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Gerência anterior:
A Gerência 1964/65
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A Gerência 1969-1970

Na sequência da Crise de 1965 a Direcção do Sporting Clube de Portugal estava demissionária, quando o Conselho Leonino indicou para a Presidência do Clube o nome de Brás Medeiros, mas este impôs uma serie de condições para aceitar o cargo, entre as quais estava a constituição de uma Comissão Directiva por ele escolhida e com um mandato de três anos.

Assim no dia 2 de Junho de 1965 realizou-se uma Assembleia Geral histórica, onde foram aceites as condições de Brás Medeiros e foi eleita por aclamação uma Comissão Directiva constituída por 23 membros:

Cargo Nome Observações
Presidente Guilherme Braga Brás Medeiros
Vice Presidente para as Relações Externas António Alexandre Pereira da Silva
Vice Presidente para as Actividades Administrativas José Lúcio da Silva
Vice Presidente para a Gestão Administrativa António Pinto de Sousa
Vice Presidente para as Relações com os Associados e Expansão Leonina Jorge Planas Almasqué Até 04-10-1968
Vice Presidente para as Relações com Entidades Desportivas Eduardo de Oliveira Martins
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais Fernando Barros Vieira Ramos Até 20-04-1967
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Profissionais José Carvalhosa Desde 14-06-967
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras João Rebelo Marques de Almeida Até 09-06-1967
Vice Presidente para as Actividades Desportivas Amadoras Manuel das Neves Barreto Desde 25-06-1967
Secretário Geral Romeu Adrião da Silva Branco
Secretário Adjunto José Paulo Henriques Costa de Medeiros
Director do Futebol Profissional Abraham Hierch Sorin
Director Adjunto do Futebol Profissional Joaquim Augusto Carvalho Desde 03-08-1966
Director de Serviços do Futebol João Ramos Mendes Desde 03-08-1966
Director do Futebol Juvenil José Maria Martins Canhoto Até 18-11-1965
Director do Futebol Juvenil Armando Ferreira Desde 03-08-1966
Director Adjunto do Futebol Juvenil Henrique Maria Borges Leal Desde 03-08-1966
Director do Ciclismo José Carlos Marques Pinto de Oliveira
Director dos Desportos Amadores Luís Alves Vaz Até 26-08-1965
Director dos Desportos Amadores Artur Madeira da Silva Até 03-06-1966
Director dos Desportos Amadores António Avelar Costa
Director dos Desportos Amadores António Augusto de Freitas Fuschini Até 09-06-1967
Director dos Desportos Amadores Sebastião Tomás Sequeira
Director dos Desportos Amadores João Gomes Nunes Desde 08-10-1965
Director dos Desportos Amadores Perfecto Lourenço Campos Desde 03-08-1966
Director dos Desportos Amadores Rui Gonçalo da Silva Taborda Pignatelli Desde 28-09-1967
Director Tesoureiro José Cortês de Figueiredo
Director do Campo Atlético António Morais Rodrigues Pereira Até 26-10-1966
Director do Campo Atlético Vítor Manuel de Melo Gonçalves Desde 04-12-1966
Director para Obras e Melhoramentos Manuel Lopes
Director Administrativo José da Silva Ruivo
Director do Jornal Horácio Hermínio da Gama Tavares
A tomada de posse

A Comissão Diretiva de Brás Medeiros foi eleita com o objetivo primordial de ultrapassar a grave crise financeira que o Clube atravessava, e para isso tinha sido pedido um esforço suplementar aos sócios, que deveria atingir a quantia de 300 contos mensais, e fora criado o Núcleo dos Mil, que tinha como missão angariar essa verba, ao mesmo tempo que foi lançada uma campanha de angariação de novos sócios. Por outro lado foi decretada uma rigorosa política de contenção de custos, que determinava que à exceção do Futebol e do Ciclismo todas as outras modalidades passariam a viver em puro amadorismo. As outras grandes metas desta Comissão Diretiva eram a venda da Sede, o estabelecimento de um acordo com a Câmara Municipal de Lisboa em relação ao problema dos terrenos do Estádio José Alvalade e a elaboração de novos estatutos para sanar as polémicas resultantes da última versão, nomeadamente em relação à compra de lugares no Conselho Geral.

Brás Medeiros recebe os Campeões de 1966 no Aeroporto

Dentro de uma politica de rigor e contenção de despesas, a Comissão Diretiva começara por recorrer novamente a Anselmo Fernandez, para liderar uma equipa técnica, que tinha Juca como treinador de campo, mas pouco tempo depois o arquiteto da vitória na Taça das Taças demitiu-se e foi substituído por Otto Glória, que conseguiu levar o Sporting à conquista do Campeonato Nacional de Futebol, apesar de nessa época a contratação de Fernando Peres ao Belenenses, ter sido o único investimento de monta feito naquela equipa.

As comemorações do 60º aniversário

No entanto esse bom arranque desportivo não foi confirmado na temporada seguinte do Futebol, pelo que começou a haver alguma contestação da parte dos sócios, que não aceitaram a substituição de uma dupla técnica vencedora, pelo treinador espanhol Fernando Argila, que se viria a revelar num enorme fracasso.

A Assembleia Geral de 1966

Assim em Novembro de 1966 Brás Medeiros sentiu necessidade de convocar uma Assembleia-Geral extraordinária, para fazer o balanço dos primeiros 15 meses da sua Gerência e colocar o seu lugar à disposição dos sócios, cujo número tinha aumentado mais de 8500 ultrapassando os 33 mil, ou seja um crescimento à volta dos 34% tendo em conta os 24861 sócios existente à data do início desta gerência.

Nessa Assembleia Geral onde marcaram presença entre 3 a 4 mil sócios leoninos, a Comissão Directiva informou que depois da reestruturação efectuada nos serviços e em todas as secções do Clube, com particular incidência no Futebol, e de algumas obras realizadas, tinham conseguido reequilibrar as contas e pôr a escrita em dia, operando um abate nos encargos herdados, superior a 1500 contos, apesar das contribuições angariadas pelo Núcleo dos Mil terem atingido apenas um terço do que tinha sido pedido.

Brás Medeiros apresenta contas em 1967 com o troféu Ibérico ao fundo

Foi também feita uma demonstração comparando os números do exercício dos primeiros dez meses de 1966, com os do ano anterior, concluindo-se que se tinha passado de um saldo negativo de mais de 2600 contos, para um saldo positivo de cerca de 1555 contos, o que resultava essencialmente de um crescimento das receitas na ordem dos 4660 contos, embora as despesas também tivessem aumentado cerca de 1780 contos.

No entanto quando a Comissão Diretiva apresentou contas no final da sua gerência, o ano de 1966 revelava um balanço negativo de um pouco mais de 50 contos, e uma redução do passivo de perto de 1000 contos, isto apesar de uma subida das receitas de cerca de 3 mil contos, passando para 15281 contos, o que depois de abatidas as despesas (15058 contos) e as amortizações (274 contos) dava o saldo atrás referido.

A Comissão de elaboração da História e Vida do Sporting Clube de Portugal

Nesse ano a quotização aproximou-se dos 7 mil contos referentes a 36683 sócios, mais 7761 do que no final do ano anterior. As receitas desportivas ultrapassavam os 4600 contos, 4235 dos quais resultantes do Futebol, que custava quase 8300 contos, aos quais havia a somar 665 contos do Ciclismo e 1524 contos das restantes modalidades, pelo que a atividade desportiva do Clube era deficitária em cerca de 5870 contos.

Há ainda a referir que em 1966 as despesas gerais aproximaram-se dos 1740 contos, as despesas com o campo atlético andavam à volta dos 1360 contos, as secções recreativas deram um lucro de cerca de 48 contos, o Jornal Sporting teve um prejuízo de cerca de 3 contos e o Posto Médico custou 310 contos ao Sporting.

A Assembleia Geral de Julho de 1968

Em termos desportivos o balanço da época de 1965/66 saldava-se pela conquista dos Campeonatos Nacionais de Ténis de Mesa, Andebol de 11 e de 7, Atletismo no masculino e feminino e no Corta Mato e de Futebol, explicando-se aqui as saídas de Otto Glória e Juca, pelas exigências financeiras que ambos fizeram para renovarem os seus contratos, apesar destes preverem que o Sporting teria a opção de os prolongar por mais uma época, nas mesmas condições que tinham sido inicialmente estabelecidas, pelo que a Comissão Directiva considerou intoleráveis essas exigências e dispensou os serviços daqueles dois profissionais.

Foram também referidos os contactos efectuados com a Câmara de Lisboa, no sentido de se clarificar a situação dos terrenos encravados nas proximidades do Estádio José Alvalade, e os trabalhos em curso para a elaboração dos novos estatutos, que viriam a ser aprovados em 1968, onde entre outras importantes alterações, foram extintos o Conselho Geral e o Conselho dos Presidentes e foi criado o Conselho Leonino.

Assim no final dessa Assembleia Geral realizada no dia 29 de Novembro de 1966, foi aprovada por aclamação uma proposta onde se manifestava total confiança na Comissão Directiva, em ordem a permitir-lhe a realização do seu programa.

De resto esta Comissão Directiva manteve o seu rumo no ano seguinte em que o passivo voltou a diminuir 1500 contos, enquanto as receitas subiram perto de 1100 contos passando para 16346 contos, o que depois de abatidas as despesas (15732 contos) e as amortizações (547 contos) deu um saldo positivo de 66 contos. Isto numa altura em que a quotização se aproximava dos 7300 contos referentes a 37909 sócios, mais 1226 do que no final do ano anterior. As receitas desportivas ultrapassavam os 6000 contos, 5400 dos quais resultantes do Futebol, que custava quase 8900 contos aos quais havia a somar 785 contos do Ciclismo e 1666 contos das restantes modalidades, pelo que a atividade desportiva do Clube era deficitária em cerca de 5300 contos.

Há ainda a referir que em 1967 as despesas gerais atingiram os 1723 contos, as despesas com o campo atlético andavam à volta dos 1230 contos, as secções recreativas deram um lucro de cerca de 43 contos, o Jornal Sporting teve um prejuízo de 9 contos e o Posto Médico custou 351 contos ao Sporting.

As comparticipações obtidas pelo Núcleo dos Mil continuaram a ficar aquém do esperado, mas no final do ano de 1967 já ultrapassavam os 3200 contos e no ano seguinte atingiriam os 4 mil contos, verbas inteiramente destinadas ao abatimentos das dívidas deixadas pelas Gerências anteriores.

O ecletismo continuou a ser defendido e preservado, e os lutadores Leonel Duarte e Luís Grilo e o atleta Manuel de Oliveira, participam nos Jogos Olímpicos da Cidade do México. O Atletismo conquistou mais 3 Campeonatos Nacionais, enquanto o Andebol ganhava outro, e foi também neste período que Carlos Lopes e Joaquim Agostinho se tornaram atletas do Sporting.

Durante a gestão desta Comissão Directiva, realizaram-se ainda as comemorações do 60º aniversario do Sporting Clube de Portugal, o II Congresso Leonino e uma deslocação à Guiné, isto para além de se ter dado inicio aos trabalhos da obra "História e Vida do Sporting Clube de Portugal" e de ter sido lançada a ideia da quota do 13º mês.

O mandato da Comissão Directiva de Brás Medeiros era suposto ter terminado em 25 de Julho de 1968, altura em que se realizou uma Assembleia-Geral onde foi aprovado o Relatório e Contas desta Gerência marcada pela austeridade, e foi solicitada e aceite a prorrogação do mandato até ao final do ano, de forma a permitir a solução em conjunto com o Município, da questão das instalações do Clube.

Nessa altura foi adiada a aprovação dos novos Estatutos para o dia 8 de Agosto, data em que foram aprovados na generalidade depois de algumas questões levantadas pelo Dr. Nunes dos Santos, ficando a aprovação na especialidade agendada para o dia 13, e prolongando-se depois no dia 27.

Em Novembro de 1968 a Comissão Directiva de Brás Medeiros conseguiu finalmente o desejado acordo com a Câmara Municipal de Lisboa, que aceitou vender ao Sporting Clube de Portugal uma parte de um terreno e permutar o restante, numa área com o total de 10000m2, onde o Clube se comprometia a construir a sua Sede e o Lar do Jogador e vender mais 146000m2 de terrenos junto ao Estádio, destinados a ampliar as instalações desportivas do Clube, e ainda conceder um subsidio de 12 mil contos para a execução das referidas obras, que deveriam ser edificadas num prazo de 4 anos. Em contrapartida o Sporting Clube de Portugal comprometia-se a entregar à Câmara a sua Sede da Rua do Passadiço e a reservar-lhe permanentemente e exclusivamente, dois camarotes no Estádio José Alvalade.

Concluído e aprovado esse acordo, foi então considerado que estavam reunidas as condições necessárias para o Clube retomar a sua vida directiva normal, tendo sido nomeada uma Comissão para designar os candidatos a eleger para os corpos gerentes do biénio 1969-1970 e indicar os 25 membros daquele que viria a ser o primeiro Conselho Leonino.

Assim a Assembleia Geral eleitoral extraordinária que marcaria o fim deste mandato, que deixou o Sporting Clube de Portugal com mais de 42 mil sócios, foi realizada em 28 de Novembro 1968, pouco depois do despedimento de Fernando Caiado, mais um treinador que se revelara uma aposta falhada desta Comissão Directiva.

To-mane 20h42min de 5 de Novembro de 2011 (WET)