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A Gerência 1946
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A Gerência 1948

No dia 20 de Janeiro de 1947 a Direcção de Ribeiro Ferreira foi reeleita, com pequenas alterações:

Cargo Nome Observações
Presidente António José Ribeiro Ferreira
Vice Presidente Carlos Cecílio Góis Mota
Tesoureiro João Melo de Carvalho
Secretário Geral António Romana Garcia Branco
Secretário Adjunto Mário Ferreira da Cunha Rosa
Vogal Efectivo Francisco Gonçalves Franco
Vogal Efectivo César Pedrosa Vitorino
Vogal Suplente Manuel da Silva Júnior
Vogal Suplente Mário José da Silva Garcia
A Sede na Rua do Passadiço
A reinauguração do Estádio
A apresentação dos novos Estatutos

Depois de um ano a conhecer os cantos à casa, a segunda Gerência de Ribeiro Ferreira avançou com medidas decisivas para o futuro do Clube e logo no dia da sua reeleição, o Presidente anunciou que o problema da Sede estava resolvido, pois poucas horas antes tinha assinado o contrato de aluguer de um prédio sito à Rua do Passadiço, onde até há pouco tempo estivera instalado o Clube Alemão e que dispunha de todas as condições para receber o Sporting quase de imediato, nos seus 1600m2 com amplas divisões, prontas para serem utilizadas pela Direcção, serviços e actividades sociais do Clube e até para reativar as aulas de Ginástica e para instalar o Boletim, sem esquecer que o prédio já dispunha de vestiários e de casas de banho que iam de encontro às necessidades e propósitos do Sporting.

Assim a Sede do Passadiço que ficaria na história do Sporting Clube de Portugal, foi inaugurada no dia 9 de Junho de 1947, dispondo de restaurante, bar, salão de festas onde até se podiam dar sessões de cinema, salas de convívio e de jogos para os sócios, biblioteca, barbearia, instalações para a Direcção e para os serviços, sala de troféus, posto médico, gabinete para a imprensa e ginásio. Um luxo.

Na referida Assembleia Geral de 20 de Janeiro, onde estiveram presentes cerca de 600 sócios, ficou também prometida a construção de um ringue de patinagem na nova Sede, mas em vez disso acabou por se optar por um campo de terra batida, que foi inaugurado no dia 8 de Novembro de 1947 e que durante anos serviu para a prática do Voleibol e principalmente do Basquetebol.

Nessa altura, por proposta de Carlos Correia ficou determinado que o Estádio do Lumiar, onde decorriam importantes obras de remodelação, que incluíam o arrelvamento do recinto do jogo, o alargamento das bancadas e do peão, a consolidação das pistas de Atletismo e de Ciclismo, entre outros melhoramentos nas instalações de apoio à prática desportiva, adotaria o nome de José Alvalade, o que aconteceu a partir da sua reinauguração oficial, que ocorreu no dia 14 de Setembro de 1947, com um jogo em que o Sporting empatou 4-4 com o Atlético de Bilbau. Estavam assim resolvidos os dois principais problemas do Clube.

Foi também durante esta gerência que foram aprovados os novos Estatutos do Sporting Clube de Portugal, com significativas alterações, onde se destaca a introdução do Conselho Geral, no qual a Assembleia Geral delegava poderes fundamentais como a escolha dos Presidentes dos três órgãos sociais do Clube, sendo também de assinalar a criação de um fundo de seguro e garantia de assistência médica para os atletas, para além da oficialização do Conselho das Filiais e Delegações que passou a ter um Fundo próprio. Foi também regularizada a adesão de novos sócios e reorganizada a forma como estes estavam dispostos em diferentes categorias e, autorizada a possibilidade de se criarem Filiais e Delegações em países estrangeiros.

Desportivamente o Futebol continuou em grande, conquistando o Campeonato Nacional e a Taça de Honra da AFL, que nesse ano substituiu o Campeonato de Lisboa na abertura da temporada. Faltou apenas a Taça de Portugal, simplesmente porque nessa época não se disputou. O Atletismo apesar das dificuldades resultantes das obras que decorreram no Estádio do Lumiar, também continuou na senda dos triunfos, com destaque para a conquista de quatro Campeonatos Nacionais de Clubes. Em contrapartida o Ciclismo e o Andebol tiveram épocas menos boas. Há também a registar a renovação do título de Campeão Nacional de Ténis de Mesa e algumas vitórias no Ténis, outra modalidade que sofreu com as obras no Estádio.

Graças à nova Sede da Rua do Passadiço, foi finalmente possível reativar a secção de Ginástica, enquanto o Basquetebol passou a ter um campo com excelentes condições, que também servia para os treinos de Voleibol, uma modalidade onde o Clube revelou francos progressos sob a orientação do Prof. Moniz Pereira. O Tiro era outra secção que esperava beneficiar da nova casa do Sporting, onde estava projetada a construção de uma carreira de tiro.

A Natação também atravessava uma fase de transição, com a passagem do Posto Náutico para a Doca de Belém, enquanto a construção de uma piscina continuava a ser um sonho.

Râguebi e Damas eram outras duas secções em atividade, numa altura em que estava em cima da mesa a reativação de modalidades como a Patinagem, o Hóquei em Patins e o Hóquei em Campo e a abertura de uma secção de Vela.

No capítulo financeiro o exercício de 1947 apresentou um saldo positivo de 167 contos, numa altura em que a atividade desportiva do Clube já tinha custos que ascendiam aos 1482 contos, dos quais naturalmente era o Futebol que representava a fatia maior com cerca de 1109 contos, logo seguido do Ciclismo com 143 contos e do Atletismo com 94 contos. Em termos de receitas o Futebol gerou 1052 contos, de um total de 1107 contos de proveitos resultantes da atividade desportiva do Clube, valores que demonstravam a insignificância das receitas geradas pelas restantes modalidades, entre as quais o Ténis era a única a dar lucro, que neste ano rondou os 1600$.

A quotização resultou numa receita de 1040 contos, enquanto a exploração da nova Sede deu um lucro de cerca de 60 contos, com os bilhares (15 contos) e o restaurante (14 contos), a serem os maiores contribuintes. As despesas com o campo atlético já ultrapassavam os 155 contos e, os gastos gerais atingiam os 522 contos, havendo ainda a registar que o Boletim do Sporting deu 31 contos de prejuízo.

No final desta Gerência que terminou em 27 de Janeiro de 1948, o Sporting Clube de Portugal podia gabar-se de ser a maior força desportiva do País, pelo numero de sócios que no final do ano já eram 12682, mais 1161 do que em Dezembro de 1946, pela implantação demonstrada com a existência de mais de uma centena de Filiais e Delegações espalhadas pelo mundo fora, pela quantidade de vitórias obtidas, com mais de 1300 campeonatos ganhos pelas suas equipas e atletas, pela magnifica Sede que dispunha, sem comparação possível com as de qualquer outro clube português, o mesmo se podendo dizer em relação ao Estádio José Alvalade e pela sua superioridade naquele que era reconhecido por todos como o desporto rei e logo o grande barómetro da vida dos clubes.

To-mane 15h30min de 26 de Outubro de 2011 (WEST)