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A Gerência 1951
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A Gerência 1953

No dia 30 de Janeiro de 1952 a Direcção de Ribeiro Ferreira foi reeleita, com apenas uma alteração:

Cargo Nome Observações
Presidente António José Ribeiro Ferreira
Vice Presidente Carlos Cecílio Góis Mota
Tesoureiro Luís Vasques Lopes
Tesoureiro Francisco Gonçalves Franco
Secretário Geral Orlando Valadão Chagas
Secretário Adjunto António José Cerqueira
Vogal Efectivo Guilherme Correia César
Vogal Efectivo César Pedrosa Vitorino
Vogal Efectivo Manuel da Silva Júnior
Vogal Suplente Afonso Salcedo Fernandes
Vogal Suplente Rui Anes Caro de Sousa
A reeleição de Ribeiro Ferreira
Ribeiro Ferreira, Palma Carlos e Carlos Farinha
Passos entrega uma salva de prata a Ribeiro Ferreira
Um lagarto

O Conselho Geral voltou a indigitar Ribeiro Ferreira como Presidente da Direção, ao que este apenas acedeu depois de muita insistência, mas exigindo que no final desta gerência fosse libertado das responsabilidades que tinha assumido nos últimos anos.

Mas esta última gerência de Ribeiro Ferreira ficou marcada por alguns percalços e fatalidades, logo a começar pela morte de dois ciclistas na estrada, passando pela onda de lesões que se abateu sobre a equipa de Futebol, com a situação especialmente grave de João Tormenta que fraturou a 7ª vértebra cervical, sem esquecer Travassos que foi operado ao menisco, isto para além do caso Jesus Correia, que pressionado para abandonar o Hóquei em Patins, optou por se dedicar em exclusivo a essa modalidade em detrimento do Futebol, e do caso CDUL que abanou com o Atletismo do Sporting que perdeu o Prof. Moniz Pereira e principalmente a doença do próprio Presidente Ribeiro Ferreira que o viria a vitimar no último dia do seu mandato.

No dia 2 de Abril realizou-se no Pavilhão dos Desportos a Festa das Secções onde o Presidente Ribeiro Ferreira foi alvo de uma merecida homenagem quando se preparava para completar o seu 7º e último mandato. Durante esse festival realizaram-se a habitual parada das secções, exibições das classes de Ginástica e da patinadora Maria Antónia de Vasconcelos, e jogos de exibição de Andebol de 7 entre Benfica e Sporting, Voleibol feminino entre Oeiras e Sporting e de Futebol de Salão, em que se defrontaram uma equipa de velhas glórias do Sporting e outra constituída por futebolistas da categoria de honra da época em curso.

Nessa altura Ribeiro Ferreira voltou a referir a importância das obras projetadas para o Estádio cuja a 2ª fase esperava que pudesse começar em breve com a construção de uma nova bancada central, estando também previsto o alargamento dos topos, o que só seria possível quando o Benfica fizesse o seu novo Estádio, pois as obras programadas previam a ocupação dos terrenos que albergavam o campo que naquela altura era utilizado pelo grande rival do Sporting, isto numa fase em que as relações entre os dois clubes eram excelentes.

No dia 3 de Maio iniciou-se a subscrição reembolsável dos títulos de empréstimo que ficaram conhecidos como "Lagartos", uma operação que visava financiar os obras do Estádio. Foram emitidos 300 mil títulos com o valor unitário de 10$00, no entanto no final do ano apenas 10% estavam vendidos, daí que as obras não tenham avançado, ao contrário do que acontecia na Sede que continuou a sofrer melhoramentos.

Em Novembro foi aprovado em Assembleia Geral extraordinária realizada para efeito um aumento de cotas, que passaram para 20$00 no caso dos sócios efetivos, 12$50 para sócios auxiliares, senhoras e menores, 2$50 para os atletas e 30$00 anuais para os correspondentes.

Em termos desportivos o Sporting continuava a atravessar um momento de grande fulgor, especialmente no Futebol onde a equipa principal conquistou o seu 7º Campeonato Nacional, embora tenha perdido a Final da Taça de Portugal e tenha voltado a falhar na Taça Latina. A época terminou com mais uma digressão ao Brasil, onde o Sporting deixou grande cartaz fazendo jus ao enorme prestígio internacional que detinha. Nessa altura o Presidente da República do Brasil, Getúlio Vargas, distinguiu o vice-presidente o Sporting Clube de Portugal, Góis Mota, com a Ordem do Cruzeiro Sul.

Nas restantes modalidades o Sporting sagrou-se Campeão Nacional de Ténis de Mesa e de Andebol de 7, neste caso pela 1ª vez. Para além disso os atletas do Sporting conquistaram inúmeros títulos nacionais e regionais em modalidades tão diversas como o Atletismo, o Ciclismo, o Ténis de Mesa, o Tiro, o Automobilismo e o Motociclismo.

De resto a secção de Motorismo foi uma das mais dinâmicas e destacadas do ano, organizando 5 ralis e com os pilotos leoninos a obterem excelentes resultados, inclusivamente em provas realizadas no estrangeiro. Para além disso o Sporting continuou a promover eventos desportivos, trazendo novamente a Portugal os Globetrotters e realizando três festivais de Ciclismo, dois dos quais com a participação de corredores estrangeiros, isto depois de concluídas as obras de correção da pavimentação betuminosa da pista do Estádio José Alvalade.

A Ginástica movimentou 343 alunos divididos por 10 classes, com o Sporting a ganhar o Concurso Nacional de Ginástica Educativa na classe de infantis mistos. No final do ano com o inicio da nova época, o número de praticantes subiu para 460. Na Natação o Sporting estabeleceu um acordo com o Clube Naval de Lisboa que permitia aos sócios leoninos a utilização do tanque no Cais da Ribeira ao Cais do Sodré, para aulas de aprendizagem e aperfeiçoamento que foram alargadas ao sector feminino e que permitiram que o Clube organizasse dois festivais.

Basquetebol e Voleibol, neste caso com a conquista do Campeonato Regional no sector feminino, também tiveram uma época positiva, tal como o Ténis, isto em oposição ao Andebol de 11 que desta vez só ganhou o Torneio de Abertura e ao Atletismo que teve uma época mais fraca do que o habitual, em virtude do caso CDUL, mas que mesmo assim contou com um representante nos Jogos Olímpicos de Helsínquia, enquanto o Râguebi continuava a ser uma modalidade sem grandes resultados.

No total neste ano foram utilizados cerca de 25600 equipamentos nos instalações desportivas do Clube que arrecadou 91 troféus em 11 modalidades diferentes e nesta altura já totalizava mais de 1600 títulos, entre regionais, nacionais, coletivos e individuais.

Durante as suas presidências António José Ribeiro Ferreira deu sempre muita atenção ao Boletim do Sporting, do qual foi o Diretor durante vários anos, e foi em Junho de 1952 que aquela publicação passou a ser o Jornal do Sporting. De resto nesta altura o Sporting já dispensava uma atenção muito particular aos serviços de propaganda liderados por Robalo Cardoso que tinha fundado o Grupo Turístico Os Leões, nascendo assim o hábito de se fazerem excursões para acompanhar a equipa de Futebol nas suas deslocações à província, uma movimentação que arrastava verdadeiras multidões por todo o País, por onde até à data já tinham sido distribuídos gratuitamente 45 mil vinhetas, 22 mil bandeiras, 12 mil fotos e 800 emblemas.

Em termos financeiros esta gerência apresentou um saldo positivo de quase mil contos, com o Futebol a custar perto de 2 milhões de escudos, mas a dar um lucro de cerca de 773 contos, grande parte dos quais resultantes da participação na Taça Rio, sendo a par do Motorismo a única secção com um saldo financeiramente positivo. No total a atividade desportiva do Clube deu um lucro de cerca de 350 contos.

Os gastos gerais já atingiam os 868 contos e as despesas com o campo atlético andavam à volta dos 341 contos, enquanto o Jornal do Sporting dava um prejuízo de 63 contos.

No final do ano de 1952 o Sporting Clube de Portugal tinha 13233 sócios, que proporcionavam uma receita anual de cerca de 1575 contos e tinha um património com um valor estimado em cerca de 7242 contos.

Esta Gerência terminou no dia 13 de Fevereiro de 1953, precisamente a data da morte do Presidente Ribeiro Ferreira.

To-mane 23h05min de 26 de Outubro de 2011 (WEST)