Sporting Clube de Portugal, aceitassem esse desafio, por considerarem estar criada uma situação de privilegio a outro clube, o que desencadeara a necessidade de se exigir para o Sporting tratamento igual da parte das entidades competentes, pelo que sem que essas condições estivessem reunidas, não estavam disponíveis para aceitar a responsabilidade de dirigir o Clube.

Assim depois de vários adiamentos da data do ato eleitoral que deveria ter ocorrido no final do ano de 1976, realizou-se no dia 21 de Outubro de 1977 uma Assembleia Geral extraordinária, onde por proposta do Conselho Leonino foi aprovada a prorrogação dos mandados dos Corpos Gerentes em exercício, sendo fixada como data limite para a realização da Assembleia-Geral eleitoral, o dia 31 de Janeiro de 1978.

No entanto e depois de muitos avanços e recuos, só em Outubro de 1978 é que se considerou estarem finalmente reunidas as condições para se elegerem novos Órgãos Sociais para o Sporting Clube de Portugal, apesar do cumprimento das promessas feitas pelas entidades oficiais, ainda não estar totalmente assegurado. Assim no final desse mês realizou-se a competente Assembleia Geral eleitoral, que assinalou o fim desta Gerência.

Apesar de todas estas dificuldades, João Rocha já iniciara a sua obra e, com a saída das instalações do Passadiço no final de 1975, pensou-se que a Ginástica do Sporting iria sofrer um forte abalo, mas de imediato foram construídos três Ginásios no Estádio José Alvalade que foram inaugurados no dia 30 de Abril de 1976. Para além disso foram instaladas uma sala de aquecimento para o Futebol, uma sala para as Artes Marciais, outra para a Luta, um complexo de Ténis de Mesa, uma nova carreira de tiro, o melhor Bastu do Pais e as torres de iluminação do Estádio José Alvalade e a Pista de Tartan.

Estes grandes investimentos nas infraestruturas, incrementaram fortemente a prática desportiva no Clube, que movimentava na altura cerca de 8000 atletas, grande parte dos quais na Ginástica, modalidade que muito contribuiu para o crescimento do numero de sócios, que já ultrapassava os 50 mil.

Em Abril de 1975 o Sporting realizou um Colóquio de Futebol Juvenil que versou assuntos como o formato dos campeonatos, alterações aos escalões etários, a preparação física e técnica dos jogadores, a arbitragem e as regras do jogo e questões de saúde.

Em termos desportivos, o Clube potenciou ao máximo o seu ecletismo, e para além da já tradicional hegemonia no Atletismo, onde o Sporting deu inicio a um longo domínio no Corta Mato europeu, com a conquista da sua primeira Taça dos Campeões nesta especialidade, o Clube viveu o seu período áureo no Hóquei em Patins, com a conquista de um tetracampeonato, duas Taças de Portugal e da primeira Taça dos Campeões Europeus ganha por um Clube português, numa modalidade muito querida no nosso País, para além de dois Campeonatos Nacionais e três Taças de Portugal no Basquetebol, um Campeonato Nacional e uma Taça de Portugal no Andebol, entre centenas de títulos individuais e coletivos, em todas as modalidades praticadas.

O Sporting tornou-se ainda na primeira equipa portuguesa a participar na Volta à França em Bicicleta, mas pouco tempo depois abandonou a prática do Ciclismo, que era na altura a segunda modalidade mais dispendiosa do Clube, que assim viu partir Joaquim Agostinho, que já se tornara num dos melhores ciclistas do mundo.

Em 1976 sete atletas do Sporting participaram nos Jogos Olímpicos de Montreal. Carlos Lopes na corrida dos 10 mil metros e Armando Marques no Tiro, foram os dois primeiros atletas olímpicos do Clube a conquistarem Medalhas (ambas de prata), e José Carvalho ficou em 5º lugar na prova dos 400m barreiras. Para além disso nesse ano Lopes foi Campeão do Mundo de Corta Mato e vice Campeão em 1977.

Em 1978 o Sporting deslocou-se à China por iniciativa do Presidente João Rocha, e também conseguiu organizar o Campeonato do Emigrante, durante o qual só em França e durante uma semana, conseguiram-se juntar 48 equipas.

Apenas no Futebol as coisas não correram bem, e neste período o Sporting só ganhou uma Taça de Portugal, com João Rocha a perder algumas das batalhas que travou com um FC Porto em fase de ressurgimento, que resultaram na perda de alguns jogadores importantes, como Damas, Dinis e Carlos Alhinho, isto no meio de muita polémica à volta das arbitragens e da falta de isenção da imprensa desportiva.

O envelhecimento da equipa, a venda de Yazalde e o fim da Lei da Opção, obrigaram à renovação que nem sempre correu bem, apesar dos esforços de João Rocha, que conseguiu contratar Manuel Fernandes e Jordão, este depois de uma disputa com o Benfica, onde foi buscar o experiente lateral direito Artur, abrindo mais uma frente de batalha, numa altura em que não eram habituais estas transferências entre os grandes rivais.

As apostas em treinadores que tinham passado com sucesso pelo Benfica, como foram os casos de Fernando Riera, Jimmy Hagan e Milorad Pavic, não correram bem e o regresso de Juca acabou numa das piores classificações de sempre, que colocou o Sporting pela primeira vez fora das competições europeias.

Em termos financeiros, durante esta Gerência a Direção conseguiu apresentar sempre resultados positivos no final de cada exercício, mas o Futebol e as modalidades continuavam a ser deficitárias e o passivo acendeu 70800 contos, embora o ativo tenha crescido bastante, ultrapassando os 100 mil contos, muito por força da dinâmica de investimentos nas infraestruturas desportivas, o mesmo acontecendo em relação às receitas resultantes da quotização e da exploração das instalações e atividades desportivas.

To-mane 12h55min de 17 de Janeiro de 2012 (WET)