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A disciplina que impunha à equipa, a par da incontestável competência do nosso mestre, esteve na base dos êxitos do Sporting, daquilo que fomos durante um período verdadeiramente apaixonante da vida do clube

Fernando Peyroteo

Paulo Bento acaba de se tornar o treinador com o segundo maior "mandato" na história do Sporting. O homem que mais tempo se manteve como treinador do nosso clube, cujo recorde parece imbatível, foi Joseph (ou Josef ou, simplesmente, José) Szabo. Poucas memórias restam da era longínqua em que dirigiu a nossa equipa. Aliás, a própria data da contratação de Szabo é incerta.

O Sporting foi buscar o húngaro ao Sporting de Braga, para onde ele fora após ter sido despedido do Porto. Em "A Paixão do Povo" afirma-se que Szabo só saiu do FC Porto após este clube ter conquistado o Campeonato de Portugal de 1937, cuja final se disputou em 4 de Julho daquele ano. O "Almanaque do Sporting", contudo, dá-o como treinador leonino a partir do início da época 1935/36. O site http://www.centenariosporting.com refere que Szabo se tornou no nosso treinador no início da época 1937/38. Por sua vez, "Vida e História de Três Gigantes" avança uma data concreta: a contratação de Szabo pelo Sporting teria sido noticiada em 27 de Fevereiro de 1937, numa altura em que a Direcção do Porto, enfim consciente do erro que cometera ao deixá-lo sair, queria convocar uma Assembleia Geral para que se aceitasse o regresso do húngaro ao clube. Esta última data parece ser a mais correcta e é a que consta da Wiki do Fórum, no artigo elaborado pelo to-mane, no qual eu tenho toda a confiança. Em caso de dúvidas, resta recorrer aos jornais da época para apurar qual a data verdadeira. Quem souber, que se "chegue à frente".

Szabo sairia do Sporting no final da época de 1943/44, mas voltaria como "treinador de campo" dez anos depois, em 1953/54. Venceu 45 títulos em 20 anos, ao serviço de vários clubes, mas sobretudo do "seu" Sporting. Um homem que nunca será esquecido, enquanto houver Sporting, e que foi, é e será sempre um modelo, para o nosso actual técnico e para todos os outros que o antecederam e que se lhe sucederão.

Szabo nasceu na cidade industrial de Gyor, no que então era o Império Austro-Húngaro, em 11 de Maio de 1896. Ainda em Gyor, tornou-se torneiro mecânico e, simultaneamente, jogador da equipa local. Como jogador, foi suficientemente bom para ser contratado pelo Ferencvaros (de Budapeste), um dos grandes do futebol húngaro. Transferido para Budapeste, o seu clube encontrou-lhe um novo emprego, como operário numa fábrica de munições.

Em 1924, outro clube húngaro, o Szombathely, pediu ao Ferencvaros que lhes emprestasse Szabo temporariamente, para reforçar a sua equipa durante uma digressão a Portugal. O "Fradi" aceitou, Szabo viajou com o Szombathely para Portugal e... nunca mais voltou.

Szabo impressionou os dirigentes do Nacional da Madeira, que o contrataram. Um ano depois, transferia-se para Marítimo. Em 1930, foi contratado pelo Porto, como jogador-treinador. Levou consigo Artur de Sousa, "Pinga", que se tornou um dos maiores ídolos da história dos azuis e brancos. Szabo sempre foi um grande olheiro. Como veremos adiante.

Ao serviço do FCP, sagrou-se vencedor do primeiro campeonato nacional, na altura chamado "Campeonato da I Liga" (segundo o modelo espanhol, a competição a eliminar foi baptizada Campeonato de Portugal e o campeonato propriamente dito Campeonato da Liga), em 1934/35, e foi premiado com um estágio no Arsenal, considerado na altura o melhor clube do mundo, a lendária equipa de Herbert Chapman, o inventor do "WM" e George Allison.

Voltou de Londres cheio de novas ideias, impressionado com os métodos de treino e preparação usados em Inglaterra por treinadores e jogadores profissionais. A necessidade de manter a disciplina, a aplicação de multas a quem chegasse atrasado aos treinos, etc., passariam a ser a imagem de marca de Szabo. Os jogadores do Porto não gostaram e, apesar dos êxitos obtidos, teve que abandonar o comando técnico do clube.

Após uma curta passagem pelo Braga, o qual, segundo reza a lenda, convenceu a adoptar equipamento igual ao do Arsenal, Szabo aceitou o convite do Presidente do Sporting, Oliveira Duarte, e tornou-se o nosso treinador. Oliveira Duarte era um adepto incondicional de Szabo, tendo despedido o seu antecessor, o também húngaro Wilhelm Possak, para o poder contratar.

A maior parte das "histórias" do Szabo que se conhecem são retiradas do livro de memórias de Peyroteo, jogador que foi contratado pelo treinador húngaro e pelo qual este nutria óbvia admiração. A primeira fotografia do Peyroteo como jogador do Sporting Clube de Portugal que se conhece mostra o jogador a ser massajado por Szabo (que também era massagista), antes duma vitória sobre o Benfica por 5-3, na qual os dois golos do incomparável ponta de lança foram decisivos.

Sabe-se, no entanto, que era uma época muito diferente da actual. Eram os últimos dias do falso amadorismo, que obrigava os jogadores a ter um emprego, normalmente fornecido por um benfeitor do clube pelo qual jogassem. Em paralelo, treinavam e recebiam como profissionais. Mas, porque tinham que trabalhar, treinavam antes de entrar ao serviço. Duas vezes por semana, treinava todo o plantel. Peyroteo treinava mais dois dias, tal era a importância de o ter sempre em forma.

No Sporting, o treino era às sete da manhã (ou às sete e quarenta e cinco, os testemunhos divergem). Eram os anos do "barco dos futebolistas", que era nem mais nem menos do que um dos primeiros (ou mesmo o primeiro) cacilheiro da carreira Barreiro-Lisboa a fazer-se ao Tejo, ainda "noite escura", e que levava sempre um grupo de jogadores barreirenses, nossos, do Belenenses, do Benfica, do Carcavelinhos, todos a caminho do treino madrugador nos respectivos clubes, todos amigos, em amena cavaqueira desde a margem Sul até Lisboa.

Para Peyroteo, que vivia em Sintra, o treino às sete significava acordar às cinco e um quarto da manhã todos os dias, para apanhar o comboio das seis e três para Lisboa. Chegava ao Rossio ao quarto para as sete e apanhava o eléctrico para o campo do Sporting. Como é óbvio e porque ninguém é de ferro, às vezes atrasava-se. E era multado, pois às sete (ou às sete e quarenta e cinco) já Szabo patrulhava o campo do Sporting, para ver quem estava e quem não estava. Quem chegasse atrasado, nem que fosse um minuto, era multado. Dez por cento do ordenado pelo atraso.

Nem Peyroteo era poupado. Culpou o despertador pelos atrasos e Szabo, sempre genial, converteu a multa no preço de um novo despertador: foram ambos à Baixa, jogador e pupilo, e este escolheu um despertador, que lhe custou cinquenta escudos e que supostamente era capaz de "acordar um morto" e que, segundo Szabo transmitiu aos jogadores no próximo treino, seria ouvido pelo Azevedo no Barreiro. Outro jogador levou tantas multas que nem tinha dinheiro para o eléctrico. Szabo passou a pagar-lhe os bilhetes, para que ele pudesse continuar a ir aos treinos.

Szabo trouxe consigo um saber enciclopédico e dedicou-se com entusiasmo a transmitir esse seu saber aos seus pupilos. Para além das orientações dadas nos treinos, organizava lições teóricas "com bonecos" que se tornariam famosas. Munido de vinte e dois figurinhas e de um tabuleiro, explicava aos jogadores como se deveriam dispor em campo e quais as estratégias a seguir. Estas aulas eram sagradas, mas muitas vezes os jogadores, normalmente o Manuel Marques (não confundir com o massagista), divertiam-se a arreliar o treinador escondendo-lhe os seus queridos bonecos. Szabo ficava furioso e ia reclamar aos dirigentes, enquanto que os seus pupilos se escangalhavam a rir.

O Sporting de Szabo era assim, um misto de disciplina férrea e descontracção geral, que o húngaro geria de modo exímio, sendo capaz de impedir que os jogadores "pusessem o pé em ramo verde" e de, ao mesmo tempo, manter a boa disposição.

As palestras de Szabo tornaram-se lendárias. A tal ponto que foi requisitado por outros clubes para dar aulas de futebol aos seus jogadores. Um desses clubes foi o Casa Pia AC. E não só os jogadores iam às "aulas". Também os alunos da Casa Pia acorriam a assistir às suas prelecções.

Um deles era o meu avô. Que me revelou algumas das filosofias futebolísticas de Szabo.

Por exemplo: rematar à baliza com o peito do pé "peito-do-pé-cordão-bota", diria o húngaro; começar ambas as partes do jogo a todo o gás e só "descansar" quando já se tivesse marcado, de preferência mais do que um golo; se possível – e se o árbitro não visse – dar uma discreta trancada num adversário, porque "jogar contra dez é melhor do que jogar contra onze!" (lembremo-nos que naquela época não havia substituições); finalmente, o segredo do sucesso do Sporting – o seu avançado-centro e ídolo pessoal de Szabo, Peyroteo – ir à linha, cruzar a bola... e o Fernando, pfff! – golo!

Aliás, uma das primeiras grandes contribuições de Szabo para a grandeza do Sporting foi a contratação de Peyroteo, que chegou a Lisboa em 26 de Junho de 1937. Oriundo do Sporting de Luanda, estava "apalavrado" que iria ingressar no Sporting Clube de Portugal, mas, inexplicavelmente, os dirigentes nunca mais se decidiam a assinar o contrato. O Porto procurou aproveitar a demora e desviar o jogador para a Invicta, porém Peyroteo recusou-se a faltar à palavra dada. Quando Szabo soube, exigiu à Direcção que não perdesse mais tempo e Peyroteo tornou-se finalmente jogador do Sporting. Segundo consta, era tal a sua vontade de ingressar no nosso clube que assinou o contrato sem o ler...

Outra importante inovação introduzida pelo húngaro foi a metodologia dos treinos. Com ênfase na preparação física. Nos primeiros dias, nada de bola. Em vez disso, corridas e marchas forçadas em redor do jardim do Campo Grande. Peyroteo nunca vira nada assim, mas Pireza, seu companheiro no ataque do Sporting, depressa engendrou um meio de escapar à vigilância de Szabo. Quando começava a sessão, corria com todo o entusiasmo e depressa se perdia de vista. Uma vez a salvo do olhar do treinador, arrepiava caminho, em "corta-mato", pelo jardim do Campo Grande e aproveitava para fumar um cigarro que trazia escondido no bolso do fato de treino.

Szabo aplicava-se a estudar a fundo as equipas adversárias e isso reflectia-se nas suas palestras. Muitas vezes entusiasmava-se e estas prolongavam-se pela tarde fora, para desgosto dos jogadores que tinham bilhetes para as matinés do cinema, nomeadamente Peyroteo. Mas quando este reclamava, Szabo respondia-lhe dizendo "senhor Fernando, o seu cinema é este". No Sporting de Szabo, nada era deixado ao acaso e exigia-se dedicação total.

O húngaro tornou-se famoso também pelo seu modo peculiar de falar. Não só tinha um sotaque carregado, dizendo "sinhor" ou "dez por cente" ou "cárega" (em vez de carrega), mas também usava palavrões, que lhe teriam sido ensinados, maliciosamente, pelos seus colegas e pupilos quando começou a aprender português. As citações mais ou menos cómicas de Szabo são muitas, mas não fazem justiça à inteligência do seu autor.

Na época 1937/38 teve lugar um dos maiores triunfos do Sporting de Szabo, a vitória na última edição do Campeonato de Portugal, com o Benfica a ser derrotado na final por 3-1. Segundo rezam as crónicas, o Sporting foi manifestamente superior e ganhava por 2-0 ao intervalo, com golos de Adolfo Mourão e Soeiro. O Benfica reduziria para 2-1, mas Soeiro reporia a vantagem de dois golos.

Szabo ditara a táctica dois dias antes do jogo: na sexta-feira, os jogadores deveriam zangar-se com as mulheres (por exemplo, reclamando que a sopa estava "uma sucata") e só se poderiam reconciliar depois da partida, o que nos permite deduzir qual a posição de Szabo sobre a sempre candente questão das repercussões do sexo sobre a performance atlética.

Szabo era, aliás, um vigilante incansável da vida privada dos jogadores, chegando ao ponto de ir a casa deles nas vésperas das partidas mais importantes, para ver se estavam todos a descansar. Aparentemente, a estima dos atletas pelo seu treinador era tanta que acabavam por ficar todos em casa, para não o desapontar. No Sporting de Szabo só os casados podiam fumar e nunca diante dos directores. E os solteiros tinham que tratar os casados por "senhor".

Após a época "em branco" de 1939/40 chegou a falar-se no despedimento do húngaro, que teve sempre opositores no seio do Sporting. O Presidente Oliveira Duarte, porém, manteve-se fiel ao treinador que tanto desejara ver no Campo Grande e foi amplamente recompensado: em 1940/41, o Sporting limpou tudo, o Campeonato de Lisboa, a Taça de Portugal (pela primeira vez) e o Campeonato Nacional (também pela primeira vez).

No Campeonato Nacional, o Porto foi goleado no Lumiar por 5-1 e Peyroteo marcou 29 golos (numa altura em que o Nacional tinha 14 jornadas), incluindo 5 nos 9-0 impostos ao Boavista e nos 7-1 com que a Académica foi castigada. Quanto aos dérbis contra o Benfica, a derrota em casa por 1-2 na primeira volta foi vingada com os 4-2 da segunda. No final da época, contabilizaram-se 11 triunfos, 1 empate e 2 derrotas e mais três pontos do que o Porto.

No campeonato de Lisboa, Sporting e Benfica terminaram com os mesmos pontos (26), numa época em que as vitórias valeram 3 pontos, os empates 2 e as derrotas 1. Só que o Sporting marcara 55 golos (em 10 jogos!) e sofrera 11, enquanto que os rivais marcaram 29 e sofreram 21, sendo assim empurrados para o 2.º lugar. Destacam-se as várias goleadas "astronómicas", 7-1 (fora) e 10-0 (em casa) ao União de Lisboa, 7-1 (em casa) ao Belenenses, 9-2 (fora) ao Unidos e 9-0 (em casa) ao Carcavelinhos. Contra o Benfica, uma vitória (em casa) e uma derrota (fora), ambas por 3-1.

Finalmente, na Taça de Portugal foram eliminados, sucessivamente, o Seixal (3-1 fora e 4-1 em casa), o Vitória de Guimarães (12-0 em casa e 4-2 fora), o Unidos (8-1 em casa e 3-1 fora), antes de se aplicarem 4-1 ao Belenenses na final, por sinal disputada no próprio campo dos azuis, as Salésias, na altura o melhor e o maior de Lisboa e, por isso, "palco" dos jogos mais importantes. 37 golos em 7 jogos. O Sporting de 1940/41 foi uma máquina goleadora imparável.

Era uma fase de transição, com jogadores que passariam para a época dos "violinos", como João Azevedo, Álvaro Cardoso, Manuel Marques ou Peyroteo e outros que vinham de trás, como Aníbal Paciência, Mourão, Pireza, Soeiro e João Cruz. Nessa época de 40/41 Szabo recebeu o total de 28.850$00. Menos do que recebera no ano anterior. Tinha aceitado uma redução no seu salário, por... amor leonino.

Oliveira Duarte abandonou a presidência do Sporting no final da época de 1941/42 e, dois anos mais tarde, Szabo foi empurrado para fora do clube, triunfando enfim os seus opositores. Saiu como campeão nacional (época 1943/44), desta feita cinco pontos à frente do Benfica e com 24 golos de Peyroteo nos 17 jogos disputados pelo mítico avançado. Mas Szabo não saiu sem antes ter feito outra descoberta de primeira água.

Residente no Espargal, entre Oeiras e Paço d’Arcos, tornou-se sócio do Paço d’Arcos Hockey Clube. Um dia apresentou-se no pavilhão dos homens da Linha do Estoril e pediu que o deixassem orientar o treino. O técnico do Paço d’Arcos sentiu-se honrado e acedeu ao convite. Durante três horas, Szabo dirigiu os hoquistas, que ficaram boquiabertos com os conhecimentos do treinador leonino e com a mestria com a qual dirigiu um treino de um desporto que, afinal, não era o seu. Um dos jogadores, que já prestara provas como futebolista no Belenenses, sendo recusado, chamou-lhe a atenção. Era, obviamente, Jesus Correia. Na opinião de Szabo, todos os outros jogadores deveriam ser como o "Necas".

Quando Szabo ficou a par das qualidades de futebolista de Jesus Correia, o destino deste ficou traçado: ingressou no Sporting. A princípio, destinado ao posto de avançado-centro. Porém, a sua velocidade levou Szabo a transformá-lo em ponta-direita, lugar onde brilhou durante muitos anos e bons.

Octávio Barrosa, centro-campista da época de ouro do Sporting, afirmou que tinha tido a felicidade de jogar com os dois grandes ataques do Sporting: Mourão – Soeiro – Peyroteo – Pireza – João Cruz e Jesus Correia – Vasques – Peyroteu – Travassos – Albano. Para ele fora Szabo quem lançara os alicerces da grande equipa que outro treinador genial, Cândido de Oliveira, levaria ao domínio do futebol português.

Voltaria em 1953/54, coadjuvado por Tavares da Silva, para ganhar a dobradinha.

A vida não poupou desgostos a Szabo. Naturalizado português em 1955, um dos seus filhos, José Szabo, português como ele, morreu na Guerra Colonial. Outro, ficou incapacitado depois de um acidente de viação.

O próprio Szabo viria a falecer em 17 de Março de 1973. E deixo aqui as palavras de Octávio Barrosa sobre o seu fim:

O Szabo foi sempre tão do Sporting que veio morrer a Alvalade, no Centro de Estágio, acompanhado pelo Dr. Arménio Ferreira, nosso jogador da equipa de reservas e médico também do poeta-presidente Agostinho Neto


Títulos conquistados pelo Sporting sob a orientação de Szabo:

  • De acordo com o Almanaque do Sporting:
    • 1935/36: Campeonato de Portugal, Campeonato de Lisboa
    • 1936/37: Campeonato de Lisboa
  • De acordo com todas as fontes consultadas:
    • 1937/38: Campeonato de Portugal, Campeonato de Lisboa
    • 1938/39: Campeonato de Lisboa
    • 1940/41: Campeonato Nacional, Taça de Portugal, Campeonato de Lisboa
    • 1941/42: Campeonato de Lisboa
    • 1942/43: Campeonato de Lisboa
    • 1943/44: Campeonato Nacional
    • 1953/54: Campeonato Nacional, Taça de Portugal

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