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| − | No dia 5 de Junho de 1984 a Mesa da Assembleia-Geral anunciou em comunicado, que pela primeira vez fora apresentada uma candidatura para todos os corpos gerentes, diversa das listas que no exercício das funções estatutariamente consagradas, iriam ser submetidas a sufrágio pelo [[Conselho Leonino]]. | + | No dia 5 de Junho de 1984 a Mesa da Assembleia-Geral anunciou em comunicado, que pela primeira vez fora apresentada uma candidatura para todos os corpos gerentes diversa das listas que no exercício das funções estatutariamente consagradas, iriam ser submetidas a sufrágio pelo [[Conselho Leonino]]. |
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| | Marcelino de Brito foi o homem que deu a cara como opositor de [[João Rocha]], que não gostou muito e respondeu com rispidez, abrindo-se assim uma campanha eleitoral bastante quente e agitada. | | Marcelino de Brito foi o homem que deu a cara como opositor de [[João Rocha]], que não gostou muito e respondeu com rispidez, abrindo-se assim uma campanha eleitoral bastante quente e agitada. |
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| − | O candidato da oposição que se fazia acompanhar de [[Xara Brasil|Nuno Xara Brasil]] para Presidente da [[Assembleia Geral]] e Augusto Mateus para Presidente do [[Conselho Fiscal]], prometia construir um hotel que o Sporting passaria a explorar e acenava com a contratação do treinador inglês Arthur Cox, e de alguns nomes sonantes para reforçar a equipa de futebol, como eram os casos de Johnston do Liverpool, do belga Claesen, do uruguaio Da Silva e dos portugueses Serra e Dito do Sp. Braga. | + | O candidato da oposição fazia-se acompanhar por [[Xara Brasil|Nuno Xara Brasil]] para Presidente da [[Assembleia Geral]] e Augusto Mateus para Presidente do [[Conselho Fiscal]] e tinha o apoio de quatro ex Presidentes ([[Brás Medeiros]], [[Cazal Ribeiro]], [[Homem de Figueiredo]] e [[Viana Rebelo]]), para além de outros nomes sonantes como [[Manolo Vidal]] e [[José Manuel Torcato]] apontados para o comando do futebol. |
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| | + | Sob o lema "devolver o Sporting ao Sporting" esta candidatura defendia que o Clube não precisava de um "patrão" apontando o dedo aos 11 anos de gerência de [[João Rocha]] sem que se tivessem concretizado grande parte dos seus projetos imobiliários e que tinham deixado o Sporting mais fraco no [[Futebol]], ao ponto de já se festejar um 3º lugar no campeonato, e nas modalidades onde projetava o regresso do [[Basquetebol]] e a recuperação da hegemonia no [[Atletismo]]. |
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| | + | Marcelino de Brito prometia dar vida ao património do Sporting, o que passava por edificar um hotel que o Clube iria explorar, construir dois campos de treinos com bancadas e instalar dois vídeos gigantes no estádio, ao mesmo tempo que acenava com a contratação do treinador inglês Arthur Cox e de alguns nomes sonantes para reforçar a equipa de futebol, como eram os casos de Johnston do Liverpool, do belga Claesen, do uruguaio Da Silva e dos portugueses Serra e Dito do Sp. Braga. |
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| | Retorquiu [[João Rocha]], pondo em causa a credibilidade de Brito e acusando-o de megalomanias, ao mesmo tempo que afirmava que o Sporting não tinha possibilidades de contratar aqueles jogadores internacionais, dando como exemplo o caso do dinamarquês Elkjaer Larssen, que acabara de assinar pelo Verona de Itália e que também já fora falado pelo candidato da oposição. | | Retorquiu [[João Rocha]], pondo em causa a credibilidade de Brito e acusando-o de megalomanias, ao mesmo tempo que afirmava que o Sporting não tinha possibilidades de contratar aqueles jogadores internacionais, dando como exemplo o caso do dinamarquês Elkjaer Larssen, que acabara de assinar pelo Verona de Itália e que também já fora falado pelo candidato da oposição. |
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| − | Outro episódio marcante desta campanha eleitoral, foram os rumores que surgiram em alguma imprensa dando conta de que Marcelino de Brito teria 220 mil contos para meter no Sporting, o que perante o silêncio do visado, levou João Rocha a desafiá-lo a mostrar o dinheiro e a afirmar que se tal fosse verdade se retiraria da corrida, passando a apoiá-lo. | + | No dia 8 de Junho de 1984 realizou-se uma assembleia geral extraordinária que tinha como ponto único a discussão da situação atual do Clube e a sua perspetiva, que foi o primeiro confronto direto entre os dois candidatos, pelo que gerou uma adesão inusitada da parte dos sócios leoninos que encheram a [[Nave de Alvalade]], onde marcaram presença cerca de 5 mil Sportinguistas. |
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| | + | Nessa ocasião [[João Rocha]] justificou o atraso nos seus projetos com o facto do 25 de Abril de 1974 ter mudado a filosofia do País, pelo que o que tinha sido concebido por ele para resolver os problemas do Clube também se tinha alterado, afirmando mesmo que se a revolução tivesse acontecido um ano depois o Sporting já teria ao seu dispor um património de 30 milhões de contos. |
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| | + | Mesmo assim o Presidente leonino acenava com a obra feita, nomeadamente o fecho do [[Estádio José Alvalade]], com o aproveitamento dos baixios da nova bancada, onde decorria aquela reunião, numa nave que estava projetada para receber a pista de gelo, 2 arenas, 4 pavilhões, 30 ginásios e balneários com capacidade para 800 duches por hora, isto para além do que já estava concluído, como os três pavilhões, o centro de estágio, a sala de convívio, a pista de tartan, o bingo, a eletrificação, a vedação e o sistema de drenagem do estádio, os furos de água, a remoção de 300000m3 de terra, a sala de aquecimento e a computorização dos serviços administrativos, obras orçadas em cerca de 1 milhão de contos, pelo que o ativo do Sporting desde a chegada de [[João Rocha]] à Presidência até àquele momento, passara de 44 mil contos para 2600 mil contos, ao mesmo tempo que o Clube dera um salto de 25 mil, para 105 mil sócios e de 1100, para 15000 praticantes, muito à custa do espetacular crescimento da [[Ginástica]] e da [[Natação]]. |
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| | + | Em termos desportivos [[João Rocha]] reconhecia que no [[Futebol]] o Sporting não estava como ele gostaria, mas não deixava de referir que nos últimos 10 anos a equipa tinha conquistado mais troféus do que nos anteriores 10, não deixando de apontar o dedo aos costumeiros erros de arbitragem, ao mesmo tempo que exibia as 8 taças europeias conquistadas nas modalidades e os muitos títulos ganhos dos desportos de alta competição. |
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| | + | Outro episódio marcante desta campanha eleitoral, foram os rumores que surgiram em alguma imprensa dando conta de que Marcelino de Brito teria 220 mil contos para meter no Sporting e 35 mil para investir na sua campanha eleitoral, o que levou João Rocha a desafiá-lo a mostrar o dinheiro e a afirmar que se tal fosse verdade se retiraria da corrida, passando a apoiá-lo, pelo que o seu opositor afirmou nunca ter referido em lado nenhum tais números, que teriam origem numa publicação do jornal "Semanário". |
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| − | No entanto os grandes trunfos de Rocha eram os 11 anos de obra feita, mas mesmo assim ele não se coibiu de anunciar a contratação de [[Jaime Pacheco]], numa altura em que também se falava da vinda de [[António Sousa|Sousa]] e João Pinto, todos do FC Porto, e em cima da hora soube-se que o próximo treinador do Sporting seria o galês [[John Toshack]].
| + | Assim [[João Rocha]] avançou para a recandidatura afirmando que apesar de não estar agarrado ao poder não o iria entregar a qualquer um, pois tinha um capital de relacionamentos com as diversas entidades com as quais o Sporting tinha de negociar e relacionar-se, que não poderia ser desperdiçado, pelo que não iria deixar o pode cair nas mãos de aventureiros. Mesmo assim ele não se coibiu de anunciar a contratação de [[Jaime Pacheco]], numa altura em que também se falava da vinda de [[António Sousa|Sousa]] e João Pinto, todos do FC Porto, e em cima da hora soube-se que o próximo treinador do Sporting seria o galês [[John Toshack]]. |
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| | Assim a 29 de Junho de 1984, mais de 10 mil sócios do [[Sporting Clube de Portugal]] compareceram em Alvalade para uma Assembleia-Geral eleitoral, que ao contrário do que era costume se alargou pelo dia inteiro, com as urnas a encerrarem já perto da 1 da manhã, permitindo que se atingissem números nunca antes vistos numas eleições de clubes, realizadas em Portugal. | | Assim a 29 de Junho de 1984, mais de 10 mil sócios do [[Sporting Clube de Portugal]] compareceram em Alvalade para uma Assembleia-Geral eleitoral, que ao contrário do que era costume se alargou pelo dia inteiro, com as urnas a encerrarem já perto da 1 da manhã, permitindo que se atingissem números nunca antes vistos numas eleições de clubes, realizadas em Portugal. |
Edição atual desde as 23h54min de 4 de dezembro de 2025
No dia 5 de Junho de 1984 a Mesa da Assembleia-Geral anunciou em comunicado, que pela primeira vez fora apresentada uma candidatura para todos os corpos gerentes diversa das listas que no exercício das funções estatutariamente consagradas, iriam ser submetidas a sufrágio pelo Conselho Leonino.
Marcelino de Brito foi o homem que deu a cara como opositor de João Rocha, que não gostou muito e respondeu com rispidez, abrindo-se assim uma campanha eleitoral bastante quente e agitada.
O candidato da oposição fazia-se acompanhar por Nuno Xara Brasil para Presidente da Assembleia Geral e Augusto Mateus para Presidente do Conselho Fiscal e tinha o apoio de quatro ex Presidentes (Brás Medeiros, Cazal Ribeiro, Homem de Figueiredo e Viana Rebelo), para além de outros nomes sonantes como Manolo Vidal e José Manuel Torcato apontados para o comando do futebol.
Sob o lema "devolver o Sporting ao Sporting" esta candidatura defendia que o Clube não precisava de um "patrão" apontando o dedo aos 11 anos de gerência de João Rocha sem que se tivessem concretizado grande parte dos seus projetos imobiliários e que tinham deixado o Sporting mais fraco no Futebol, ao ponto de já se festejar um 3º lugar no campeonato, e nas modalidades onde projetava o regresso do Basquetebol e a recuperação da hegemonia no Atletismo.
Marcelino de Brito prometia dar vida ao património do Sporting, o que passava por edificar um hotel que o Clube iria explorar, construir dois campos de treinos com bancadas e instalar dois vídeos gigantes no estádio, ao mesmo tempo que acenava com a contratação do treinador inglês Arthur Cox e de alguns nomes sonantes para reforçar a equipa de futebol, como eram os casos de Johnston do Liverpool, do belga Claesen, do uruguaio Da Silva e dos portugueses Serra e Dito do Sp. Braga.
Retorquiu João Rocha, pondo em causa a credibilidade de Brito e acusando-o de megalomanias, ao mesmo tempo que afirmava que o Sporting não tinha possibilidades de contratar aqueles jogadores internacionais, dando como exemplo o caso do dinamarquês Elkjaer Larssen, que acabara de assinar pelo Verona de Itália e que também já fora falado pelo candidato da oposição.
No dia 8 de Junho de 1984 realizou-se uma assembleia geral extraordinária que tinha como ponto único a discussão da situação atual do Clube e a sua perspetiva, que foi o primeiro confronto direto entre os dois candidatos, pelo que gerou uma adesão inusitada da parte dos sócios leoninos que encheram a Nave de Alvalade, onde marcaram presença cerca de 5 mil Sportinguistas.
Nessa ocasião João Rocha justificou o atraso nos seus projetos com o facto do 25 de Abril de 1974 ter mudado a filosofia do País, pelo que o que tinha sido concebido por ele para resolver os problemas do Clube também se tinha alterado, afirmando mesmo que se a revolução tivesse acontecido um ano depois o Sporting já teria ao seu dispor um património de 30 milhões de contos.
Mesmo assim o Presidente leonino acenava com a obra feita, nomeadamente o fecho do Estádio José Alvalade, com o aproveitamento dos baixios da nova bancada, onde decorria aquela reunião, numa nave que estava projetada para receber a pista de gelo, 2 arenas, 4 pavilhões, 30 ginásios e balneários com capacidade para 800 duches por hora, isto para além do que já estava concluído, como os três pavilhões, o centro de estágio, a sala de convívio, a pista de tartan, o bingo, a eletrificação, a vedação e o sistema de drenagem do estádio, os furos de água, a remoção de 300000m3 de terra, a sala de aquecimento e a computorização dos serviços administrativos, obras orçadas em cerca de 1 milhão de contos, pelo que o ativo do Sporting desde a chegada de João Rocha à Presidência até àquele momento, passara de 44 mil contos para 2600 mil contos, ao mesmo tempo que o Clube dera um salto de 25 mil, para 105 mil sócios e de 1100, para 15000 praticantes, muito à custa do espetacular crescimento da Ginástica e da Natação.
Em termos desportivos João Rocha reconhecia que no Futebol o Sporting não estava como ele gostaria, mas não deixava de referir que nos últimos 10 anos a equipa tinha conquistado mais troféus do que nos anteriores 10, não deixando de apontar o dedo aos costumeiros erros de arbitragem, ao mesmo tempo que exibia as 8 taças europeias conquistadas nas modalidades e os muitos títulos ganhos dos desportos de alta competição.
Outro episódio marcante desta campanha eleitoral, foram os rumores que surgiram em alguma imprensa dando conta de que Marcelino de Brito teria 220 mil contos para meter no Sporting e 35 mil para investir na sua campanha eleitoral, o que levou João Rocha a desafiá-lo a mostrar o dinheiro e a afirmar que se tal fosse verdade se retiraria da corrida, passando a apoiá-lo, pelo que o seu opositor afirmou nunca ter referido em lado nenhum tais números, que teriam origem numa publicação do jornal "Semanário".
Assim João Rocha avançou para a recandidatura afirmando que apesar de não estar agarrado ao poder não o iria entregar a qualquer um, pois tinha um capital de relacionamentos com as diversas entidades com as quais o Sporting tinha de negociar e relacionar-se, que não poderia ser desperdiçado, pelo que não iria deixar o pode cair nas mãos de aventureiros. Mesmo assim ele não se coibiu de anunciar a contratação de Jaime Pacheco, numa altura em que também se falava da vinda de Sousa e João Pinto, todos do FC Porto, e em cima da hora soube-se que o próximo treinador do Sporting seria o galês John Toshack.
Assim a 29 de Junho de 1984, mais de 10 mil sócios do Sporting Clube de Portugal compareceram em Alvalade para uma Assembleia-Geral eleitoral, que ao contrário do que era costume se alargou pelo dia inteiro, com as urnas a encerrarem já perto da 1 da manhã, permitindo que se atingissem números nunca antes vistos numas eleições de clubes, realizadas em Portugal.
O apuramento dos resultados só aconteceu por volta da 6 da madrugada, altura em que foi anunciada a vitória esmagadora de João Rocha, que visivelmente feliz e muito cansado, afirmou que se tinha evitado o perigo de entregar o Clube a gente sem credibilidade.
Resultados finais oficiais:
DIRECÇÃO:
- LISTA A – João Rocha - 82,4 % – 8264 sócios/35825 votos
- LISTA B – Marcelino de Brito - 17,6 % – 1944 sócios/7647 votos
MESA DA ASSEMBLEIA GERAL:
- LISTA A – Emídio Pinheiro - 81,2 % – 8150 sócios/35342 votos
- LISTA B – Augusto Mateus - 18,8 % – 1983 sócios/7848 votos
CONSELHO FISCAL E DISCIPLINAR:
- LISTA A – Nunes dos Santos - 81,9 % – 8142 sócios/35346 votos
- LISTA B – Xara Brasil - 18,1 % – 1956 sócios/7839 votos
To-mane 19h45min de 2 de Novembro de 2011 (WET)