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A segunda Finalíssima

A Zona Sul do Campeonato Nacional de 1975/76 foi relativamente fácil. O Sporting ganhou os seus 14 jogos, marcando uma média de 86,1 pontos por jogo e sofrendo 62,8. Isso incluiu uma vitória por 45 pontos de diferença sobre o Benfica, e o agregado contra o 2º classificado, o Barreirense, foi 204-163. Claramente, a equipa comandada pelo jogador-treinador Mário Albuquerque e onde jogavam ainda basquetebolistas como Nelson Serra, Quim Neves, José Carlos Gomes , Rui Pinheiro, Tomané Alves, Manuel Sobreiro, Carlos Sousa e José Roque, a maioria vindos de Moçambique na época anterior, não tinha igual. De tal forma, que esta equipa conseguiu ganhar o Campeonato Nacional por três vezes nesta época.

O Sporting chegou à fase final, disputada entre quatro equipas, como um dos favoritos claros. Ganhou facilmente os primeiros dois jogos, contra o Porto e o Barreirense, mas na visita ao Sangalhos teve a sua primeira real derrota da época, sofrendo mais de 100 pontos. Voltou a perder contra o Porto, ficando todas as equipas com duas vitórias e duas derrotas à 4ª jornada. O Sporting ganhou as duas jornadas seguintes, incluindo o último e decisivo jogo na Ajuda contra o Sangalhos, numa partida cujo desfecho esteve em disputa quase até ao final. Com quatro vitórias e duas derrotas, e com o Porto e o Sangalhos com três vitórias e três derrotas, o Sporting tinha ganho o Campeonato Nacional.

Tinha, mas não ganhou. O Sangalhos protestou o jogo que tinha perdido contra o Barreirense, e este não contestou o protesto, e o Sangalhos venceu na repetição. Com este estratagema a que a Federação Portuguesa de Basquetebol anuiu após um jantar entre os seus dirigentes e os do Sangalhos e ainda os responsáveis pela nomeação dos árbitros, foi necessário jogar uma finalíssima. Esta foi marcada para a Marinha Grande a 10 de Julho de 1976, convenientemente para o Sangalhos visto ser na sua região, facilitando a presença dos seus apoiantes. E voltou o escândalo. Quando o Sporting ganhava por 61-45 a 12 minutos e 52 segundos do final e o Sangalhos tinha perdido o ânimo, num contra-ataque do Sporting o americano sangalhense Bill agarrou a bola e atirou-a com força contra a sua própria tabela, partindo-a, e acenando depois aos seus adeptos com satisfação. Era de memória recente um jogo em Moçambique em que outro norte-americano tinha propositadamente usado esse estratagema para anular um jogo já perdido. Mandaram-se vir novas tabelas de Leiria, e durante uma hora e quarenta e quatro minutos ninguém arredou pé, com o pavilhão cheio. Acontece que as novas tabelas eram de madeira, os dirigentes do Sangalhos protestaram, e os árbitros anuíram, anulando o jogo. Acontece ainda que o regulamento da competição nada dizia sobre tabelas de madeira. O Sporting era assim espoliado da sua segunda conquista do título nacional no espaço de um mês.

Foi marcada uma segunda finalíssima, novamente para a Marinha Grande, a 21 de Julho de 1976. Desta vez, no entanto, os adeptos sportinguistas compareceram em massa, ultrapassando os locais em muito. Entre as duas finalíssimas o Sporting enfrentou o Sangalhos uma outra vez, a contar para a meia final da Taça de Portugal. Os leões jogaram de raiva, e venceram por números incríveis, 103-49, evidenciando a injustiça do que se estava a passar no Campeonato. E na segunda finalíssima voltaram a vencer, com um jogo soberbo, por 92-82. Era, pela terceira vez, a conquista do título máximo nacional, que escapava há sete anos. E foi de aspecto contrariado que o presidente da FPB entregou a taça ao Sporting.

Mas ainda havia a Taça para ganhar...