No dia 17 de Novembro de 1943 foi eleita uma nova Direcção, com a seguinte constituição:
Cargo
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Nome
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Observações
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Presidente |
Alberto da Cunha e Silva |
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Vice Presidente |
Augusto Barreira de Campos |
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Tesoureiro |
Henrique da Silva Azevedo |
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Secretário Geral |
António de Amorim e Cunha |
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Secretário Adjunto |
Armindo Cunha e Silva |
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Vogal Efectivo |
Mário da Silva Freitas |
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Vogal Efectivo |
Artur Augusto Almeida Rocha |
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Vogal Suplente |
João de Melo Carvalho |
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Vogal Suplente |
Isaac Sequeira |
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O ante-projecto do novo Estádio do Sporting
Depois da agitação resultante da polémica entre o Sporting Clube de Portugal e a DGD, que levou o Governo a nomear uma Comissão Administrativa para assegurar o funcionamento do Clube até que entrasse em funções uma nova Direcção, a Assembleia Geral eleitoral que se seguiu, atraiu um grande número de sócios ao vasto Salão da Associação dos Empregados do Comércio, onde se realizou o evento, no qual Alberto da Cunha e Silva foi eleito Presidente com 318 votos, contra 170 de António Monteiro Júnior.
Tendo entrado com a época desportiva já em andamento e numa altura de algumas tensões, esta Gerência deparou-se com várias questões complicadas e ainda por cima a partir de um momento indeterminado e por motivos que se desconhecem, teve um Presidente pouco presente, pelo que foi o vice Barreira de Campos, quem deu a cara pelo Clube neste período.
Esta situação não foi impeditiva do crescimento do Sporting, numa altura em que por determinação do Governo, os anos económicos dos clubes passaram a ter de coincidir com os anos civis, daí que na Assembleia Geral eleitoral que fechou este mandato em 16 de Setembro de 1944, não tenha sido sujeito a aprovação o Relatório Contas desta Gerência, o que levou Amado de Aguilar a considerar a referida AG ilegal, de acordo com os Estatutos do Clube.
Em termos desportivos esta Gerência foi essencialmente marcada pelo regresso do Futebol às grandes vitórias, com a conquista do Campeonato Nacional e da Taça Império, havendo ainda a registar algumas vitórias no Atletismo e no Ciclismo, onde o Sporting teve uma presença prestigiante na Volta à Catalunha. Para além disso a seccção de Râguebi foi recativada, com o ingresso no Sporting de um grupo de atletas que jogavam no Ginásio Clube Português, que naquela altura tinha acabado com a prática da modalidade.
Há também a registar a criação de uma secção de Campismo e a reactivação do Boletim do Sporting, que a partir desta altura entrou finalmente numa fase de publicação regular.
De resto foi no Boletim, que por altura das celebrações do seu 38º aniversário, o Sporting Clube de Portugal publicou uma relação elaborada por Salazar Carreira, onde eram elencados os 1000 Campeonatos ganhos pelo Clube e pelos seus atletas, até a essa data, uma lista onde apenas eram tidas em conta provas oficiais. No entanto uma contagem mais minuciosa, permite-nos afirmar que essa marca já tinha sido ultrapassada no final do ano de 1943, o que demonstrava bem a enorme dimensão que o Sporting tinha atingido.
Apesar da crise, o Clube cresceu em termos de associativismo e em Setembro de 1944 já contava com 6400 sócios, numa altura em que a filiação no Sporting, era incentivada por uma campanha que permitia a isenção de joia de inscrição, o que viria a dar bons resultados nos meses seguintes.
A Sede e o Estádio continuavam a ser problemas prioritários. Em relação à primeira, o Clube tinha em caixa os 500 contos resultantes da venda do Prédio da Rua Rosa Araújo, mas mesmo assim ainda não se encontrara uma solução considerada adequada.
Já a questão das instalações desportivas era bem mais complexa, principalmente em virtude do plano de urbanização da cidade de Lisboa. Assim fora retomado o sonho da construção de um novo Estádio nos terrenos que o Sporting ocupava no Lumiar e nesse âmbito foi elaborado um ante-projecto de autoria do Engenheiro Manuel Travassos Valdez, que contemplava dois campos relvados (um principal e outro para treinos), pistas de Atletismo e Ciclismo, circundadas por um Peão com capacidade para receber 30 mil espectadores e por uma bancada com a lotação para 15 mil lugares, albergando na sua parte inferior serviços a balneários, um rinque coberto, um campo para o Basquetebol e o Voleibol, uma piscina, cortes de Ténis e parque infantil. Um projecto extremamente ambicioso para uma época de crise, mas que já relectia a grandeza do Sporting Clube de Portugal, que caminhava definitivamente para a maioridade.
Outra das preocupações desta Direcção, foi a reorganização do Clube, verificando-se reformas na actividade administrativa, nos serviços e na contabilidade, ao mesmo tempo que a revisão dos Estatutos estava em fase de estudo.
Tal como anteriormente foi referido, o Relatório Contas desta Gerência só foi apresentado no inicio do ano de 1945, incluindo todas as movimentações financeiras do Clube, desde 1 de Julho de 1943 até 31 de Dezembro de 1944. Neste documento verificava-se que o Futebol continuava a ser deficitário, apresentando despesas que se aproximavam dos 876 contos, contra receitas de 744 contos, sendo que os custos com jogadores e treinadores andavam à volta dos 468 contos, havendo ainda a referir cerca de 80 contos pagos por transferências de jogadores. A coluna das receitas resumia-se praticamente à bilheteira.
Em termos de gastos, seguiam-se o Atletismo com 73 contos e o Ciclismo, em fase de emagrecimento, a custar 62 contos, enquanto o Andebol, o Basquetebol e a Natação já se aproximavam dos 25 contos. Curiosamente o Ténis ocupava o 4º lugar na lista das modalidades mais dispendiosas, registando gastos de 41 contos, que no entanto eram cobertos com receitas praticamente iguais, resultando num saldo positivo de 50 escudos.
As despesas com o Campo Atlético andavam à volta dos 71 contos e os gastos gerais já se aproximavam dos 350 contos, destacando-se os 90 contos pagos aos funcionários e os 35 contos despendidos com rendas, enquanto na coluna das receitas, a quotização ocupava o lugar de destaque, ultrapassando os 656 contos.
A comitiva do Sporting em Madrid
Foi já na fase final desta Gerência que terminou oficialmente no dia 4 de Novembro de 1944, com a tomada de posse dos novos Corpos Sociais do Clube, que a equipa de Futebol do Sporting se deslocou a Madrid, onde defrontou o Atlético Aviacion, num jogo integrado no Dia da Raça, um acontecimento amplamente destacado na época, justificando a presença no Estádio Metropolitano, do Embaixador de Portugal em Espanha, Pedro Teotónio Pereira, com a comitiva leonina a ser liderada pelo Presidente Barreira de Campos e a contar com a presença do Director Geral dos Desportos Salazar Carreira e de Vírgilio Paula, em representação da FPF.
To-mane 22h30min de 25 de Outubro de 2011 (WEST)