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Os jogadores do Sporting levados em ombros

O percurso do Sporting na Taça de Portugal de 1952 foi cheio de grandes dificuldades que começaram logo no inicio com as ausências forçadas de Caldeira que se tinha lesionado na última jornada do Campeonato e de Jesus Correia que fora integrado nos trabalhos da Seleção Nacional de Hóquei em Patins, que estava a preparar o Campeonato Mundial.

Depois de ter eliminado o Marítimo e o Belenenses, coube ao Sporting defrontar o FC Porto numa meia final que ficou marcada pelo facto histórico da eliminatória ter começado no Estádio das Antas que tinha sido inaugurado 4 dias antes, pelo que se tratou do primeiro jogo oficial disputado no naquele campo. Ganhou a equipa da casa por 2-0 principalmente graças à grande exibição do guarda-redes Barrigana, mas também devido a uma tarde infeliz dos avançados do Sporting que desperdiçaram várias oportunidades de golo feito, isto sem esquecer o facto da defesa leonina apresentar dois elementos que no inicio da época jogavam nas Reservas. Amaro da Silva que ocupara o lado direito depois da lesão de Armando Coelho e Joaquim Pacheco que tinha vindo de Macau como um avançado centro, mas que agora estava a dar os primeiros passos como defesa esquerdo no lugar que era de Caldeira desde a entrada de Amaro da Silva na equipa.

Com dois golos de vantagem o FC Porto viajou até Lisboa confiante na passagem à Final e quando aos 6 minutos do jogo da 2ª mão os portistas se apanharam a ganhar por 2-0 perante a estupefação geral, já ninguém acreditava noutro cenário. Mas à semelhança do que tinha acontecido no campeonato o Sporting voltou a mostrar que não se deixava enterrar antes do tempo.

Com 4 golos de desvantagem os Leões não baixaram os braços e à passagem do quarto de hora Veríssimo atirou à barra e na confusão que se seguiu a bola tabelou em Bibelino e entrou, numa altura em que Virgílio já se tinha lesionado pelo que jogava visivelmente inferiorizado. 8 minutos depois Bibelino tirou já dentro da baliza uma bola rematada por Vasques, mas a equipa de arbitragem não validou aquele que deveria ter sido o golo do empate que só chegaria muito perto do intervalo por intermédio de Travassos, numa altura em que os portistas já usavam e abusavam do anti jogo o que levou o árbitro a dar 3 minutos de compensação, durante os quais Vasques e Correia desentenderam-se e foram expulsos.

A 2ª parte foi de ataque massivo do Sporting perante um Porto que se defendia de qualquer maneira e recorrendo aos piores métodos para queimar tempo o que acabaria por lhe ser fatal. Perto da meia hora Albano fez o 3-2 e os sportinguistas sentiram que era possível empatar a eliminatória, o que viria a acontecer já no período de compensação justificadamente dado pelo arbitro e novamente por intermédio de Albano que foi a par de Travassos a grande figura da equipa.

O regulamento previa um jogo de desempate que se realizou dois dias depois no Municipal de Coimbra, que registou a maior enchente de sempre, com os adeptos portistas em maioria, apesar dos milhares de sportinguistas que marcaram presença para apoiar a sua equipa.

A ausência do castigado Vasques obrigou Randolph Galloway a alterar por completo a linha avançada com a entrada de Rola para o lugar de extremo esquerdo, recuando Albano para interior do mesmo lado e passando Travassos para a ala direita no apoio a Pacheco Nobre que continuou como extremo direito.

Já parecia uma fatalidade e a história repetiu-se com o FC Porto a chegar aos 2-0 quando o relógio marcava apenas 14 minutos de jogo. Seria o Sporting capaz de recuperar outra vez da desvantagem? A resposta afirmativa foi dada aos 38m quando Pacheco Nobre reduziu para 2-1, na recarga a um remate de Travassos que Barrigana tinha defendido com dificuldade.

Na 2ª parte o domínio do Sporting intensificou-se, mas o momento do jogo terá sido quando Carlos Vieira falhou o 3-1 à boca da baliza de Carlos Gomes e na sequência do pontapé de baliza rapidamente executado pelo guarda-redes leonino, o Sporting chegou ao empate por intermédio de Rola que acorreu oportuno a concluir um centro de João Martins. Faltavam 25 minutos e logo aí se percebeu que dificilmente os portistas iriam conseguir parar um Sporting confiante, moralizado e autoritário.

A claque portista até aí barulhenta e entusiástica ficou subitamente silenciosa, sentindo o cheiro da derrota que se consumou 5 minutos depois com Albano a concluir à segunda uma bela jogada de João Martins, depois de Barrigana ter defendido o primeiro remate do interior esquerdo leonino.

A estocada final foi dada por Rola aos 81m novamente a passe de João Martins, que selaria a sua magnifica exibição com último golo do jogo concluindo um contra ataque, numa altura em que os portistas já estavam completamente desorientados, resultando daí a expulsão de Romão.

No final os jogadores leoninos foram levados em ombros pelos adeptos que invadiram o campo para festejar a passagem à Final numa eliminatória que esteve várias vezes muito tremida.