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Dados de Azevedo Azevedo.jpg Azevedo2.jpg
Nome João Mendonça Azevedo
Nascimento 10 de Julho de 1915
Naturalidade Barreiro - Portugal - 
Posição Guarda-redes
Escalão Época Clube Jogos Golos Titulos Internacionalizações
JUV JUN ESP BB AA Golos
Seniores 1933/34 Luso
Seniores 1934/35 Luso
Seniores 1935/36 Sporting 12 Campeonato de Portugal
Seniores 1936/37 Sporting 26 Campeonato de Lisboa
Seniores 1937/38 Sporting 28 Campeonato de Lisboa
Campeonato de Portugal
5 -4
Seniores 1938/39 Sporting 30 Campeonato de Lisboa 2 -5
Seniores 1939/40 Sporting 21 1 -3
Seniores 1940/41 Sporting 28 Campeonato de Lisboa
Campeonato Nacional
Taça de Portugal
2 -7
Seniores 1941/42 Sporting 21 Campeonato de Lisboa
Seniores 1942/43 Sporting 26 Campeonato de Lisboa
Seniores 1943/44 Sporting 21 Campeonato Nacional
Taça Império
Seniores 1944/45 Sporting 35 Campeonato de Lisboa
Taça de Portugal
3 -7
Seniores 1945/46 Sporting 35 Taça de Portugal 2 -2
Seniores 1946/47 Sporting 27 Campeonato Nacional
Campeonato de Lisboa
3 -5
Seniores 1947/48 Sporting 28 Campeonato Nacional
Taça de Portugal
1 -4
Seniores 1948/49 Sporting 23 Campeonato Nacional
Seniores 1949/50 Sporting 24
Seniores 1950/51 Sporting 25 Campeonato Nacional
Seniores 1951/52 Sporting 2 Campeonato Nacional
Seniores 1952/53 Sporting
Seniores 1953/54 Oriental
Total = 412 19 -37
Azevedo, o "Gato de Frankfurt"

João Azevedo nasceu no Barreiro e começou a jogar futebol nos principiantes do Barreirense donde transitou para o Luso, e foi nesta popular colectividade que se evidenciou, tentando então a sua sorte no Benfica, onde foi treinar à experiência. Agradou, mas não gostou da forma como o trataram e não voltou a aparecer.

Quem ficou a ganhar foi o Sporting que assim conseguiu assegurar o concurso daquele que para muitos foi o melhor guarda-redes português de todos os tempos. Azevedo não era alto, mas era enorme dentro e fora dos postes, destacando-se especialmente pela sua agilidade e enorme valentia e coragem.

Chegou ao Sporting na temporada de 1935/36 destinado a ser o terceiro guarda-redes, numa altura em que o Clube tinha acabado de contratar o prestigiado goleiro brasileiro Jaguaré, para concorrer com o internacional Artur Dyson, que era o titular das balizas leoninas, mas apesar de ter apenas 20 anos Azevedo não se intimidou com a forte concorrência.

Não foi utilizado no Campeonato Regional, mas estreou-se no dia 16 de Fevereiro de 1936, num jogo disputado no Porto frente ao Boavista, a contar para o Campeonato da Liga, e dois meses depois tonava-se no dono da camisola nº 1 do Sporting, iniciando um longo reinado que o elevaria à condição de lenda do Clube, onde jogou durante 17 épocas, totalizando perto de seiscentos jogos, 412 dos quais oficiais, e tornando-se no jogador com mais títulos conquistados ao serviço do Sporting: 2 Campeonatos de Portugal, 4 Taças de Portugal, 8 Campeonatos de Lisboa, 7 Campeonatos Nacionais e a Taça Império.

Um autêntico herói na baliza, Azevedo ganhou uma Taça ao pé-coxinho e um Campeonato de braço ao peito, e chegou a jogar depois de ter levado 12 pontos na cabeça, era assim, generoso e valente, mas também refilão, o que lhe custou alguns contratempos ao longo da sua carreira.

Azevedo em ombros

Mas voltando aos seus grandes feitos, a sua tarde de glória aconteceu a 17 de Novembro de 1946, numa Final do Campeonato de Lisboa contra o Benfica, quando fracturou a clavícula aos 43 minutos. Saiu, e Jesus Correia foi para a baliza até ao intervalo, cedendo depois o lugar a Veríssimo. Na segunda parte, Azevedo de braço ao peito, reentrou aos 22 minutos quando o resultado estava em 1-1. O Sporting ganhou por 3-1 e o guardião saiu em ombros.

Numa outra ocasião, contra o Belenenses na final da Taça de Portugal, fracturou um pé e foi sem conseguir pôr o calcanhar no chão que continuou na baliza. Só sofreu um golo e o Sporting ganhou a Taça.

Antes dos jogos ficava sempre muito nervoso, e escondia-se no seu canto a fumar um cigarrinho, contando na maior parte das vezes com a boa vontade dos treinadores, que fechavam os olhos a este seu estranho e pouco recomendável hábito, especialmente Cândido de Oliveira com quem tinha uma excelente relação, desde os tempos em que este o tinha lançado na Selecção Nacional.

Após o abandono de Álvaro Cardoso que fora o grande Capitão da célebre equipa dos Cinco Violinos, Azevedo herdou a braçadeira, e já tinha 36 anos quando finalmente perdeu o seu lugar na baliza para o jovem Carlos Gomes, outro grande guarda-redes da escola do Barreirense.

Jogou 19 vezes pela Selecção Nacional entre as quais, um inesquecível jogo em que Portugal empatou na Alemanha, onde depois de uma exibição memorável, ganhou o epíteto de “O Gato de Frankfurt”. Fez também parte das equipas que realizaram feitos históricos como a vitória conseguida em Dublin sobre a Irlanda, e a primeira vitória sobre a Espanha.

Mas foi também com a camisola das quinas que viveu um dos piores dias da sua carreira, no tristemente célebre jogo em que Portugal foi goleado pela Inglaterra por 10-0, no qual foi substituído aos 27m, quando o público já vaiava a equipa que perdia por 4-0. De resto também deu alguns frangos, sobretudo em remates de muito longe, e foi precisamente por causa disso que se criou o chavão: «os grandes frangos dão-nos os grandes guarda-redes».

Foi dispensado do Sporting nas vésperas da digressão ao Brasil de 1953, e ainda sugeriu ficar como treinador de guarda-redes, uma novidade para a altura, e que não foi aceite. Terminou então a sua carreira no Oriental.

Depois foi taxista no Barreiro e motorista de um colégio em Londres onde nunca disse quem era, regressando a Portugal em 1982. Viria a falecer a 3 de Janeiro de 1991.

To-mane 16h52min de 5 de Abril de 2009 (WEST)