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*[[Uma derrota a pensar no Brasil]]
 
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Revisão das 16h24min de 10 de outubro de 2011

Depois de uma época desastrosa, em 1927/28 o comando da equipa foi entregue a Filipe dos Santos. O Sporting sagrou-se Campeão de Lisboa pela 6ª vez e, não estivessem os jogadores leoninos com a cabeça no Brasil, apesar do favoritismo que lhes era largamente atribuído, podiam ter vencido o Carcavelinhos na Final do Campeonato de Portugal, disputada a 30 de Junho de 1928.

O desfile das equipas

Como primeira equipa portuguesa a deslocar-se ao Brasil e na primeira digressão transcontinental de uma comitiva futebolística nacional, os preparativos da viagem em nada foram facilitados. A confirmação da deslocação só foi transmitida ao Fluminense a 12 de Abril de 1928, após dois meses de trocas de telegramas. Por outro lado, a imprensa, nomeadamente "Sports", "Sport de Lisboa", "Diário de Notícias" e "Século", lançou uma feroz campanha, que atingiu mesmo o insulto, contra os propósitos do Sporting, acusando o Clube de tudo e tentando que as altas esferas do País proibissem a viagem.

Contra tudo e contra todos, a 1 de Julho de 1928, o Sporting partiu para o Brasil a bordo do paquete Alcântara, como convidado de honra para efectuar alguns jogos com equipas do Rio de Janeiro. A comitiva era composta por: Soares Júnior, chefe da missão; Salazar Carreira, médico e conselheiro técnico; Charles Bell, treinador e manager; Cândido de Oliveira, jornalista; os jogadores do Sporting Jorge Vieira, Cipriano, Penafiel, Matias, Serra e Moura, Martinho, João Francisco, Abrantes Mendes, Jurado, Cervantes, José Manuel Martins, Filipe dos Santos e Fernando Ferreira; os jogadores António Roquete e Gustavo Teixeira, do Casa Pia, João dos Santos e Armando Martins, do Vitória, Carlos Alves, do Carcavelinhos, e Liberto dos Santos, do União. Na manhã de 12 de Julho, a comitiva sportinguista chegou ao Brasil, no cenário majestoso de Guanabara.

A estreia das camisolas listadas

Na bagagem seguiram umas camisolas listadas de verde e branco que Salazar Carreira elegera para o Râguebi, em 1927. Estas camisolas substituíram as camisas bipartidas nesta digressão uma vez que o clima tropical do Brasil aconselhava a utilização de equipamento mais fresco e mais leve.

Já naquele tempo o futebol do continente sul-americano era visto com muita desconfiança, pelo que seriam de esperar algumas dificuldades na ambientação ao novo estilo de jogo. O primeiro duelo, a 15 de Julho e diante o Fluminense, gerou uma enorme expectativa, tendo o Estádio das Laranjeiras recebido, provavelmente, cerca de 30.000 "torcedores", a maior assistência do Fluminense em jogos internacionais naquele estádio. Aliás, os relatos dos meios de comunicação, ainda que com algum exagero, dão bem conta do ambiente electrizante:

O campo da rua Guanabara, onde se deu a abertura dessa série de jogos annunciados, accomodou cerca de 45.000 pessoas

Jornal O PAIZ, de 16/07/1928

Encheram-se as arquibancadas e as geraes, não havia lugar vago nas arquibancadas, nem mesmo nas duas mil, que o Fluminense fez colocar nas pistas

Jornal O GLOBO, de 16/07/1928

Cadeiras numeradas (archibancada), 20$; cadeiras numeradas (pista), 15$; arquibancada, 8$ e geraes, 5$

Jornal O GLOBO, de 27/07/1928

<video id="DSGH4WuBQm0" width="350" position="right" desc="O primeiro registo de futebol em movimento no Brasil"/> Apesar dos Leões terem perdido, inesperadamente, por 4 - 1, fica para a história não só o resultado mas também a estreia das camisolas listadas a verde e branco na equipa de futebol do Clube.

No segundo desafio, a 22 de Julho e agora diante o Vasco da Gama, o Sporting conseguiu melhor imagem e resultado, embora não tenha ido além de um empate a uma bola. No terceiro jogo, a 29 do mesmo mês, os Leões voltaram a perder com o Fluminense, desta feita por 3 - 2, tendo o clube tricolor ganho a Taça Vulcain. Neste jogo o Sporting ficou na história por ter sido protagonista do primeiro registo de imagens de futebol em movimento no Brasil, feito alcançado pela família Machado. No quarto e último encontro por terras brasileiras, a 2 de Agosto, o Sporting voltou a perder, novamente por 3 - 2, mas agora diante uma selecção carioca.

Os resultados, dolorosos e surpreendentes, levaram Salazar Carreira a escrever o seguinte numa crónica regular:

O estilo de futebol dos brasileiros não se adequava ao dos grandes mestres europeus quando visto sem grande atenção, mas que numa cuidada observação permitia perceber a extraordinária evolução técnica que o futebol brasileiro apresentava.

No regresso do Brasil, a equipa de futebol voltou a utilizar as camisolas habituais, mas a 5 de Outubro de 1928, num jogo frente ao Benfica disputado sob temporal, os jogadores mudaram de equipamento ao intervalo e regressaram para a segunda parte com as camisolas listadas do Râguebi. O Sporting ganhou o jogo por 3 - 1 e ganhou um novo equipamento principal, que se estendeu a todas as modalidades do Clube.

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