Diferenças entre edições de "Atletismo 1990"

Revisão das 21h25min de 20 de dezembro de 2012

O ano de Dionísio Castro

Os gémeos Castro

Na década de 80 o Atletismo do Sporting passou por muitas dificuldades que atingiram o seu ponto alto durante a crise de 1989, da qual resultou a demissão da Direcção de Jorge Gonçalves e a realização de eleições antecipadas.

Em relação ao Atletismo, a nova Direcção liderada por Sousa Cintra apostou essencialmente em segurar a equipa de Corta Mato, mas quanto ao resto saíram do Sporting mais de 20 atletas no final do ano de 1989, sobrando apenas um ou outro resistente, como era o caso de João Lima e de alguns jovens, com natural destaque para Teresa Machado, que nesta temporada conseguiu finalmente derrubar o velho Recorde Nacional do Lançamento do Peso, que pertencia a Adília Silvério há quase 14 anos, para além de ter melhorado duas vezes o Recorde Nacional do Lançamento do Disco e três vezes o Recorde Nacional do Lançamento do Peso em pista coberta, isto sem esquecer a sua brilhante participação nos Campeonatos Ibero Americanos, onde conquistou a Medalha de Ouro no Lançamento do Disco e a Medalha de Bronze no Lançamento do Peso.

Mas nesta altura as grandes figuras do Atletismo leonino eram os Gémeos Castro, e se para Domingos o ano de 1990 não foi brilhante, devido a uma arreliadora lesão que o afastou dos Campeonatos da Europa, onde seria um forte candidato à conquista de uma Medalha, para Dionísio esta foi a sua grande época, ao sagrar-se vencedor do Crosse da Taça dos Campeões Europeus de Corta Mato, Campeão Nacional de Estrada, Campeão de Portugal dos 5000m, e ao bater o Recorde Mundial dos 20 Km.

Apesar das dificuldades a época começou com algumas vitórias, com Domingos Castro a ganhar o Crosse Venta de Baños, a São Silvestre da Amadora e o Crosse Internacional de Zornotza, enquanto Fernando Couto venceu o Grande Prémio do Natal.

Por equipas o Sporting voltou a ganhar o Crosse Itálica, onde Domingos Castro foi 2º classificado atrás do queniano Osoro Ondoro, enquanto Dionísio ficou no 4º lugar, ele que tinha sido 2º em Venta de Baños e na Amadora.

Na Taça dos Campeões Europeus de Corta Mato, o Sporting Clube de Portugal renovou o titulo, conquistando o seu 10º triunfo nesta competição, que mais uma vez se disputou na Aldeia das Açoteias, onde os Gémeos Castro dominaram a seu belo prazer, terminando a prova a par, enquanto Carlos Patrício e Eduardo Henriques fechavam a equipa dentro dos primeiros 10 lugares, garantindo um triunfo tranquilo.

Nos Campeonatos Nacionais de Corta-Mato a história repetiu-se, com os Gémeos Castro outra vez na frente, mas desta feita o 1º foi Domingos, enquanto Dionísio ficou no 2º lugar, no entanto o Benfica apresentou um conjunto mais homogéneo, metendo seis homens até ao 9º posto, garantido assim a vitória por equipas. Eduardo Henriques foi o terceiro atleta do Sporting ao classificar-se na 10ª posição e Carlos Patrício foi apenas 13º classificado, enquanto Fernando Couto fechou a equipa no 15º lugar, o que não dava para renovar o título colectivo, interrompendo-se assim uma serie de oito vitórias consecutivas.

No Mundial de Corta Mato Domingos Castro foi o melhor europeu, terminando no 7º lugar, intrometendo-se no domínio absoluto dos atletas africanos, enquanto o seu irmão Dionísio ficou no 13º posto, o que também podia ser considerada uma boa classificação.

Vencedores na Estafeta Cascais-Lisboa

Na Estrada realizaram-se os primeiros Campeonatos Nacionais desta variante do Atletismo, com vitórias categóricas do Sporting Clube de Portugal e de Dionísio Castro, que poucas semanas antes tinha batido o Recorde Mundial dos 20 Km. De resto esta vitória apenas vinha confirmar a superioridade revelada pelos Leões na Estafeta Cascais-Lisboa mais uma vez ganha pelo Sporting, com uma equipa constituída por Eduardo Henriques, Fernando Couto, Domingos Castro, Dionísio Castro e Carlos Patrício.

Na pista coberta os atletas leoninos conquistaram apenas 4 títulos nos Campeonatos de Portugal, mas o grande momento aconteceu no Meeting Internacional de Aveiro, quando Teresa Machado lançou o Peso a 16,41m, que era o Recorde Nacional absoluto, melhorando em 21 centímetros o velho máximo de Adília Silvério.

Com a sua equipa masculina praticamente reduzida ao sector do fundo, na Pista o Sporting não teve condições para discutir títulos colectivos, mas mesmo assim foi possível ficar em 2º lugar no Campeonato Nacional de Atletismo, com vitórias de Carlos Patrício nos 5000m, Raimundo Santos nos 10000m, Elísio Rios nos 3000m obstáculos, Carlos Castelbranco no Salto em Comprimento e António Peixoto no Lançamento do Martelo.

Nos Campeonatos de Portugal individuais foram também 5 os títulos conquistadas pelos atletas leoninos, que começaram no inicio da temporada com a vitória de Carlos Patrício nos 10000m, para depois já no Verão, João Lima obter o seu 9º titulo nos 110m barreiras e Dionísio Castro ganhar a corrida dos 5000m, enquanto Carlos Castelbranco no Salto em Comprimento e António Peixoto no Lançamento do Martelo, confirmaram a sua superioridade nestas disciplinas.

Quanto ao sector feminino que ficara praticamente reduzido a Teresa Machado, o Sporting apresentou no Campeonato Nacional uma equipa formada apenas por duas seniores e uma júnior, sendo as restantes atletas juvenis e iniciadas, a mais nova das quais com apenas 13 anos, o que levou o Prof. Moniz Pereira a baptizar a equipa como "a selecção da Maternidade Alfredo da Costa".

Assim não foi possível fazer melhor do que um 4º lugar, com vitórias de Teresa Machado nos lançamentos do Peso e do Disco e da júnior Sandra Barreiro no Salto em Comprimento, enquanto nos Campeonatos de Portugal individuais foram apenas dois os títulos conquistados por estas mesmas atletas, neste caso no Lançamento do Peso e nos 100m barreiras.

Na ausência do seu irmão Domingos, Dionísio Castro assumiu-se como candidato à conquista de uma medalha nos Campeonatos da Europa que se iriam disputar em Split na Jugoslávia, conseguindo alguns bons resultados nos meetings internacionais onde participou, ganhando os 3000m do Memorial Nuñes Blanco com o excelente tempo de 7,49,30m, os 5000m do Grande Prémio de Sevilha com a marca de 13,21,39m, e classificando-se no 4º lugar nos 5000m do Meeting de Zurique, onde foi o melhor europeu, melhorando o seu recorde pessoal para 13,13,59m.

Nos Campeonatos da Europa Dionísio Castro ficou em 2º lugar na sua meia-final, garantindo tranquilamente o apuramento para a Final, onde acabou no sempre ingrato 4º lugar, sendo ultrapassado em cima da meta pelo polaco Majusiak, que pouco tempo depois foi apanhado nas malhas do controle anti-doping.

Depois da corrida Dionísio acusou o italiano Salvatore Antibo que fora o vencedor da prova, de o ter empurrado para fora da pista a 200m da meta, mas o protesto da FPA foi indeferido. Os outros atletas leoninos presentes nestes Campeonatos foram Carlos Castelbranco e Teresa Machado, que tiveram prestações decepcionantes, não passando das qualificações.

Esta época ficou ainda assinalada pela despedida de Fernando Mamede da alta competição. Com 38 anos de idade capitaneou a equipa que ganhou a Taça dos Campeões Europeus de Corta Mato pela 10ª vez, nove das quais com a sua participação. Retirou-se de uma forma discreta e sem alaridos, depois de uma época em que já não pôde ajudar muito a equipa, apesar de nunca se ter negado a dar o seu contributo.

To-mane 17h57min de 20 de Dezembro de 2012 (WET)

Vitórias do Clube

Taça dos Campeões Europeus de Corta Mato

Classificação por equipas

Classificação individual

Atletas Campeões Nacionais

Recordes Nacionais

• 1 Recorde absoluto
• 2 Recorde Mundial

Atletas em competições internacionais