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A Assembleia Geral Eleitoral de Março de 1960 decorreu sob o signo do entusiasmo, depois da Direcção liderada por [[Brás Medeiros]] ter conseguido endireitar as contas do Clube e ao mesmo tempo construir uma grande equipa de [[Futebol]], com base num plantel muito equilibrado, onde já se afirmavam alguns jovens que fariam história no Sporting, como [[Fernando Mendes]], [[Hilário]] e [[Mário Lino]], mas principalmente suportada na contratação de vários jogadores estrangeiros, com destaque para [[Seminário]], [[Fernando Puglia]] e [[Lúcio]], isto perante os protestos do Benfica, que se afirmava como o clube mais português de Portugal, numa altura em que as relações entre os dois grandes de Lisboa estavam cortadas.
 
A Assembleia Geral Eleitoral de Março de 1960 decorreu sob o signo do entusiasmo, depois da Direcção liderada por [[Brás Medeiros]] ter conseguido endireitar as contas do Clube e ao mesmo tempo construir uma grande equipa de [[Futebol]], com base num plantel muito equilibrado, onde já se afirmavam alguns jovens que fariam história no Sporting, como [[Fernando Mendes]], [[Hilário]] e [[Mário Lino]], mas principalmente suportada na contratação de vários jogadores estrangeiros, com destaque para [[Seminário]], [[Fernando Puglia]] e [[Lúcio]], isto perante os protestos do Benfica, que se afirmava como o clube mais português de Portugal, numa altura em que as relações entre os dois grandes de Lisboa estavam cortadas.
  

Revisão das 23h50min de 5 de abril de 2020

Gerência anterior:
A Gerência 1959
Gerência seguinte:
A Gerência 1961/62

No dia 22 de Março de 1960 a Direcção de Brás Medeiros foi reeleita com algumas alterações:

Cargo Nome Observações
Presidente Guilherme Braga Brás Medeiros
Vice Presidente para as Relações Externas António Alexandre Pereira da Silva
Vice Presidente para as Actividades Desportivas José Félix Alves Carvalhosa
Vice Presidente para as Actividades Administrativas Augusto Ventura Mateus
Director-Efectivo Fernando Jorge Freire de Andrade Castelhano Lobo da Costa
Director-Efectivo José Lúcio da Silva
Director-Efectivo Fernando Marques Pereira
Director-Efectivo Jorge Planas Almasqué
Director-Efectivo Eduardo Oliveira Martins
Director-Efectivo José Cortês Alves de Figueiredo
Director-Efectivo Jaime Gomes Duarte
Suplente Álvaro Francisco Torres de Andrade e Silva
Suplente Romeu Adrião da Silva Branco
A Assembleia Geral Eleitoral
A festa do título de Basquetebol
Ventura Mateus explica o seu plano de saneamento financeiro
O Sporting na América
Jorge Vieira recebe o emblema de 50 anos de sócio
Brás Medeiros no momento da despedida
A festa do título de Andebol

A Assembleia Geral Eleitoral de Março de 1960 decorreu sob o signo do entusiasmo, depois da Direcção liderada por Brás Medeiros ter conseguido endireitar as contas do Clube e ao mesmo tempo construir uma grande equipa de Futebol, com base num plantel muito equilibrado, onde já se afirmavam alguns jovens que fariam história no Sporting, como Fernando Mendes, Hilário e Mário Lino, mas principalmente suportada na contratação de vários jogadores estrangeiros, com destaque para Seminário, Fernando Puglia e Lúcio, isto perante os protestos do Benfica, que se afirmava como o clube mais português de Portugal, numa altura em que as relações entre os dois grandes de Lisboa estavam cortadas.

Este terá sido um momento decisivo na história do Futebol do Sporting, que ficou marcado por dois episódios determinantes para o futuro do Clube: a derrota no "derby" disputado no Estádio da Luz em Abril de 1960, o que significou o adeus ao título da época 1959/60 e permitiu ao Benfica participar na Taça dos Campeões Europeus da época seguinte com os resultados que se conhecem e, o caso Eusébio.[1] [2]

Depois da aposta em treinadores jovens como Fernando Vaz e Mário Imbelloni, seguiu-se a contratação do argentino Alfredo Gonzalez, que se revelaria num tiro completamente ao lado, isto quando tinham estado estado em cima da mesa nomes sonantes como Helénio Herrera, Flávio Costa ou Dorival Yustrich. Assim o Sporting continuou virado para o Brasil, onde foi buscar o avançado Géo e o guarda-redes Aníbal, ambos recomendados pelo treinador, que no entanto acabou por ser despedido em Março de 1961, depois de uma escandalosa derrota no Barreiro, sendo substituído por Otto Glória, isto quando se falava na contratação do húngaro Gyorgy Orth e estávamos já na fase final desta desta Gerência, que terminou em 20 de Abril de 1961.

O Sporting tinha perdido definitivamente a hegemonia do futebol português e nessa altura o Director do Futebol Jaime Duarte demitiu-se, seguindo o caminho de vários seccionistas e outros dirigentes das modalidades não profissionais, que se queixavam dos cortes determinados pela política de contenção financeira imposta pela Direcção. Mesmo assim neste período o Sporting foi Campeão Nacional de Basquetebol e conseguiu finalmente ganhar o Campeonato Nacional de Andebol de 11, isto para além de ter consolidado a sua posição de domínio absoluto no Atletismo, onde há a salientar o aparecimento de Manuel de Oliveira, a nova estrela desta modalidade, na qual o Sporting colocou três atletas nos Jogos Olímpicos de Roma, isto para além de outros dois do Tiro e um da Esgrima.

Mas o resto foi realmente pouco, embora o Voleibol Feminino e o Andebol nas duas variantes tenham sido Campeões Regionais, isto sem esquecer alguns títulos conquistados no Ténis de Mesa. O Ciclismo apesar de algumas melhorias continuou a ser uma decepção, isto numa altura em que no Clube se praticavam 22 modalidades para além do Futebol, a maior parte delas com actividade pouco relevante.

As derrotas no Futebol deram também origem a muitas críticas da parte da Direcção do Sporting em relação à arbitragem, repetidamente acusada de favorecer o Benfica e de perseguir o Sporting, com as chamadas "calabotadas", uma referência ao árbitro Inocêncio Calabote que fora irradiado por mentir num relatório de um polémico jogo disputado no Estádio da Luz onde marcou 3 penaltis a favor da equipa da casa. Para além disso o Sporting considerava-se também recorrentemente mal tratado por uma imprensa tendenciosamente avermelhada, de tal forma que em Outubro de 1960 a Direcção leonina resolveu retomar a publicação do Jornal do Sporting para ter um espaço onde pudesse defender o Clube, uma iniciativa que foi muito bem recebida pelos Sportinguistas, como se depreende dos 32 contos de lucro apresentados no final do ano. De resto as relações com o Benfica iam de mal a pior e o Presidente do Sporting Clube de Portugal chegou mesmo a ser repreendido por escrito pela DGD quando o jornal "O Globo" do Brasil, publicou uma carta que Brás Medeiros tinha enviado a um amigo brasileiro, onde atacava fortemente o clube rival.

Com o Futebol em queda, a situação financeira continuava a ser uma preocupação e assim depois de alguma discussão, no dia 5 de Julho de 1960 realizou-se uma Assembleia Geral onde os sócios do Sporting aprovaram por unanimidade a contracção de um empréstimo até ao montante máximo de 3 mil contos, sob hipoteca da Sede da Rua do Passadiço, visando a posterior venda daquele imóvel e a transferência dos serviços e actividades desportivas ali sediados, para o Estádio José Alvalade. Na altura o vice presidente para as Actividades Administrativas, Vicente Mateus, explicou a situação económica do Sporting afirmando que a dívida do Clube andava à volta dos 18 mil contos e prevendo um deficit de exploração de mais de 2 mil contos nos três meses de Verão, que seria coberto pela engenharia financeira atrás referida, que em conjunto com outras receitas previstas, permitiriam fechar o anel das bancadas do Estádio, construir um pavilhão, uma piscina e cortes de ténis.

No final do ano a Direcção apresentou novamente um Relatório Contas com saldo positivo, desta vez de 83508$, com um recorde em termos de receitas que atingiram um valor total de cerca de 9333 contos, contra despesas de 7730 contos, quase mais 1000 contos em relação ao ano anterior, que no entanto foram compensados pelo aumento das receitas em cerca de 670 contos. A estes valores há ainda a abater cerca de 1222 contos investidos na reestruturação do plantel do futebol profissional e 297 contos de amortizações.

Neste ano a actividade desportiva do Clube teve um saldo negativo de quase 2456 contos, cerca de 1300 dos quais eram referentes ao Futebol, que custou perto de 4535 contos, contra 3234 contos de receitas, entre as quais há a referir 1100 contos referentes aos jogos particulares. O Atletismo, o Basquetebol e o Ciclismo foram as modalidades com maiores custos, numa área onde o Sporting gastou mais de 1500 contos, o que significava um crescimento de quase 365 contos em relação aos custos com as modalidades amadoras no ano anterior.

Há ainda a referir que neste ano a rubrica das Despesas Gerais atingiu os 1250 contos e a cotização chegou aos 4511 contos, isto numa altura em que estava em curso uma campanha de angariação de sócios que visava chegar pelo menos aos 30 mil, enquanto o empréstimo interno que decorria, tinha um saldo de cerca de 400 contos.

Em termos de obras no estádio, foram feitos alguns melhoramentos nos balneários e por baixo de uma das bancadas montou-se uma pista coberta para o Atletismo, ao mesmo tempo que se começou a tratar dos projectos referentes ao tão ansiado fecho do anel do Estádio.

Neste ano também há a referir a digressão da equipa de Futebol aos Estados Unidos, onde o Sporting participou na International Soccer League.

Em Janeiro de 1961 o Conselho Geral aprovou a recondução dos Órgãos Sociais do Clube, no entanto depois da derrota da equipa de Futebol no Barreiro que a afastou definitivamente do título, a contestação subiu de tom e um grupo liderado por Octávio Barrosa pediu uma reunião com o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, onde estiveram presentes alguns membros da Direcção e os ex Presidentes Góis Mota e Cazal Ribeiro, entre outras figuras gradas do Clube e depois da qual Diogo Alves Furtado decidiu introduzir na ordem de trabalhos da próxima reunião do Conselho Geral, que já estava marcada para o dia 5 de Abril, a revisão da decisão tomada em Janeiro.

Nessa reunião pesaram essencialmente os efeitos dos maus resultados da equipa de Futebol, principalmente tendo em conta os elevados investimentos e aquilo que era considerado como uma excessiva desnacionalização do quadro de jogadores, mas também o empobrecimento geral das actividades desportivas, com a saída de vários atletas seccionistas e directores das modalidades amadoras, a paralisação das obras do Estádio e acessos, o excesso de agressividade nas relações externas e até a situação financeira, pelo que no fim foi decidido nomear uma nova Direcção liderada por Gaudêncio Costa e promover o regresso de Palma Carlos à Presidência da Mesa da Assembleia Geral.

No seu discurso de despedida e apresentação de contas em Assembleia Geral realizada no dia 14 de Abril de 1961, onde marcaram presença mais de 1000 sócios, Brás Medeiros afirmou sair sem mágoa, nem saudade, lamentando não ter conseguido concretizar todos os objectivos propostos, mas não deixou de referir como metas alcançadas, o equilíbrio orçamental, o rejuvenescimento da equipa de futebol e o crescimento da massa associativa.

Referências

  1. Diário de Lisboa de 23 de Janeiro de 1960 [1]
  2. Diário de Lisboa de 24 de Janeiro de 1960 [2]