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Uma solução adiada por Sousa Cintra

Na sequência da crise de 1989 o nome de Santana Lopes chegou a ser apontado como o líder de uma lista de consenso para as as eleições que resultaram desse processo, no entanto a aparecimento de Sousa Cintra inviabilizou essa solução.

O novo ciclo durou 6 anos, até que Sousa Cintra já cansado, muito desgastado e por vezes contestado, antecipou o fim do seu 3º mandato, abrindo o caminho para uma sucessão tranquila, que mais não era do que o retomar da solução que tinha estado em cima da mesa em 1989.

Nessa altura o Sporting já não ganhava um Campeonato Nacional de Futebol há 13 anos, continuando a viver com alguns problemas financeiros e era um Clube cada vez menos respeitado pelas instituições oficiais, no desporto e fora dele, pelo que continuava a atrasar-se em relação aos seus grandes rivais.

O primeiro ano

José Roquete o mentor do Projecto

Foi então que surgiu o chamado "Projecto Roquete" idealizado por José Roquete, tri-neto do Visconde de Alvalade e neto de José Alvalade, que visava a criação de uma estrutura empresarial, que deveria ser constituída por uma SAD para gerir o Futebol com rigor e profissionalismo, uma sociedade de serviços que actuaria nas áreas do mercado, para potenciar todos os negócios paralelos à vertente desportiva, e várias sociedades imobiliárias para gerirem e rentabilizarem o património do Sporting, com o objectivo de construir a já há muito ansiada "Cidade Desportiva", ao mesmo tempo que se apontava para a necessidade de uma reconversão das instituições do futebol nacional, que deveriam ser alvo de mudanças rápidas, no sentido de recuperarem a sua credibilidade.

Nessa altura ouviram-se da boca de José Roquete algumas frases fortes como: "não contem comigo para vender património", "vamos criar condições para o Clube não ficar dependente da bola que bate na barra", "vamos preparar as coisas para nos próximos cinco campeonatos o Sporting ganhar pelo menos dois", "vamos devolver o Clube aos sócios" ou o "sistema é um conjunto de maus hábitos instituídos no futebol português, que tem de ser rapidamente alterados".

No entanto José Roquete não estava muito interessado na enorme exposição pública resultante do cargo de Presidente de um grande Clube como o Sporting, e inicialmente preferiu ficar na retaguarda presidindo ao Conselho Fiscal e delegando a Presidência da Direcção ao mediático Santana Lopes.

Assim no dia 2 de Junho de 1995 foram eleitos novos Corpos Sociais do Sporting Clube de Portugal, numa Assembleia-Geral eleitoral na qual marcaram presença 8856 sócios, um novo recorde para eleições com listas únicas, o que era revelador do apoio inequívoco dos sócios leoninos ao Projecto idealizado por José Roquete.

Na Gerência de Santana Lopes os sócios do Sporting foram chamados a referendar uma terceira modalidade de alta competição para se juntar ao Futebol e ao Atletismo, que eram por tradição as modalidades principais do Clube, tendo a escolha recaído no Andebol, o que levou ao encerramento da secção de Basquetebol, isto depois de o Voleibol e o Hóquei em Patins já terem sido extintos. Foi também aprovada a cota extraordinária, que implicava que durante um ano os sócios pagassem as suas cotas a dobrar, o que acabou por ter um efeito contrário ao desejado, pois na verdade foram muitos os que deixaram de ser sócios nessa altura, pelo que essa medida foi anulada.

A 26 de Julho de 1996 foram aprovados os novos Estatutos do Sporting, onde foi autorizada a participação do Clube em Sociedades comerciais e desportivas. Mas antes em Abril, Santana Lopes não resistiu ao apelo das suas ambições políticas e marcou presença activa no Congresso do seu Partido, acabando por se demitir da Presidência do Sporting Clube de Portugal.

Assim e como a elaboração dos novos Estatutos que estava em curso, previa a cessação do mandato de todos os membros dos órgãos sociais em funções na altura, e a convocação imediata de uma Assembleia-Geral eleitoral extraordinária, que se viria a realizar no dia 25 de Outubro de 1996, foi decidido cooptar José Roquete para a Presidência do Sporting Clube de Portugal, o que aconteceu no dia 11 de Abril de 1996, antecipando-se assim a chegada ao comando daquele que na verdade era o mentor do chamado Projecto Roquete.

José Roquete avança

José Roquete festeja o título de 2000

José Roquete presidiu ao Sporting Clube de Portugal durante pouco mais de 4 anos, e passaria ainda por outros dois actos eleitorais, o último dos quais em Novembro de 1999, na sequência dos primeiros sinais de contestação, resultantes dos maus resultados da equipa de Futebol profissional, mas nunca teve oposição e nessas eleições conseguiu reforçar a sua posição, através da comparência de 6436 sócios do Sporting Clube de Portugal, que responderam ao seu apelo para uma presença massiva.

Durante as suas Gerências José Roquete conseguiu consumar um acordo com a Câmara Municipal de Lisboa, referente aos terrenos que circundavam o Estádio José Alvalade e a ideia da Cidade Desportiva evoluiu para a construção de um centro de treinos sediado em Alcochete e do Complexo Alvalade XXI, que se deveria pagar a si próprio, mas que perante a derrapagem nos custos, acabou por ser uma das principais causas do crescimento assustador do passivo do Clube.

A Sociedade Desportiva de Futebol - SAD, foi constituída no 6ª Cartório Notarial de Lisboa a 28 de Outubro de 1997 e admitida na Bolsa em 1998, no entanto perante os maus resultados desportivos e financeiros, esta Sociedade foi acumulando prejuízos ao longo dos anos e as suas acções que entraram no mercado com o valor de 1000$, sofreram constantes desvalorizações.

Em Agosto de 1999 realizou-se uma Assembleia-Geral, onde cerca de 200 sócios leoninos aprovaram o orçamento para o exercício de 1999/2000. Nessa altura José Roquete afirmou que depois de alcançada a estabilidade financeira, o Sporting estava finalmente em condições de dar prioridade aos resultados desportivos e referiu-se ao acordo que tinha sido firmado com o Banco Comercial Português, como um instrumento fundamental para que nos três anos que iriam completar aquela Gerência, fosse possível anular o passivo do Sporting, que a partir dali estaria obrigado a ter um orçamento equilibrado.

De facto o Sporting regressou pouco depois aos títulos no Futebol, quando na época de 1999/00 ganhou o Campeonato Nacional, quebrando assim um longo jejum que durou 18 anos, mas essa vitória não foi boa conselheira dando origem a mais uma crise institucional, com José Roquete a abandonar a Presidência do Sporting Clube de Portugal, sendo substituído pelo seu vice-presidente Dias da Cunha, com efeitos a partir do dia 1 de Agosto de 2000.

Obra feita

O Complexo Alvalade XXI, o grande ícone do Projecto Roquete

Durante os mandatos de Dias da Cunha foram inaugurados os dois grande ícones do Projecto Roquete, primeiro em Julho de 2002 a Academia Sporting, um complexo desportivo situado em Alcochete, com 250 mil metros quadrados ao serviço da preparação e dos estágios da equipa profissional de futebol e de todos os escalões de formação a partir dos 13 anos de idade, e depois em 6 de Agosto de 2003 o novo Estádio que se continuou a chamar José Alvalade, estando envolvido no Complexo Alvalade XXI, que incluía: O Edifício Visconde de Alvalade, que albergava a maioria dos serviços do Clube e respectivas empresas; O Edifício Multidesportivo; O Alvaláxia, Centro Comercial; Uma Clínica Médica; Um Health Club; Um Centro de Dia e o Mundo Sporting, o novo museu do Clube.

Dias da Cunha seria confirmado na Presidência do Sporting Clube de Portugal em 12 de Julho de 2002, ainda sem oposição, numa Assembleia-Geral eleitoral que se realizou logo a seguir à conquista do Campeonato Nacional de Futebol referente à época de 2001/02, mas não viria a completar esta Gerência, pois demitiu-se em 19 de Outubro de 2005, na sequência de mais uma crise com origem nos maus resultados da equipa de Futebol profissional.

Ficou então decidido que seria o Vice-Presidente Filipe Soares Franco a assumir a liderança do Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal, de forma a concluir aquela Gerência que já estava no seu último ano, até a realização de novas eleições que viriam a ocorrer em 28 de Abril de 2006, e nas quais era suposto que fosse Ernesto Ferreira da Silva o candidato à Presidência do Sporting proposto para dar seguimento ao Projecto Roquete, quando se aproximavam as comemorações do centenário do Clube, a cuja Comissão Organizadora ele presidia.

Uma mudança de rumo

Soares Franco, o homem da venda do património

No entanto em 2006 Filipe Soares Franco resolveu avançar ele mesmo, inviabilizando a candidatura de Ferreira da Silva, numa altura em que a situação financeira do Clube e da SAD já era assustadora, e em que pela primeira vez depois do arranque do Projecto Roquete, surgiu uma lista de oposição à linhagem que governava o Sporting há 11 anos, e que foi liderada por Sérgio Abrantes Mendes que concorreu contra Soares Franco, numas eleições que ficaram essencialmente marcadas pela discussão à volta da reestruturação financeira defendida pelo então Presidente do Sporting, que previa a venda do património não desportivo do Clube (Edifício Visconde de Alvalade, Alvaláxia, Holmes Place e Clínica CUF), visando a redução do passivo para valores à volta dos 150 milhões €, o que segundo ele tornaria o Clube governável.

Esta foi a opção preferida pela maioria dos sócios leoninos, que reconduziram Filipe Soares Franco na Presidência do Sporting Clube de Portugal, e que de certa forma significava o reconhecimento do falhanço do Projecto Roquete na sua vertente financeira, sendo também vista pela oposição como uma cedência do Clube aos interesses dos dois bancos que eram os grandes credores do Grupo Sporting, validando-se assim a venda do património não desportivo do Clube, que se consumou num empobrecimento patrimonial do Sporting, mas que não resolveu os seus problemas financeiros, mesmo que Soares Franco tenha alegado em sua defesa a crise económica mundial e os bloqueios conseguidos por uma minoria de sócios que impediram a aprovação de algumas medidas por ele consideradas como fundamentais, o que o levou a decidir não se recandidatar em 2009.

Na sua Gerência Soares Franco cavou o fosso com os sócios e com o ecletismo, chegando a reconhecer que via o Sporting como um Clube essencialmente de Futebol, e este acima de tudo como um negócio, tendo garantido através de uma redução de custos, uma gestão mais equilibrada em termos financeiros, mas mesmo assim até obteve algumas conquistas no Futebol, conseguindo a proeza de nunca ter mudado de treinador, resultando daí uma estabilidade pouco habitual nesse sector fundamental na vida do Clube.

O falhanço de Bettencourt

Numa altura em que a contestação ao chamado Projecto Roquete era crescente, a sucessão de Soares Franco foi encarada com algum cuidado e o escolhido acabou por ser José Eduardo Bettencourt, uma espécie de menino bonito da linhagem que dirigia o Sporting desde 1995, e de facto o resultado das eleições de 2009 foram esmagadores para uma oposição que se começava a organizar, mas que ainda estava órfã de um verdadeiro líder.

No entanto a Gerência de Bettencourt, que tentou a reaproximação aos sócios e que conseguiu concluir a reestruturação financeira iniciada por Filipe Soares Franco resolvendo a questão das Vmoc's, foi um verdadeiro desastre na gestão do Futebol, que assentava no slogan "Bento forever", que ficou esvaziado com a saída do treinador Paulo Bento logo em Novembro de 2009, entrando então a SAD numa espiral de erros e consequentes maus resultados, que culminaram na renuncia de José Eduardo Bettencourt, que ocorreu no dia 15 de Janeiro de 2011, abrindo-se assim o caminho para novas eleições, onde pela primeira vez estava verdadeiramente em causa a continuidade do Projecto Roquete.

Agarrados ao poder

As eleições de 2011, um dos momentos mais negros

Depois do falhanço de alguém como José Eduardo Bettencourt e com o Clube e a SAD numa situação cada vez mais complicada, não foi fácil encontrar o senhor que deveria dar seguimento ao que sobrava do Projecto Roquete, principalmente depois da recusa de Rogério Alves. A escolha recaiu numa figura de segundo plano como era o caso de Godinho Lopes, que teve de enfrentar a concorrência de quatro candidatos, naquelas que foram as eleições mais concorridas da história do Clube, e talvez tenha sido isso que lhe permitiu ganhar, mesmo que com apenas 360 votos de vantagem, e no meio de muita polémica resultante da possibilidade de terem ocorrido graves irregularidades no processo de apuramento dos resultados.

Numa posição fragilizada desde o inicio, Godinho Lopes tentou reunir consensos e último fôlego do Projecto Roquete ficou marcado por um investimento brutal na equipa de Futebol profissional, que viria a corresponder aos piores resultados da história do Clube, numa Gerência marcada por uma enorme instabilidade directiva, que culminou em mais uma grave crise institucional, que viria a resultar na demissão conjunta dos os Órgãos Sociais do Sporting, o que evitou a realização de uma Assembleia Geral Extraordinária deliberativa, que tinha como objectivo único discutir e votar a a destituição do Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal, numa acção promovida por um significativo numero de sócios, que era demonstrativa do desencanto destes perante o rumo que o Clube tinha tomado.

Assim no dia 23 de Março de 2013, realizou-se uma Assembleia Geral eleitoral extraordinária na qual Bruno de Carvalho foi eleito Presidente do Sporting Clube de Portugal, derrotando José Couceiro, que era apontado como o candidato da continuidade, terminando assim um ciclo que durou quase 18 anos, onde ocorreram grandes e decisivas transformações a vários níveis.

Balanço

O título de 2000, um dos momentos altos

No Futebol profissional o Sporting conseguiu quebrar um longo jejum de títulos, mas os dois Campeonatos conquistados ficaram muito longe dos dois em cada cinco que eram desejados, e nem mesmo as 4 Taças de Portugal e as 5 Supertaças ganhas nesse período, às quais se pode somar uma presença na Final da Taça UEFA, foram suficientes para atenuar um balanço final negativo, até porque o que sobrava em Março de 2013, era uma equipa esfarfalhada que ocupava o 10º lugar no Campeonato.

O Sporting foi a locomotiva do aparecimento das SAD no Futebol português, mas os resultados daquela que era suposto vir a ser uma gestão profissional e rigorosa, foram prejuízos, atrás de prejuízos, que levaram à desvalorização total das Acções e colocaram em cima da mesa a discussão sobre a possibilidade do Sporting perder a maioria no Capital Social da sua SAD.

A luta contra o "sistema" foi outro processo liderado pelo Sporting neste período, com José Roquete e Dias da Cunha a assumirem um papel relevante nessa matéria, onde se deram alguns passos no sentido de uma maior transparência e credibilização do futebol português, mas a ingenuidade destes dirigentes no confronto com os poderes instalados, foi visível em vários processos, como foi o caso do "luto" decretado na época de 1998/99, e principalmente no tempo de Dias da Cunha, um Presidente que em 2003 andou de braço dado com Pinto da Costa, chegando a usar um cachecol do FC Porto durante uma Final da Taça UEFA e que dois anos depois subscreveu um "Manifesto" em conjunto com Luís Filipe Vieira, isto na mesma altura em que o Sporting era fortemente prejudicado em detrimento do Benfica, na ponta final do Campeonato de 2004/05.

Na área da formação foi dado um significativo salto qualitativo na sistematização da linha de produção de talentos, que já era uma tradição no Sporting, mas que com a Academia se aprimorou para níveis de excelência e passou a ser uma imagem de marca do Clube, reconhecida internacionalmente. No entanto o aproveitamento desses talentos na equipa principal e a sua rentabilização em termos de mais valias financeiras, ficou muito longe do que seria expectável, apesar das transferências de Nani (25 milhões €), Cristiano Ronaldo (15 milhões €), Simão (15 milhões €) e João Moutinho (11 milhões €), terem atingido valores significativos, mas os sportinguistas nunca aceitaram o facto deste último ter ido para o FC Porto, onde Ricardo Quaresma já tinha brilhado, repetindo o sucedido com Simão no Benfica. Isto já para não falar no reinvestimento ao nível das contratações, que tornou Elias, Rodrigo Tello e Sinama Pongolle, nos jogadores mais caros da história do Sporting, liderando uma longa lista de desperdício incompreensível.

Em termos de património o Sporting para além da Academia, construiu o Complexo Alvalade XXI, sendo também o primeiro Clube português a avançar para a modernização das suas instalações desportivas, mas a ideia de ter um estádio que se pagaria a si próprio, não passou de uma ilusão que acabou por ter custos elevadíssimos, contribuindo para deixar o Clube praticamente sem nada e completamente hipotecado aos bancos, de tal forma que em Março de 2013 o passivo consolidado do Grupo Sporting, estimava-se num valor próximo dos 450 milhões €, pelo menos 10 vezes mais do que tinha sido herdado em 1995.

Nas modalidades o Sporting recuperou a hegemonia no Atletismo, conseguindo até a proeza de ganhar uma Taça dos Campeões Europeus desta modalidade, à qual se somou uma Taça Challenge no Andebol, para além de se ter tornado no Clube dominante no Futsal, uma modalidade que nesta altura se afirmou no panorama desportivo nacional como uma das mais populares, mas em contrapartida encerraram-se várias secções, e reduziram-se outras à condição de parceiros autónomos. Mesmo assim o ecletismo continuou a ser uma imagem de marca do Clube, que ultrapassou a centena de atletas olímpicos nos Jogos de 2006.

O sportinguista em sofrimento

O afastamento dos sócios foi outra realidade paralela ao Projecto Roquete, com o Sporting a passar a tratá-los mais como clientes, de que como os donos do Clube, e nas eleições de 2013 dos mais de 100 mil inscritos, apenas 32518 estavam em condições de votar, numa altura em que a massa associativa se encontrava claramente dividida, entre os mais conservadores que ainda estavam dispostos a dar outra oportunidade à linha da continuidade e os que defendiam a necessidade de uma ruptura total com o passado recente, havendo mesmo quem considerasse que a situação do Clube e da SAD não era apenas o resultado da incompetência dos seus dirigentes, apontando para uma gestão danosa da parte de muita gente que em vez de servir o Clube se tinha servido dele, e que continuava agarrada ao poder na defesa dos muitos interesses instalados, e de facto todo o processo eleitoral de 2011 e alguns episódios que antecederam as eleições de 2013, podiam ser interpretados como fortes indícios nesse sentido.

A auditoria de gestão realizada a todo o período englobado pelo Projecto Roquette, apresentada em 2015, veio confirmar desvios de custos e irregularidades financeiras. Em 31 de Dezembro de 1994 os capitais próprios do Sporting eram 18,7 milhões de euros, com um passivo total de 25,6 milhões, enquanto no fim do mandato de Godinho Lopes eram 312,5 milhões de euros negativos, com um passivo total de 487,1 milhões.

O Projecto Roquete ficou também marcado pela ausência de uma liderança forte e carismática, e por ter sido protagonizado por dirigentes que desconheciam completamente o meio onde se viram metidos, particularmente no que diz respeito ao Futebol, o que fez com que na maior parte dos casos tenham delegado as responsabilidades em profissionais, quase sempre mal escolhidos. De facto os Presidentes deste período mesmo sendo pessoas conceituadas nas suas áreas de acção, nunca se adaptaram ao mundo do Futebol, revelando grande incomodidade sempre que foram forçados a conviver com a pressão dos sócios e dos adeptos, dos quais se fartaram rapidamente.

Foi neste cenário de desunião e penúria que Bruno de Carvalho surgiu como uma nova esperança para o Clube, numa altura em que já havia quem dissesse que o problema do Sporting mais do que uma crise de identidade, era uma questão de sobrevivência.

To-mane 13h11min de 1 de Abril de 2013 (WEST)