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Em 1965 o Sporting atravessava uma das maiores crises da sua história, com uma Direcção demissionária e o Presidente e os dois Vice Presidentes da Mesa da Assembleia Geral exonerados, mas pior do que isso, parecia que ninguém queria assumir a responsabilidade pregar na embarcação, naquele delicado momento.

José Lúcio Silva foi o nome que saiu das reuniões do Conselho Geral presididas pelo 1º Secretário da Mesa da Assembleia Geral, António Alberto Ribeiro Ferreira, que interinamente tinha subido à Presidência daqueles Órgãos, depois das exonerações de Góis Mota, Cazal Ribeiro e Manuel Brito das Vinhas, no entanto o destacado ex dirigente leonino, "passou a bola", afirmando que só estaria disposto a regressar às lides directivas, integrando uma equipa liderada por Brás Medeiros, que considerava ser a pessoa indicada para assumir o comando naquela altura.

Assim no dia 3 de Junho de 1965 Ribeiro Ferreira enviou um telegrama a Brás Medeiros, comunicando-lhe que o Conselho Geral tinha aprovado por aclamação o seu nome e o de José Lúcio Silva, como componentes do futuro elenco directivo do Sporting.

Brás Medeiros que já anteriormente havia informado o Conselho Geral que só aceitaria regressar à Presidência do Sporting Clube de Portugal se não houvesse outra solução, e mesmo assim apenas mediante a imposição de condicionalismos drásticos, iniciou então vários contactos no sentido de formar uma Comissão Directiva que assegurasse a gestão do Clube naquele difícil momento.

Constituída a referida Comissão, Brás Medeiros escreveu uma carta ao Presidente da Assembleia Geral em exercício, onde anunciava o seu elenco e impunha as suas condições para assumir as responsabilidades para que fora indigitado, solicitando que um e outras fossem sujeitas a uma total aprovação da parte do Conselho Geral e da Assembleia Geral do Clube.

Entre as referidas condições destacava-se a necessidade de se assegurar uma contribuição voluntária da parte de um grupo de associados no montante de 300 mil escudos mensais, durante todo o período da sua gerência, que considerava que deveria ser de três anos, para assim libertar o Clube dos pesados encargos resultantes dos empréstimos existentes. Para isso pedia a revogação dos Estatutos vigentes, comprometendo-se a elaborar um projecto de renovação dos mesmos.

Para além disso Brás Medeiros exigia carta branca para alienar o edifício da Sede situado na Rua do Passadiço, de forma a liquidar o empréstimo que pendia sobre ele, prometendo construir nova Sede nos terrenos junto ao Estádio José Alvalade, depois ultrapassadas as questões jurídicas pendentes com a Câmara Municipal de Lisboa, e garantindo uma férrea disciplina orçamental, com prevalência dos pelouros administrativos sobre os desportivos, sem prejuízo da manutenção das modalidades amadoras, embora diferenciando os critérios da gestão destas, em relação às outras.

Finalmente apontava o nome de Cazal Ribeiro para a Presidência de uma Comissão Fiscalizadora, e exigia total liberdade por parte dos dois Presidentes, na escolha dos restantes membros dessa Comissão e da Comissão Directiva.

Em resposta à carta de Brás Medeiros que foi amplamente divulgada na comunicação social, Ribeiro Ferreira convocou imediatamente uma reunião do Conselho Geral para o dia 25 de Junho e uma Assembleia Geral extraordinária para o dia 2 Julho.

To-mane 14h10min de 9 de Outubro de 2011 (WEST)