No dia 5 de Agosto de 1939 a Direcção de Joaquim Oliveira Duarte foi reeleita, com profundas alterações na sua constituição:
Na sessão de abertura do Congresso Leonino Nesta gerência foram dados importantes passos no sentido de resolver, ou pelo menos minimizar, os dois grandes problemas do Clube, que eram os das suas instalações sociais e desportivas.
O projecto de construir um novo Estádio foi colocado na gaveta, não só como resultado da crise financeira, mas principalmente devido aos planos de urbanização da Cidade por parte Câmara Municipal de Lisboa. Assim a Direcção avançou para a realização de obras de beneficiação no Stadium de Lisboa, que representaram um importante esforço financeiro por parte do Clube.
Entretanto o Benfica ficara sem o Campo das Amoreiras, e por sugestão do Ministro Duarte Pacheco Pereira, a Câmara de Lisboa propôs ao Sporting a cedência de um dos seus recintos ao seu velho rival, proposta que foi aceite pela Direcção leonina, que cedeu temporariamente o campo conhecido como a Estância de Madeira, sem prejuízo dos direitos que sobre ele detinha, e mediante algumas contrapartidas, como a redução para metade na renda do Estádio de Lisboa e a autorização para alargar as obras em curso no referido estádio, a terrenos pertencentes à Câmara que ficavam atrás do Peão deste, onde foram construídas as melhores instalações do País para a prática de Ténis. Assim o Sporting alargou os seus domínios e deu mais um passo para a construção do futuro Estádio José Alvalade.
Em Janeiro de 1940 a Direcção convocou uma Assembleia Geral extraordinária, no sentido de pedir autorização aos sócios para a compra de um prédio na Rua Rosa Araújo, onde se pretendia instalar a Sede do Clube, uma vez que a renda do Palácio da Foz se tornara numa despesa excessiva e para além disso o senhorio já tinha avisado que não pretendia renovar o contrato. Assim a Direcção propunha-se a comprar e fazer obras no referido prédio, de forma a dotá-lo de um ginásio e de salas para a prática de Bilhar e de Ténis de Mesa.
O financiamento do projecto seria garantido à custa de 100 contos a retirar da verba angariada pela Comissão Executiva do Estádio do Sporting, sendo os restantes montantes assegurados pela banca, com encargos menores do que as rendas que na altura eram pagas pelo aluguer do Palácio da Foz. A proposta foi aprovada por unanimidade, ficando estabelecido um montante máximo para a execução do projecto, para se evitarem derrapagens que pudessem empurrar o Clube para situações de aperto.
Em Maio de 1940 chegou a ordem de despejo do Palácio da Foz, onde o Sporting conseguiu manter-se até meados do ano seguinte, de forma a garantir uma mudança tranquila para a nova Sede na Rua Rosa Araújo.
Foi também nesta altura que se realizou o I Congresso Leonino, com um custo superior a 5 contos, mas que foi um enorme êxito, constituindo uma expressiva manifestação da grandeza do Sporting Clube de Portugal, que nesta altura já contava com mais de uma centena de Filiais e Delegações.
Em termos desportivos este foi um ano pobre, pois no Futebol apenas se ganhou o Campeonato Regional de Reservas, enquanto no Ciclismo onde se apostou forte, se conseguiram algumas vitórias, mas continuava a faltar ganhar a Volta a Portugal, e até no Atletismo as coisas não correram como o desejado, embora se tenham conseguido algumas melhorias em relação ao ano anterior.
Da maior importância foram as vitórias nos Campeonatos Regional e Nacional de Hóquei em Patins da época 1938/39, que foram os primeiros títulos do Sporting nesta modalidade, o principal dos quais só se concretizou em 1940.
Nas restantes modalidades, o Andebol de 11 continuou a dominar as competições de âmbito regional, mas o Sporting mantinha em acção as secções de Basquetebol, Voleibol, Ténis de Mesa, Tiro, Natação, Ténis, Patinagem e Ginástica, neste caso com classes de exibição que muito orgulhavam o Clube, sendo registados neste ano desportivo, um total de 40 títulos conquistados em campeonatos nacionais, regionais, colectivos e individuais, para além de numerosas vitórias em diversos torneios.
Em termos financeiros esta Gerência que terminou em 14 de Agosto de 1940, apresentou um saldo negativo de cerca de 49 contos, com o Futebol a dar cerca de 69 contos de prejuízo, em parte devido aos ordenados, que já ultrapassavam os 200 contos. No total o Futebol custou à volta de 339 contos, com as receitas a baixarem para os 270 contos. O Ciclismo continuou a ser outra secção significativamente deficitária, em virtude do forte investimento feito naquela que já era a segunda modalidade mais popular do Clube, que custou nesta Gerência cerca de 42 contos, enquanto o Atletismo ocupava o terceiro lugar na lista dos custos, com perto de 16 contos.
No entanto foram as despesas extraordinárias que estiveram na origem deste saldo negativo, em conjunto com o decréscimo das receitas, em parte resultante da crise que se vivia na Europa, que muito terá contribuído para uma quebra de quase 29 contos na cotização, que baixou para os 336615$50, apesar do numero de sócios ter subido ligeiramente, atingindo os 5120. No entanto a Direcção alertou para o facto de ter pago 98 contos em rendas, cuja redução entretanto conseguida fora de cerca de 50 contos, um valor que só por si seria suficiente para equilibrar as contas da próxima gerência.
Nesta altura a Comissão Executiva do Estádio do Sporting (CEES), tinha em conta um pouco mais de 190 contos, que segundo proposta de um sócio na Assembleia Geral de Agosto de 1940, deveriam ser encaminhados para o pagamento das despesas com a nova Sede, uma vez que o projecto do Estádio tinha sido adiado. No entanto esta sugestão não foi submetida a votação, em virtude de não constar da ordem de trabalhos dessa AG, onde a Direcção propôs que fosse concedida a Medalha de Mérito e Dedicação a Adolfo Mourão, João Jurado, Joaquim Alvarez e Correia César, atletas com 10 anos consecutivos de actividade em representação do Sporting Clube de Portugal.
To-mane 16h14min de 24 de Outubro de 2011 (WEST)