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A Gerência 1947
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A Gerência 1949

No dia 27 de Janeiro de 1948 a Direcção de Ribeiro Ferreira foi reeleita, de acordo com os novos Estatutos já com 9 membros efectivos e 3 suplentes, vindo a tomar posse no dia 12 de Março:

Cargo Nome Observações
Presidente António José Ribeiro Ferreira
Vice Presidente Carlos Cecílio Góis Mota
Tesoureiro João Melo de Carvalho
Tesoureiro Francisco Gonçalves Franco
Secretário Geral António Romana Garcia Branco
Secretário Adjunto Mário Ferreira da Cunha Rosa
Vogal Efectivo Alberto Graça Júnior
Vogal Efectivo César Pedrosa Vitorino
Vogal Efectivo Manuel da Silva Júnior
Vogal Suplente CarlosQueirogaTavares
Vogal Suplente Gaudêncio José Rodrigues da Cunha
Palma Carlos discursa no 42º aniversário
Ribeiro Ferreira e Góis Mota

Esta foi mais uma gerência repleta de êxitos, uma situação que já começava a incomodar muita gente, de tal forma que a Direcção do Sporting se sentiu obrigada a tomar uma posição de força, quando no início do mês de Abril se demitiu, por se considerar impotente para lutar contra a má vontade de alguns órgãos da tutela desportiva, nomeadamente a Comissão Administrativa da FPF, acusada de protelar propositadamente os recursos apresentados pelo Clube aos castigos aplicados a jogadores do Sporting, para evitar que eles produzissem os efeitos desejados, numa altura em que se aproximavam jogos muito importantes para o desfecho do Campeonato Nacional de Futebol.

Assim foi convocado o Conselho Geral e marcada uma Assembleia Geral extraordinária para o dia 21 de Abril, onde o primeiro reafirmou toda a sua confiança na Direcção, numa moção que foi aprovada por aclamação pelos sócios do Sporting Clube de Portugal, que "obrigaram" os seus dirigentes a retirarem o pedido de demissão que tinham apresentado, sendo igualmente aprovada uma proposta no sentido de serem enviados ao Ministro da Educação e ao Director Geral dos Desportos, telegramas a solicitar a intervenção daquelas entidades na resolução das questões que estavam a afectar o Clube.

Em termos desportivos o Futebol atingira definitivamente o seu ponto máximo, e o Sporting continuava a ganhar tudo, tendo desta vez vencido o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal, naquela que era a 2ª "dobradinha" da história do Clube, isto sem esquecer a conquista definitiva da Taça O Século, que tanta polémica e muita inveja causou e, as vitórias nos Campeonatos Regional e Nacional de Juniores.

Para além disso o Sporting também já se afirmava nos confrontos internacionais, tendo conseguido alguns resultados brilhantes perante clubes estrangeiros, nomeadamente as goleadas por 8-2 aos franceses do Lille e aos suecos do Norrköping e, as brilhantes vitórias em Espanha, por 6-3 sobre o Atlético de Madrid e em Lisboa por 4-1 frente ao Campeão da Suécia, o AIK, isto numa altura em que a equipa de Futebol do Sporting já era considerada como uma da mais fortes da Europa.

O Atletismo também continuava em alta, com o Sporting a somar títulos desta vez também no Corta Mato e a conquistar um até aí inédito tetra-Campeonato Nacional no sector masculino, isto depois de conseguir colocar três atletas seus nos Jogos Olímpicos de Londres, num ano em que arrancou o torneio O Primeiro Passo, uma iniciativa do Clube que viria a vingar e a dar muitos frutos no futuro.

Andebol, Basquetebol, Râguebi, Ténis de Mesa e Ténis, também obtiveram vitórias nas categorias inferiores, enquanto o Voleibol que passou a dispor de um campo de treinos, também melhorou as suas prestações. Em contrapartida o Ciclismo voltou a ter uma época para esquecer, falhando outra vez na Volta a Portugal.

A Ginástica encontrava-se em fase de relançamento, com o arranque das aulas a ter lugar apenas em Outubro, mas mesmo assim inscreveram-se 356 alunos nas 9 classes abertas, o mesmo se podendo dizer em relação ao Tiro, que beneficiou da nova Carreira inaugurada na Sede, onde também foi instalado um Parque Infantil dotado de um pequeno campo de jogos, ao mesmo tempo que já se projectava a cobertura do Campo de Basquetebol, o que permitiria a colocação de um novo piso, que facilitaria a prática de outras modalidades, como a Patinagem e o Hóquei em Patins que aguardavam por essas obras para arrancarem.

Num impasse estava também a programada reabertura da secção de Hóquei em Campo, o mesmo acontecendo com a acomodação da Natação na Doca de Belém, um lugar que foi considerado inadequado, numa altura em que a construção de uma piscina continuava a ser um sonho.

Meia parada estava a segunda fase das obras projectadas para o Campo Atlético, faltando ainda construir o parque de estacionamento e concluir alguns melhoramentos nos acessos e áreas circundantes, um impasse resultante de problemas relacionados com o atraso na expropriação de alguns terrenos, que integravam o plano de urbanização daquela zona de Lisboa.

Foi também nesta altura que se começou a projectar a passagem do Boletim do Sporting para jornal semanal, pois os constantes atrasos na sua publicação acabavam por lhe retirar interesse e actualidade, de tal forma que neste ano aquela publicação deu um prejuízo de quase 11 contos.

Esta Gerência que terminou em 29 de Janeiro de 1949, foi financeiramente muito lucrativa, fechando com um saldo positivo de 804 contos, números nunca antes vistos num Clube desportivo. O Futebol apresentou um lucro de cerca de 281 contos, apesar do Clube ter pago cerca de 620 contos em ordenados e prémios, que foram largamente compensados com o aumento das receitas, resultante do entusiasmo que uma equipa ganhadora gerava.

Mesmo assim a actividade desportiva do Sporting continuava a dar prejuízo, que neste ano se cifrou em cerca de 17 contos, pois para além do Futebol, apenas o Ténis dava lucro, sendo que em oposição estava o Ciclismo, a segunda modalidade mais cara do Clube e que apresentava um saldo negativo de 130 contos, muito mais do que todas as outras secções juntas, exceptuando o Atletismo, que também apresentou um prejuízo na ordem dos 92 contos, ocupando o 3º lugar na lista das modalidades mais dispendiosas.

Nesta altura o Campo Atlético custava anualmente ao Sporting perto de 272 contos, enquanto os gastos gerais do Clube já atingiam os 679 contos, sendo de assinalar que a exploração da nova Sede rendeu quase 158 contos, aos quais há a abater perto de 56 contos de despesas com a mesma.

A segunda maior receita a seguir ao Futebol, que gerou quase 1690 contos, foi a cotização, que rendeu um pouco mais de 1465 contos, isto numa altura em que foram fechadas as inscrições para novos sócios, em virtude do Clube ainda não ter condições para dar a tanta gente os mesmos privilégios, nomeadamente no acesso às suas instalações. Assim, no final de 1948 o Sporting Clube de Portugal tinha 12400 associados, menos 282 do que há um ano atrás.

O movimento das Filiais e Delegações continuou a crescer e neste ano juntaram-se à família sportinguista mais três Clubes, havendo outros na calha, mas acima de tudo há a salientar a presença dos remadores do Sporting Clube Caminhense nos Jogos Olímpicos de Londres e a subida à 1ª Divisão de Futebol do Sporting Clube da Covilhã, numa altura em que o Sporting tinha 66 filiais e 12 Delegações que cumpriam as premissas necessárias para manterem a ligação com a o Clube Sede.

To-mane 16h22min de 26 de Outubro de 2011 (WEST)