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Gerência anterior:
A Gerência 1943/44
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A Gerência 1946

No dia 16 de Setembro de 1944 foi eleita uma nova Direcção que tomou posse no dia 4 de Novembro, com a seguinte constituição:

Cargo Nome Observações
Presidente Augusto Fernando Barreira de Campos
Vice Presidente Isaac Sequeira
Tesoureiro João Melo de Carvalho
Secretário Geral António de Amorim e Cunha
Secretário Adjunto João de Sousa Pitta Castelejo
Vogal Efectivo Pedro Garcia Aires
Vogal Efectivo Pedro José Nogueira
Vogal Suplente António Augusto Gonçalves
Vogal Suplente Pedro Fragoso de Matos
Os Órgãos Sociais de 1945

Barreira de Campos fora Vice-Presidente na Gerência anterior, mas na verdade tinha sido ele a dar a cara pela Direcção em quase todos os actos públicos da mesma, pelo que foi com naturalidade que sucedeu a Cunha e Silva na Presidência do Sporting Clube de Portugal, para um mandato que se estendeu até 19 de Janeiro de 1946, em virtude de ter sido decidido que as gerências passavam a coincidir com os anos civis e não com as épocas desportivas, como tinha acontecido até aí.

O projecto de remodelação do Estádio do Lumiar e a aquisição de uma nova Sede, eram os grandes desígnios desta Direcção, que assim agendou para 22 de Fevereiro de 1945, uma Assembleia Geral extraordinária com objectivo de expor e aprovar as propostas que visavam a solução das referidas questões, consideradas vitais para a vida do Clube.

No dia anterior realizou-se a Assembleia Geral ordinária para a aprovação do Relatório Contas de 1943/44, um documento que foi alvo de algumas criticas, ao mesmo tempo que se levantaram dúvidas sobre as obras que se pretendiam fazer no Estádio do Lumiar, uma vez que o mesmo ainda não era propriedade do Clube.

No entanto o principal motivo de descontentamento era a derrota sofrida no domingo anterior frente ao Benfica, que significara o adeus à possibilidade do Sporting renovar o seu título de Campeão Nacional de Futebol, depois de em Janeiro a Direcção ter decidido despedir Joseph Szabo, numa altura em que a equipa que começara muito mal o Campeonato, estava em franca recuperação e já somava 6 vitórias consecutivas.

Perante tantas críticas, a Direcção apresentou a sua demissão, mas o facto de estar marcada para o dia seguinte a tal Assembleia Geral extraordinária, permitiu que esta fosse transformada numa forte manifestação de apoio a Barreira de Campos, que assim retirou o seu pedido de demissão, aceitando continuar em funções, enquanto os assuntos da ordem do dia ficaram adiados para serem discutidos na 3ª feira seguinte.

Assim esta Assembleia Geral extraordinária foi concluída no dia 27 de Fevereiro de 1945, com os sócios do Sporting Clube de Portugal a darem plenos poderes à sua Direcção para avançar com os empreendimentos propostos, depois do Presidente Barreira de Campos ter assegurado que a Câmara Municipal de Lisboa prometera ceder a título gracioso, a parte dos terrenos ocupados pelo Sporting que pertenciam à edilidade, enquanto o Clube pretendia adquirir as restantes parcelas, sendo então criada a Comissão pró Sede e Campo, com a missão de tratar da resolução desses dois importantes projectos.

No final do ano foi consumado um acordo com a Câmara Municipal de Lisboa, para a localização e concessão dos terrenos para a construção do Estádio do Sporting, em condições muito vantajosas para o Clube, na sequência dos planos de urbanização da zona do Campo 28 de Maio, que não mexiam com a área ocupada pelo Estádio do Lumiar, viabilizando os projectos do Sporting e tornando-os mais baratos.

No Futebol viveu-se o fim do ciclo de Joseph Szabo, que abandonou o Clube em Janeiro de 1945, depois de ter ganho mais um Campeonato de Lisboa, numa época em que o Sporting visitou Madrid, onde defrontou o Atlético Aviacion e viria a ganhar a Taça de Portugal pela segunda vez na sua história, já sob a orientação do treinador Joaquim Ferreira, que viria a falecer poucos dias depois, sendo então substituído por Abrantes Mendes.

Nas restantes modalidades, o Atletismo viveu um ano de grandes êxitos, vencendo todas as competições de Pista, embora tenha abdicado de participar nas provas de Corta Mato. O Ciclismo também continuou a ser uma modalidade ganhadora e nesta época teve em João Rebelo um reforço de peso, ele que brilhou na Volta à Espanha, onde também estiveram outros três ciclistas do Sporting. O Andebol voltou aos títulos, conquistando mais um Campeonato Regional. O Ténis e o Ténis de Mesa foram outras modalidades onde o Clube conseguiu obter algumas vitórias, num ano em que o Sporting fundou as primeiras escolas de Natação em Portugal, numa secção onde a prioridade foi a reablitação do Posto Náutico. Para além destas modalidades, nesta altura no Sporting também se praticava Basquetebol, Voleibol, Râguebi, Tiro e Damas. Sem ginásio, a Ginástica estava parada.

O Presidente do Benfica discursa na Sede do Sporting

Em termos financeiros esta Gerência ficou marcada pela galopante inflação do período pós guerra, que se vivia na altura. Assim, quer as despesas, quer as receitas, cresceram significativamente, mas apesar disso, no final do exercício foi possível apresentar um saldo positivo de cerca de 179 contos.

Na coluna das despesas pesaram principalmente os custos com os materiais desportivos, que em alguns casos quase dobraram, a manutenção e funcionamento do Campo Atlético, onde o Clube gastou mais de 100 contos, a chamada assistência aos jogadores, que foi actualizada, tal como os gastos com os funcionários, que atingiram os 76 contos.

O Futebol teve um custo total de 665 contos e continuava a ser deficitário, neste ano com um saldo negativo de cerca de 46 contos. De resto todas as modalidades eram deficitárias e no total a actividade desportiva do Clube atingia o custo de cerca de 1.118 contos, contra uma receita de perto de 920 contos. As modalidades mais caras a seguir ao Futebol, eram o Ciclismo com cerca de 68 contos, o Atletismo com quase 47 contos e o Ténis que ultrapassava os 36 contos, mas neste caso as receitas quase cobriam as despesas. Como curiosidade há a referir que neste período o Clube abriu uma secção de Damas, que deu um lucro de 75$00.

A cotização atingiu os 615 contos, muito perto dos valores apresentados no anterior Relatório Contas, que se referia a um período de um ano e meio, pelo que na realidade significava um crescimento de cerca de 150 contos em relação ao ano de 1944, o que reflectia a subida do número de sócios, que no final de 1945 eram 9001.

Durante esta gerência o Sporting aproveitou as comemorações do seu 39º aniversário, para agraciar com distintivos especiais, os seus 88 sócios que tinham mais de 25 anos de filiação no Clube, e para além disso estreitou as suas relações com o Benfica, tendo as Direcções dos dois clubes trocado visitas às sedes rivais e ofícios reveladores do clima de sã desportivismo que se vivia na altura.

No final do ano de 1945, o Sporting Clube de Portugal tinha 75 Filiais e 11 Delegações activas.

To-mane 10h40min de 26 de Outubro de 2011 (WEST)