Skip to main content

Órfãos de um líder carismático como tinha sido João Rocha e descontentes com o rumo que o Clube tinha tomado, os sócios do Sporting Clube de Portugal mobilizaram-se de uma forma nunca antes vista, para disputa eleitoral de 1988, numa altura em que o Clube passava por grandes dificuldades financeiras, com o Futebol a atrasar-se cada vez mais em relação ao Benfica e ao FC Porto.

Pela primeira vez surgiram três candidaturas aos Órgãos Sociais do Clube, que animaram muito uma campanha eleitoral feita ao estilo do que acontecia na altura na politica e que até teve direito a um debate na televisão.

Jorge Gonçalves, o popular "bigodes", que poucos meses antes tinha trazido Frank Rijkaard para o Sporting, foi o primeiro a avançar, afirmando que o Leão estava adormecido e que precisava de ser tratado para reocupar o seu lugar de Rei da Selva. Esta era uma candidatura de rotura total com o passado, que se propunha a acabar com o Conselho Leonino e prometia reforçar fortemente a equipa de futebol do Sporting, com as chamadas "unhas" para o Leão, que eram os jogadores que Gonçalves dizia ter comprado a crédito, tendo apresentado antes das eleições Hans Eskilsson, Douglas, Silas e Carlos Manuel, ao mesmo tempo que garantia já ter assegurado o concurso do argentino Siviski e confirmava estar em negociações com vários jogadores provenientes do futebol português, ao mesmo tempo que defendia a tese de que Frank Rijkaard ainda era jogador do Sporting. Quanto ao treinador o candidato manteve o tabu até ao fim, mas toda agente sabia que o seu preferido era Manuel José, ao contrário dos seus rivais, que defendiam a continuidade de António Morais.

Perante tantas promessas a candidatura de António Simões, um gestor da firma Brás&Brás, comprometeu-se a avançar com 600 mil contos, com os quais garantia poder resolver os problemas financeiros pendentes e investir no futebol.

Finalmente apareceu o Coronel António Figueiredo, como representante da ala tradicionalista do Clube, que assentou a sua candidatura na credibilidade das pessoas que o apoiavam, mas fez uma campanha cinzenta, demasiadamente focada em pôr em causa os 600 mil contos de Simões e as "unhas" de Gonçalves, e acabou por ser acusado de usar abusivamente dados referentes aos sócios, com a complacência da Direcção cessante.

Os resultados destas eleições foram reveladores da ânsia de mudança dos sócios leoninos, que deram a vitória a Jorge Gonçalves com 63,4% dos votos, contra 21,6% de António Simões e apenas 14,9% para António Figueiredo, numa Assembleia-Geral eleitoral realizada no dia 24 de Junho de 1988, na qual votaram 17093 sócios, números nunca antes vistos numas eleições de clubes, realizadas em Portugal e que superavam o recorde de 1984, em quase 7 mil sócios.

As urnas fecharam já depois da meia-noite e a contagem dos votos prolongou-se até perto das 5 da madrugada, altura em que os resultados foram anunciados perante o entusiasmo dos sportinguistas, que receberam com esperança o novo Presidente, que foi calorosamente felicitado por António Simões, enquanto António Figueiredo primou pela ausência.

Resultados finais oficiais:

DIRECÇÃO:

  • LISTA A – António Simões - 21,6 % – 3111 sócios/15160 votos
  • LISTA B – Jorge Gonçalves - 63,4 % – 12442 sócios/44437 votos
  • LISTA C – António Figueiredo - 14,9 % – 1640 sócios/10472 votos
  • Brancos 23 Nulos 25

MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:

  • LISTA A – 21,4 % – 3058 sócios/14957 votos
  • LISTA B – 63,3 % – 12273 sócios/44055 votos
  • LISTA C – 15,2 % – 1706 sócios /10571 votos
  • Brancos 86 Nulos 28

CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:

  • LISTA A – 21,9 % – 3184 sócios/15277 votos
  • LISTA B – 62,7 % – 12244 sócios/43768 votos
  • LISTA C – 15,4 % – 1730 sócios/10760 votos
  • Brancos 83 Nulos 28

To-mane 12h13min de 7 de Outubro de 2011 (WEST)