Diferenças entre edições de "1945/46"

Revisão das 14h16min de 11 de dezembro de 2020

Chega Cândido de Oliveira

Depois de ganhar a Taça de Portugal, Joaquim Ferreira não teve tempo para se confirmar como treinador, pois morreu assassinado de uma forma misteriosa, numa rixa da noite lisboeta. Era o presságio para uma época atribulada, que teve mudança no comando da equipa, polémicas por causa de dinheiro, goleadas estranhas e até a agressão a um adepto por parte de um jogador.

Para o lugar de treinador avançou o Dr. Abrantes Mendes, que se tinha notabilizado como avançado nas equipas dos anos 30. No entanto no treino não teve o mesmo sucesso que tinha tido na linha avançada do Sporting.

Não houve grandes mexidas na equipa, embora no início da época se tenha falado no regresso de Eliseu Cavalheiro e principalmente na contratação de Fernando Cabrita, um avançado que se notabilizara no Olhanense. Nenhum destes reforços se concretizou, havendo apenas a registar a entrada de Luís Cordeiro, um interior que foi descoberto no Vilafranquense e que se revelou um jogador muito útil, pelo menos até se lesionar.

De resto esta foi uma época marcada por muitas lesões. Carlos Canário e Armando Ferreira traziam mazelas da época anterior e levaram algum tempo a recuperar, enquanto Jesus Correia também teve de parar durante várias semanas.

A prestação da equipa no Campeonato de Lisboa foi muito irregular, ficando logo assinalada por duas derrotas em casa na 1ª volta, uma das quais por 5-0 com o Estoril, com os jogadores a serem acusados de falta de interesse pelo jogo, numa altura em que João Azevedo se recusara a jogar, exigindo um ordenado de 1000 escudos.

Na 7ª jornada o Sporting foi às Salésias perder com o Belenenses que na altura já liderava o campeonato, que acabou ali para os Leões. Mesmo assim o Sporting terminou no 2º lugar, pois ganhou os dois jogos com o Benfica, que também atravessava um mau momento.

O Campeonato Nacional alargado aos representantes do Alentejo e de Aveiro, começou e não se notavam melhorias. Depois de perder em casa com o Vitória de Setúbal, o Sporting à 5ª jornada tinha apenas 5 pontos e já estava a 4 do líder, o Belenenses, mas seguiram-se 6 vitórias consecutivas, entre as quais uma reviravolta histórica no "derby" com o Benfica, pelo que a equipa reentrou na corrida e terminou a 1ª volta já na frente, com os mesmos pontos do que o Benfica e mais um do que o Belenenses.

Tudo parecia compor-se, mas na 1ª jornada da 2ª volta o Sporting perdeu nas Salésias e a irregularidade voltou. Outra derrota em casa, desta vez com o Vitória de Guimarães, deixou os Leões praticamente arrumados, uma situação que se confirmou com uma goleada histórica sofrida perante o Benfica, no jogo da 18ª jornada.

É nessa altura, no início de Maio de 1946, que Ribeiro Ferreira que tinha assumido recentemente a presidência do Clube, decide convidar Cândido de Oliveira, um ex-jogador do Benfica e fundador do Casa Pia, para assumir a direção da secção de Futebol do Sporting Clube de Portugal, até à vinda de um treinador estrangeiro que o Clube planeava contratar. Mestre Cândido aceita, mas com a condição de não ser remunerado e de que Abrantes Mendes continuasse no desempenho das funções de treinador.

Com esta nova dupla os sinais de recuperação foram evidentes, mas já só faltavam três jornadas e o Sporting apenas pôde manter o 3º lugar, num Campeonato que foi ganho pelo Belenenses, um facto único na história do futebol português.

Peyroteo voltou a sagrar-se como o melhor marcador da competição, com 37 golos, estabelecendo um novo recorde na prova, e foi assediado pelo Bordéus de França, recusando-se no entanto a receber os franceses e jurando fidelidade eterna ao Sporting.

Com o Campeonato perdido, Cândido de Oliveira traçou como objectivo principal a conquista da Taça de Portugal, aproveitando os últimos jogos do Nacional para experimentar algumas alterações. O novo responsável pelo Futebol leonino considerava que o principal problema da equipa era a falta de qualidade dos seus interiores, que não davam o apoio que um jogador com as características ímpares de Peyroteo necessitava. Para além disso, o facto do Sporting ter nas Reservas outro bom avançado centro, como era o caso de Sidónio Silva, levou a que Mestre Cândido abdicasse do tradicional ataque disposto em W, optando por formar uma linha de 4 avançados, apoiados por um médio centro, mantendo o M na defesa. Os resultados desta alteração foram excelentes e nos 6 jogos que disputaram juntos, os dois avançados centro do Sporting marcaram 16 golos (8 cada um).

A Taça de Portugal voltou a disputar-se em eliminatórias de um só jogo, mas em campo neutro. O Sporting foi de certa forma favorecido pelo sorteio, eliminando sucessivamente Académica, V. Guimarães e Famalicão, para na Final derrotar por 4-2 o Atlético, que tinha afastado FC Porto e Benfica. Era a 3ª Taça de Portugal conquistada pelo Sporting, que se mostrou verdadeiramente demolidor nesta competição, marcando 26 golos nos 4 jogos disputados, que vinham dar razão às alterações introduzidas por Cândido de Oliveira.

Nos escalões inferiores, o Sporting ganhou o Campeonato de Lisboa na 2ª categoria.

Nesta época Portugal fez dois jogos internacionais, derrotando a França por 2-1 e a Irlanda por 3-1. João Azevedo, Álvaro Cardoso e Peyroteo somaram mais duas internacionalizações cada um, com o magnífico avançado centro do Sporting, a marcar um golo em cada um desses jogos.

To-mane 19:25, 14 Agosto 2008 (WEST)

Figuras

Secção do Futebol

Plantel

• Há 2 autogolos de Martins (Benfica) e Serafim (Belenenses)

Jogos

Campeonato Nacional

Classificação

Pontuação: 2 pontos por vitória, 1 por empate, 0 por derrota

Taça de Portugal

Campeonato de Lisboa

Classificação

Outros Jogos

Ver também

• 0-5 do Estoril
• Reviravolta histórica
• A primeira Final do Jamor

Outros links de interesse

• Portal Sporting Memória: Fotos de Equipas