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Dados de Zupo Equisoain Zupo Equisoain Andebol 2016.jpg
Nome Francisco Javier "Zupo" Equisoain Azanza
Nascimento 07 de Maio de 1962
Naturalidade Pamplona - Espanha - 
Posição Treinador de Andebol

Zupo Equisoain treinou pela primeira vez uma equipa da principal liga espanhola em 1989, mas no seu vasto curriculum


Para os amantes da modalidade, ouvi-lo falar do passado é emotivo e acresce respeito, pois falamos de um dos homens que mais de perto viveu os tempos áureos do andebol ibérico, com a Selecção Nacional portuguesa que orientou e apurou para o Europeu de Osijek (Croácia) em 2000 e com o Portland San Antonio, onde esteve uma década (1997-2007), conquistando uma Liga dos Campeões, uma Supertaça europeia, duas Recopas europeias, duas ligas espanholas, duas Taças do Rei e uma Supertaça espanhola. Por isso, quando a pergunta é “quais os jogadores que foram mais fáceis de treinar” e quando a resposta é “Richardson e Balic”, percebemos que não estamos perante um aventureiro e a água começa a crescer na boca como que magicamente, em relação à época que se aproxima. E isso é certo, Zupo é um dos técnicos mais experientes da actualidade. Posto isto, vamos ver o que pensa.

Começamos pelas diferenças entre 1999 e 2015 no andebol português. “Nessa altura tínhamos muito bons jogadores em Portugal. É tudo uma questão de ciclos. Penso que actualmente se trabalha bem ao nível dos Clubes e em termos de selecções tem havido algum azar quanto aos adversários das eliminatórias para as grandes competições. Mas algum dia isso mudará. Portugal tem um leque de 25 a 30 jogadores muito interessantes. Quanto ao Campeonato, com todo o respeito pelos restantes clubes, penso que continuará a ser disputado entre Sporting, FC Porto, Benfica e ABC”. Do actual plantel ‘leonino’ vem-lhe à memória Carlos Carneiro, “um júnior de grande qualidade quando cá estive”, assim como os jogadores internacionais. “Merecem-me todo o respeito. Um plantel que esteve perto de conquistar o Campeonato na época passada. Espero que, com trabalho, ambição e vontade possamos voltar a lutar pelo título”, adianta. Título que já foge ao Clube de Alvalade desde 2001. Mas Zupo faz das fraquezas forças e encontra na crise a oportunidade. Tal como os chineses. “O que mais me motiva no Sporting é a fome que tem de ganhar porque há muitos anos que não o consegue. Se os jogadores tiverem essa fome, traduziremos esse espírito em bons resultados. A dinâmica do FC Porto de ganhar vários Campeonatos seguidos é muito positiva, mas cuidado, de êxito também se morre e algum dia isso terminará. Esperemos conseguir agarrar essa oportunidade”. O técnico que assinou por duas épocas e que será coadjuvado por Hugo Canela confessa que será difícil fazer-se uma boa incursão nas competições europeias, por outro lado pretende vencer todos os títulos nacionais. “Será complicado. Com o novo formato da Liga dos Campeões e da Taça EHF, com divisão em grupos, haverá muito boas equipas em ambos. Vamos tentar passar as eliminatórias e ver até onde podemos ir, porque nunca se sabe, são competições de cariz distinto. Mas do que falei com o Jorge Sousa – director do andebol – ficou claro que os objectivos do Clube no imediato são internos: Campeonato e Taça de Portugal”, remata.

Um técnico sem referências

“Não tenho referências. Sou muito autodidacta. Leio, estudo, vejo muitos treinos, assisto a muitos simpósios e clínicas. Juan de Dios Román – anterior Presidente da Federação Espanhola e antigo treinador – foi das pessoas que mais me formatou na forma como vejo o andebol hoje em dia, mas vou aprendendo um pouco de todos os treinadores, vendo a sua maneira de trabalhar”. E a maneira de Zupo trabalhar é... treinar da mesma maneira que se joga. Esta frase representa a chave do seu método. “Digo a todos os meus jogadores: ‘como treinas, jogas. Se treinas a 50%, jogarás a 50%. Se treinas a 100%, jogarás a 100%’. Para mim a disciplina é fundamental. Primeiro há que lutar pelo símbolo, pela camisola. Segundo, há que respeitar o adversário e terceiro, respeitar os jogadores da nossa equipa. Temos de criar um bom ambiente de trabalho e, a partir daí, como diz Simeone, técnico do Atlético de Madrid, é trabalhar jogo a jogo. É o meu método e tem-me dado resultados, vendo os títulos que já conquistei. Considero-me um treinador experiente, com muitos anos de partidas, de trabalho e muitos campeonatos espanhóis disputados”, diz.

A última paragem

A selecção do Qatar foi a última experiência de Zupo antes de ingressar no Sporting. Participou no Mundial de 2014 organizado pelos árabes e chegou até à final, numa edição polémica quer pelas arbitragens favoráveis aos organizadores, quer pelo número de atletas naturalizados pelos cataris. Zupo não tem papas na língua. “A Federação do Qatar trabalha assim: tem jogadores em distintos países, escolhe meninos com 12/13 anos, leva-os a Doha, paga-lhes e forma-os enquanto jogadores cataris. Dão-lhes o passaporte desportivo catari enquanto jogam e quando deixam de jogar na selecção têm de o devolver e voltam a ser da nacionalidade que eram. Tínhamos um catari em 18 jogadores. Não estou de acordo, mas joguei com as regras que tinha ao meu dispor. A respeito dos árbitros, o poderio económico diz tudo, e não digo mais