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O fantástico Calcanhar de Xandão
Xandão celebra o seu golo em Alvalade
Matias Fernandez marca o livre e ...
... Golo! 1-0!
Matias Fernandez celebra o primeiro em Manchester
Van Wolfswinkel marca o segundo em Manchester
No final do jogo uma festa de emoções ...
O agradecimento aos adeptos nas bancadas ...
O Espírito de Equipa, sempre presente!
Os Adeptos à espera dos Heróis no Aeroporto
À chegada da Equipa foi a loucura!
... e a festa! Equipa e Adeptos eram um só Sporting!
... apesar da hora ninguém arredou pé ...
... e a noite de Lisboa ficou pintada de verde e branco!

Na época de 2011/12 o Sporting depois de ganhar tranquilamente o Grupo D da Liga Europa, qualificou-se para os oitavos de final da competição, eliminando o Legia de Varsóvia, mercê de um empate a duas bolas na Polónia e de uma vitória por 1-0 em Alvalade.

O sorteio já tinha determinado que o vencedor desta eliminatória iria defrontar nos quartos de final, o clube que sobrevivesse ao embate entre o FC Porto, detentor do título em disputa e os milionários do Manchester City, que na altura lideravam a Premier League e que depois de ganharem por 2-1 no Dragão, despacharam os Campeões de Portugal com um claro 4-0, no City of Manchester Stadium, onde no final da época viriam a festejar o título de Campeões de Inglaterra.

O Sporting estava há muito afastado da discussão da Liga portuguesa, dividindo o 4º lugar do campeonato com o Marítimo, e em consequência desses maus resultados, tinha recentemente trocado de treinador, com o despedimento de Domingos Paciência que fora substituído por Ricardo Sá Pinto, que até aí treinava os Juniores do Clube.

O Manchester City, um Clube com poucas tradições na Europa, apesar de contar com uma vitória na Taça das Taças em 1970, vinha da 1ª fase da Liga dos Campeões, e em 2008 fora comprado pelo multimilionário Sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan, que investiu milhões atrás de milhões, no reforço de uma equipa que era comandada pelo italiano Roberto Mancini e onde no meio de uma verdadeira constelação de estrelas, se destacavam jogadores como Kun Agüero, Mario Balotelli, David Silva e Yaya Touré.

Assim praticamente ninguém acreditava noutro desfecho para esta eliminatória, que não fosse a passagem dos ingleses sem grandes dificuldades, e em Portugal até se dizia em jeito de brincadeira, que seria melhor para o Sporting perder por falta de comparência, do que sujeitar-se a uma humilhação.

Do lado inglês este confronto foi encarado com alguma sobranceria, principalmente depois dos 6-1 ao FC Porto, que era o líder do Campeonato português, e o avançado bósnio Edin Džeko, chegou mesmo a afirmar que não conhecia nenhum jogador do Sporting, apesar de poucos meses antes enquanto representava a Selecção do seu país, ter sido goleado por Portugal, com Rui Patrício e João Pereira no onze nacional. Para além disso, também o médio Samir Nasri fez declarações onde mostrava alguma arrogância e menosprezo em relação ao Sporting.

O primeiro jogo realizou-se em Lisboa, o Sporting vinha de uma derrota em Setúbal, a primeira sob o comando de Sá Pinto, mas mesmo assim compareceram em Alvalade mais de 34 mil espectadores, uma casa razoável atendendo às circunstâncias.

O jogo começou com uma oportunidade de golo para cada lado, que os guarda redes resolveram, mostrando o porquê de estarem ambos entre os melhores do mundo na difícil missão de defender a baliza, mas no resto a 1ª parte foi morna, com o City em traje de passeio, convencido que o talento dos seus jogadores faria a diferença, enquanto o Sporting revelava algum receio, mas com o passar do tempo, a equipa começou a desinibir-se, com Matías Fernández a gozar de grande liberdade nas zonas próximas do avançado holandês Van Wolfswinkel.

Assim o intervalo chegou com um zero a zero, que era sem dúvida o resultado que melhor se ajustava aos acontecimentos.

No recomeço não se verificaram alterações, até que no minuto 51, o Sporting beneficiou de um livre descaído para lado esquerdo da área adversária. Matías Fernández bateu de forma traiçoeira, obrigando Joe Hart a uma excelente defesa, mas a bola sobrou para Xandão, que à segunda, e de calcanhar, fez um golo de belo efeito, que correu o mundo pela sua espectacularidade e pela sensação do resultado que traduziu.

Esperava-se uma reacção do City, mas foi o Sporting que se entusiasmou, e o 2-0 poderia ter acontecido.

Entraram então em acção os treinadores, com Sá Pinto a preferir jogar pelo seguro, enquanto Mancini lançava o jovem avançado Balotelli, e finalmente o City tomou conta das operações, empurrando o Sporting para a sua área, pelo que o empate chegou a estar à vista, mas o jogo chegou ao fim com a vitória do Sporting por 1-0, a premiar a excelente exibição realizada.

O jogo da 2ª mão realizou-se em Manchester, no dia 15 de Março de 2012, e apesar da derrota sofrida em Lisboa, os jogadores do City não pareciam ter ficado muito impressionados com a equipa do Sporting, e continuaram a revelar algum excesso de confiança.

Sá Pinto optou e muito bem, por uma estratégia destemida, na procura de um golo que parecia fundamental para passar esta eliminatória, pois a defesa do Sporting não era o sector mais forte de uma equipa que dificilmente iria resistir 90 minutos sem sofrer um golo, daí que fosse muito importante marcar primeiro que o adversário e se possível na 1ª parte.

Esta estratégia surpreendeu completamente a equipa do Manchester City e tivemos um Sporting descarado e atrevido, já a respirar alguma confiança, conseguindo superiorizar-se ao seu adversário, atingindo o primeiro objectivo com inteiro mérito, quando eram decorridos 33 minutos de jogo, novamente através de um livre convertido por Matías Fernández, desta vez directamente para o fundo da baliza de Joe Hart. Os sportinguistas começaram a acreditar.

Sete minutos depois, Marat Izmailov entra pela direita e coloca a bola com precisão, fora do alcance de Joe Hart, para Van Wolfswinkel emendar à boca da baliza, aumentando para três os golos de vantagem do Sporting. Agora só se pedia que o intervalo chegasse. E chegou.

A eliminatória parecia resolvida, o relógio era agora o principal aliado do Sporting, e ao contrário do que se previa o City nem conseguiu entrar forte na 2ª parte. Eles também pareciam já não acreditar.

Mas aos 55 minutos, Mancini lançou o possante avançado bósnio Džeko, que baralhou a até aí muito segura defesa leonina, e 5 minutos depois Kun Agüero beneficiou da liberdade que nunca tinha tido até aí, e marcou o primeiro do City.

Reagiu de imediato Sá Pinto, fazendo entrar Renato Neto para o lugar do desgastado Matías Fernández e trocando Diego Capel por Jeffrén. Percebia-se a estratégia, numa altura em que era preciso dar músculo ao meio campo e sabendo-se que o chileno não tinha pilhas para um jogo inteiro, enquanto o ex Barcelona estava moralizado pelos golos que tinha marcado na última jornada do Campeonato, e poderia ser importante numa altura em que ia haver mais espaços nas costas da defesa do City.

No entanto não resultou, a equipa começou a recuar muito, passando a jogar praticamente com seis defesas e deixou de ter capacidade para guardar a bola, ao mesmo tempo que fisicamente se ia abaixo.

Faltavam 15 minutos para o fim quando Kun Agüero fez precisamente o mesmo que Matías Fernández tinha feito na 1ª parte, tentando sacar um penálti, sendo que o chileno até foi tocado, enquanto em relação ao argentino ficaram algumas dúvidas, mas quem não hesitou foi o árbitro, que no primeiro caso mostrou amarelo ao jogador do Sporting, e no segundo apontou para a marca do penálti, onde Balotelli não perdoou. Estava reaberta a eliminatória e os sportinguistas voltaram a temer o pior.

Entretanto Sá Pinto já tinha voltado a mexer na equipa, fazendo entrar Carrillo para o lugar do esgotado Van Wolfswinkel, uma alteração que também não resultou, pois o peruano a jogar no meio, esteve como peixe fora da água e a única coisa que fez foi colocar Agüero em jogo, no lance do terceiro golo, mesmo que fosse imperdoável que num canto, o argentino estivesse completamente sozinho no 2º poste.

Parecia que este não era o dia de Sá Pinto, pois já Renato Neto ficara ligado ao golo do empate, num lance em que entrou de uma forma pouco prudente, e agora ainda faltavam mais de 10 minutos para o fim e bastava um golo ao City, para passar para a frente da eliminatória.

Os sportinguistas habituados a sofrer, resistiram e sofreram até ao fim, pois a verdade é que Balotelli teve o apuramento na cabeça a 2 minutos dos 90, e quando o tempo de compensação já se tinha esgotado aconteceu o momento que marcará eternamente esta histórica eliminatória.

Na sequência de um canto do lado esquerdo do ataque inglês, com o guarda redes Joe Hart em plena área do Sporting, a bola chegou até à cabeça do nº1 da Selecção de Inglaterra, que qual ponta de lança, rematou com precisão, mas Rui Patrício, num gesto quase instintivo, levantou o seu braço direito e desviou o esférico com a ponta dos dedos, evitando o golo que seria um castigo injusto para toda a sua equipa, da qual foi mais uma vez o herói.

Soou então o apito final, que deixou os sportinguistas em euforia, com um resultado que espantou toda a Europa e que afinal apenas foi a confirmação de que o Sporting se dá muito bem com os ingleses, e um justo castigo para a arrogância de um grupo de jogadores milionários, que assim ficaram a conhecer o Sporting Clube de Portugal, que não tendo a fortuna de um Sheikh, tem a riqueza de uma história que o Manchester City nunca terá.

De regresso a Lisboa, a comitiva leonina era aguardada por alguns milhares de sportinguistas, que aguentaram até de madrugada para saudarem os seus heróis.

A 13 de Maio de 2012 este fantástico feito do Sporting ganhou ainda mais significado, pois nesse dia o Manchester City sagrou-se campeão de inglaterra, 44 anos depois de o ter feito pela última vez.

To-mane 19h40min de 3 de Abril de 2012 (WEST)