Skip to main content
Gerência anterior:
A Gerência 1969-1970
Gerência seguinte:
A Gerência 1973

No dia 25 de Novembro 1970 foi eleita uma nova a Direcção, da qual fizeram parte os seguintes membros:

Cargo Nome Observações
Presidente Guilherme Braga Brás Medeiros
Vice Presidente para as Relações Externas António Alexandre Pereira da Silva
Vice Presidente para as Atividades Administrativas José Lúcio da Silva
Vice Presidente para a Gestão Financeira António Pinto de Sousa
Vice Presidente do Secretariado Geral Romeu Adrião da Silva Branco
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais Abraham Hierch Sorin
Vice Presidente para as Atividades Desportivas Amadoras João Gomes Nunes
Vice Presidente para as Relações com Entidades Desportivas Eduardo de Oliveira Martins
Vice Presidente para as Relações com os Associados e Expansão Leonina Carlos Queiroga Tavares
Vice Presidente da Direção do Jornal Sporting José Manuel Salema
Diretor Adjunto do Secretariado Geral José Paulo Henriques Costa de Medeiros
Diretor Adjunto para as Atividades Desportivas Profissionais Fernando Jorge Freire de Andrade Castelhano Lobo da Costa
Diretor Adjunto para as Atividades Desportivas Profissionais Joaquim Augusto Ferreira Canais Desde Março de 1972
Diretor Adjunto para as Atividades Desportivas Amadoras João José Xara Brasil
Diretor do Futebol Profissional Luís Filipe Cruz Ferreira
Diretor do Futebol Profissional António Ferreira da Silva Desde Janeiro de 1972
Diretor do Futebol Amador Henrique Maria Gonçalves Borges Leal
Diretor do Futebol Amador Orlando Carvalho Naia Desde Janeiro de 1972
Diretor Contabilista Eurico Ferreira Ramos Deus
Diretor Contabilista Adjunto Joaquim Pedro Frade Almeida Martins Grilo
Diretor Tesoureiro José Cortês Alves de Figueiredo
Diretor da Instalações Desportivas Vítor Manuel Melo Gonçalves
Diretor das Obras e Melhoramentos Manuel Lopes
Diretor do Ciclismo Manuel António Pedro Saiote Até Abril de 1972
Diretor do Ciclismo José Pavoeiro Desde Maio de 1972
Diretor dos Desportos Amadores António Avelar Costa
Diretor dos Desportos Amadores Rui Gonçalo Taborda Pignatelli
Diretor dos Desportos Amadores José Duro Baptista
Diretor dos Desportos Amadores Manuel Delfim Guerreiro
Diretor dos Desportos Amadores Manuel João da Luz Aranha
Diretor dos Desportos Amadores Orlando Carvalho Naia Até Janeiro de 1972
Diretor dos Desportos Amadores Rui Correia da Silva Lanceiro Desde Outubro de 1971
Diretor dos Desportos Amadores Vítor Manuel Jesus Salgado Desde Setembro de 1972
Diretor José Matias
A reeleição de Brás Medeiros
A nova Sala das Taças
Hector Yazalde recebido em Alvalade
A entrega simbólica dos terrenos do Campo Grande
A homenagem a Hilário
A Assembleia Geral de Julho de1972
A invasão em Alvalade
Brás Medeiros dá explicações

Depois da conquista do Campeonato Nacional da época 1969/70, o Futebol leonino parecia ter encontrado o rumo certo sob o comando de Fernando Vaz e quando a Direção de Brás Medeiros foi reeleita, o Sporting estava bem encaminhado para o bi, liderando a classificação com 4 pontos de vantagem sobre o Benfica.

A juntar á festa, em Fevereiro de 1971 chegou Yazalde, o avançado de classe mundial que o treinador pedira, mas que infelizmente só pôde ser inscrito para a época seguinte. Esta contratação foi para muitos um luxo excessivo, ainda por cima numa altura em que se pedia aos sócios um esforço adicional, no sentido de viabilizar a construção da Cidade Desportiva do Clube e também constou que inicialmente Yazalde não terá sido muito bem recebido no balneário, principalmente pelo sempre polémico Fernando Peres, que depois de ter saído em defesa do treinador Fernando Vaz, fez exigências consideradas excessivas para renovar o seu contrato, acabando desterrado para o Brasil, pois a Lei da Opção permitia que o Sporting o impedisse de jogar em Portugal.

Na época de 1970/71 o Sporting ainda conseguiu ganhar a Taça de Portugal derrotando o Benfica por 4-1 na Final, mas na temporada seguinte as coisas complicaram-se e a saída de Fernando Vaz não foi pacifica, mas tornou-se inevitável. A contratação do treinador inglês Ronnie Allen foi mais um erro e a prestação da equipa principal de Futebol voltou a ser dececionante, à medida que os casos de indisciplina e de arbitragem se sucediam, fazendo esgotar a paciência dos sócios, que protagonizaram uma invasão de campo, que originou a interdição do Estádio José Alvalade por 9 jogos.

Nas restantes modalidades o Sporting continuou a dominar no Atletismo e no Andebol, e agora também no Ciclismo, com Joaquim Agostinho a ganhar mais duas Voltas a Portugal em Bicicleta, competições que o Clube também venceu por equipas. Foi também neste período que o Sporting apostou forte na secção do Hóquei em Patins com a contratação do treinador Torcato Ferreira e de jogadores importantes como Júlio Rendeiro e Chana, isto para além do regresso de Francisco Salema.

As comparticipações dos sócios para a construção da Cidade Desportiva continuaram abaixo das expectativas, que apontavam para a necessidade de angariar 20 mil contos, mas em Fevereiro de 1971 o projeto do fecho do Estádio com a construção de uma nova bancada, estava pronto para ser entregue na Câmara, numa altura em que foram inaugurados o novo Restaurante do Estádio e a Sala das Taças.

Em Janeiro de 1972 o Benfica desocupou finalmente as instalações do Campo Grande e o Presidente da Câmara de Lisboa, Santos Castro, entregou simbolicamente as chaves daqueles terrenos ao Sporting, que por sua vez apresentou a planta das obras que estavam projetadas.

Em Junho de 1972 o projeto foi finalmente aprovado pela Câmara, prevendo-se numa fase inicial o fecho das bancadas e a construção nos seus baixios de dois Pavilhões, dois campos de treino para as modalidades e ginásios. Uma segunda fase previa a construção da Sede. Uma obra que acrescentaria 16 mil lugares sentados no Estádio e resolveria a questão das instalações para as modalidades que andavam com a casa às costas, mas que estava orçada em 25 mil contos que o Sporting não tinha.

Ainda em 1972 o Sporting arrancou com as suas escolas de jogadores, um projeto liderado Mário Lino e que tinha como monitores os principais futebolistas do Clube, o que atraiu mais de um milhar de jovens ao campo de treinos do Estádio José Alvalade.

Em Julho de 1972 realizou-se uma Assembleia Geral onde foi aprovado o Relatório Contas do ano anterior, eleito o novo Conselho Leonino e ratificado um amento de cotas na ordem dos 30%, o que mesmo assim era considerado curto por alguns associados. Nessa altura gerou-se alguma controvérsia à volta de uma proposta de louvor aos órgãos de comunicação social que na sua generalidade eram acusados pelos Sportinguistas de maltratarem o Clube em benefício do rival e foi também muito discutida a renovação dos contratos dos futebolistas Peres e Dinis que tinham brilhado na Minicopa do Brasil ao serviço da Seleção Nacional e que agora pediam verbas consideradas incomportáveis.

Em termos financeiros esta gerência em 1971 apresentou um Relatório Contas com um saldo negativo de perto de 4 mil contos, com as receitas a manterem-se acima dos 28 mil contos, apesar da redução de cerca de 950 contos na cotização, que se ficou pelos 8194 contos, mesmo que o número de sócios tenha subido para 35597, mais 2088 do que no ano anterior, o que foi compensado pelo crescimento das receitas do Futebol em quase mil contos, ao mesmo tempo que o aumento dos rendimentos das instalações desportivas compensava os decréscimos acusados nas receitas diversas e na rúbrica do Núcleo dos Mil

Só que as despesas continuaram a subir com um crescimento de mais de 4 mil contos, ficando um pouco acima dos 32000 contos, com o Futebol a ser responsável pela maior fatia desse aumento, aproximando-se dos 20400 contos, mais de 2600 contos em relação ao ano anterior, enquanto as modalidades amadoras deram um salto de cerca de 900 contos, sendo que só no Andebol e no Basquetebol houve aumento de mais de 300 contos, aos quais há a somar a subida de 253 contos no Atletismo.

Há ainda a referir que em 1971 as despesas gerais atingiram os 2267 contos. As despesas com as instalações desportivas andavam à volta dos 2120 contos. As secções recreativas deram um lucro de cerca de 24 contos, enquanto o Jornal Sporting teve um prejuízo de quase 211 contos e o Posto Médico custou perto de 608 contos ao Sporting.

Em 1972 registou-se uma quebra de mais de 2400 contos nas receitas, essencialmente com origem nos maus resultados da equipa de futebol e consequente diminuição dos proveitos da bilheteira, uma situação agravada com a interdição do Estádio José Alvalade. Em contrapartida as despesas mantiveram-se estáveis, apesar dos gastos com o Futebol terem diminuído mais de mil contos, o que no entanto foi comido pela subida dos custos com o Ciclismo e com as modalidades amadoras.

Sendo assim o resultado do exercício teve um saldo negativo de 6565 contos, numa altura em que o passivo do Clube já ultrapassava os 32 mil contos, quase mais 5 mil do que no ano anterior.

Neste ano as despesas gerais ultrapassaram os 4 mil contos. As despesas com as instalações desportivas andavam à volta dos 2370 contos. As secções recreativas deram um lucro de apenas 10 contos, enquanto o Jornal Sporting teve um prejuízo de quase 270 contos e o Posto Médico custou perto de 570 contos ao Sporting.

No final de 1972 o Sporting tinha 36568 sócios, mais 971 do que no ano anterior, o que se traduziu numa ligeira subida das receitas associativas, que ficaram perto dos 8325 contos.

Nesta altura Brás Medeiros mostrava-se cansado e disposto a retirar-se, quando já era alvo de algumas críticas, depois desta atribulada Gerência, mas o Conselho Leonino convenceu-o a continuar.

Assim, no dia 29 de Novembro 1972, Brás Medeiros e Pereira da Silva foram reeleitos de acordo com os estatutos, mas o desgaste da Direção já era grande e ficara bem evidente nos resultados das eleições de 1972, o que juntamente com algumas das criticas levantadas durante a Assembleia Geral eleitoral, terá levado o Presidente a insistir junto do Conselho Leonino para que fosse encontrada uma nova Direcção, dando origem à crise de 1973, pelo que em Janeiro desse ano foi nomeada uma Comissão Delegada, presidida por Valadão Chagas, que tinha como missão encontrar novos lideres para os Órgãos Sociais do Clube, a propor ao Conselho Leonino.

Na referida Assembleia Geral alguns sócios questionaram o Presidente sobre diversos casos, principalmente relacionados com os maus resultados da equipa de Futebol, que tinha acabado de perder em casa com a CUF, pondo em causa a contratação do treinador inglês Ronnie Allen e voltando a colocar em cima da mesa o nome de Juca, sem esquecer a questão da renovação falhada do contrato de Peres e indo até ao ponto de contestar a contratação milionária de Yazalde, numa altura em que eram pedidos sacrifícios aos sócios para se fazerem as obras projetadas no Estádio José Alvalade.

No que diz respeito a estas últimas, Brás Medeiros confirmou o orçamento apresentado para o ano de 1973 não contemplava a realização das mesmas, na medida em que as contribuições dos sócios não tinham correspondido áquilo que era esperado, pelo que embora a Direção continuasse empenhada na realização do projeto, considerava que ainda não estavam reunidas as condições necessárias para avançar com o mesmo.

Assim, perante a recusa de Brás Medeiros e Pereira da Silva em tomar posse, na prática esta gerência prolongou-se até ao dia 29 de Março de 1973, altura em que Valadão Chagas e Manuel Nazareth foram eleitos e incumbidos de formar uma nova Direção, que tomaria posse no dia 4 de Abril.

To-mane 12h04min de 14 de Janeiro de 2012 (WET)